Quando Celso Cota e Cristiano Vilas Boas venceram a eleição para prefeito de Mariana, as máscaras eram itens obrigatórios para circular nas ruas, devido ao auge da pandemia. O ministro da Saúde era Pazuello e Lula ainda era inelegível. Parece distante e realmente é. Se passaram exatamente 1006 dias desde 15 de novembro de 2020, quando a chapa de Cota com Cristiano ganhou o pleito nas urnas, mas não tomou posse, até a noite de ontem (18), quando, em uma cerimônia solene, a Câmara Municipal de Mariana recebeu a diplomação da chapa vencedora.
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Nas urnas, Celso e Cristiano venceram as eleições com 42,61% dos votos; exatamente 14.764 pessoas acreditaram que a chapa formada pelos políticos do MDB e PT poderia assumir o cargo na chefia do executivo da primeira cidade de Minas. Contudo, tanto no Tribunal de Mariana quanto no Estado de Minas Gerais, a candidatura não foi deferida. Isso porque Cota teve os direitos políticos suspensos até o dia 18 de outubro de 2020. A discussão é que a eleição foi realizada pouco menos de um mês depois, dando a ele os direitos políticos plenos.
Por isso, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi no sentido de diplomar imediatamente a chapa vencedora. Na quinta-feira, a votação dos ministros; na sexta-feira, a festa em Mariana. Com a Câmara Municipal lotada, o hoje ex-presidente da casa, Fernando Sampaio (PSB), leu o termo de posse que confere aos dois políticos a honra de assumir a Prefeitura de Mariana.
“O CAMPEÃO VOLTOU”
Desde uma hora antes do início da cerimônia, a Câmara recebia centenas de apoiadores, políticos e membros da imprensa local, reunidos à espera da chegada da chapa vencedora. Cercado e sorridente, Cota cumprimentava a todos com abraços e beijos no rosto. Cristiano, por sua vez, optou por uma entrada mais discreta, por trás do local onde se aglomerava o maior número de pessoas.
Celso Cota tomou seu assento ao lado de sua mãe, assim como Cristiano. Sentado, ele viu os 15 vereadores tomarem assento à sua frente.
No discurso de posse, Celso Cota expressou gratidão aos seus apoiadores e aliados políticos, além de destacar a importância da articulação. Ele fez questão de mencionar nominalmente cada vereador, buscando o apoio do legislativo para sua gestão. Durante toda a sua fala, o termo união foi o mais repetido. Ele demonstra entender que os 501 dias de governo que ainda restam precisarão de um apoio real do legislativo.
“Em uma família, uma sociedade, tem pessoas que te puxam para frente, tem pessoas que duvidam, tem pessoas que te motivam, tem pessoas que às vezes te provocam a desistência, assim é uma sociedade. E hoje, como é bom estar nesta casa”
disse emocionado Celso.
Por sua vez, Cristiano Vilas Boas, visivelmente emocionado, prometeu a entrega de importantes obras, como a UPA e a nova Prefeitura. Como vice-prefeito, ele agradeceu aos apoiadores e já demonstrou ter conquistado apoios para sua atuação. Vilas Boas, fez mais de uma comparação da situação de Mariana com a do Brasil e a do presidente Lula.
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“Vale a pena sim acreditar na justiça, acreditar na democracia. E principalmente, respeitar o voto do povo na urna. Porquê só o povo que coloca a gente aqui”
bradou Cristiano.
COTA E CRISTIANO REÚNEM BLOCOS DE DEPUTADOS DISSONANTES
Durante a cerimônia de posse de Celso Cota como prefeito de Mariana, um interessante alinhamento de forças políticas ficou evidente entre os deputados presentes. Sentados lado a lado, eles simbolizaram um potencial conjunto para o mandato de Celso Cota.
O destaque ficou por conta da presença conjunta de Padre João, deputado federal, e Leleco, deputado estadual, ambos do PT e aliados de Cristiano Vilas Boas. Esses parlamentares se alinham ao movimento pró-Lula e têm demonstrado críticas ferrenhas à administração de Romeu Zema.
Por outro lado, a diversidade de visões também marcou a cena política. Abi Ackel, deputado federal, João Magalhães e Thiago Cota, ambos deputados estaduais, mostram não ser necessariamente opositores ferrenhos do presidente Lula, porém, têm se posicionado como aliados de Romeu Zema, indicando uma dinâmica complexa de alianças e interesses políticos.
Essa reunião de deputados com visões políticas divergentes, mas também com afinidades estratégicas, aponta para um cenário de negociações e alianças que poderão influenciar o mandato de Celso Cota à frente da Prefeitura de Mariana.
Além dos deputados, estiveram presentes também alguns vereadores, políticos e ex-políticos de cidades vizinhas. O ex-prefeito de Ouro Preto Zé Leandro, e a ex-prefeita de Mariana Terezinha Ramos sentaram-se lado a lado. Representando o legislativo da “cidade irmã”, estiveram Naércio Ferreira (Republicanos) e Vander Leitoa (Solidariedade).
SUBSTITUIÇÃO: SAI TIKIM, ENTRA LEITÃO (como Presidente)
Após mais de oito meses à frente da prefeitura como interino, Edson Leitão retoma sua posição como presidente da Câmara Municipal. Esse movimento também implica na saída de Tikim Matheus, seu suplente, do cargo e a perda do seu mandato.
Durante o seu discurso de posse, Edson Leitão expressou profundo agradecimento ao apoio recebido da câmara durante seu período como prefeito interino. Além disso, ele demonstrou humildade ao reconhecer possíveis erros e pedir desculpas à comunidade pelos eventuais contratempos ocorridos em sua gestão.
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Por sua vez, Tikim Matheus, que agora deixa o cargo, fez um pronunciamento impactante e emocional. Visivelmente emocionado, ele não conteve as lágrimas e afirmou que, mesmo sem mandato, continuará atuando como vereador, buscando representar os interesses e as necessidades da população.
Com a posse de Celso Cota como prefeito e as mudanças na liderança da Câmara Municipal, a cidade se prepara para um período de gestão definida. A tão famosa sina da instabilidade, por ora, deixa de acontecer. Contudo, assim como o tempo, a política é imprevisível.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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