Hoje, Mariana comemora 328 anos de sua fundação. Reconhecida como a primeira vila e capital de Minas Gerais, a cidade é um marco na história do estado. Muito do que entendemos como a mineiridade e o espírito de Minas Gerais se deve ao local onde Salvador Furtado de Mendonça fixou sua bandeira em 1696. O jornal Geraes entrevistou o professor Cristiano Casimiro, renomado conhecedor da história do município, para explorar curiosidades e entender a real importância da Primaz de Minas. Casimiro é editor e criador da revista “Mariana: história e cultura”.
Ao caminhar pelas ruas, é possível notar que a história se impõe. As igrejas, cada uma com sua importância e beleza, revelam o valor da fé na cidade que reúne 10% das cidades de Minas Gerais em sua arquidiocese. Mas, como um marco que é, Mariana revela outros aspectos que a transforma em uma cidade única, tanto ao olhar para o passado, quanto para o presente.
Por que o dia 16 de julho é o Dia de Minas?
Cristiano: Mariana foi a primeira cidade de Minas, a primeira vila, o primeiro arraial. Algumas pessoas pensam que uma cidade na divisa com São Paulo é mais antiga, mas não. Os bandeirantes que saíram de São Paulo percorreram a Mantiqueira toda, mas eles se fixaram aqui. Então, é o primeiro lugar de fixação. Temos um bairro aqui chamado Santo Antônio, onde uma expedição chefiada pelo bandeirante Salvador Fernandes Furtado de Mendonça se instalou. A instalação foi em 1696, no dia 16 de julho.
Eles chegaram à margem do Ribeirão do Carmo. Então, esse dia 16 de julho é extremamente importante para Minas Gerais. Nesse processo, Mariana se tornou a primeira vila, o primeiro arraial, a primeira cidade de Minas e a primeira capital. Na década de 70, houve um movimento chamado EDEM, que era o Encontro de Desenvolvimento de Mariana. Uma das vertentes desse encontro era divulgar o patrimônio histórico e essa história. Em 1979, o governador Francelino Pereira decretou, de próprio punho, o Dia de Minas, em 16 de julho. Posteriormente, o decreto foi para a Assembleia Legislativa e, com a presença de deputados e marianenses como o professor Roque Camello e Waldemar de Moura Santos, foi criado um arcabouço para que a história fosse homologada na Constituição de Minas Gerais. O dia 16 de julho foi oficialmente reconhecido, e foi criada uma medalha para mineiros ou pessoas que trabalham por Minas. As primeiras semanas de julho são dedicadas à valorização do Estado de Minas Gerais.
Por que Mariana se chama Mariana?
Cristiano: Antigamente, era comum a corte portuguesa usar calendários lunares, chamados lunares perpétuos, para nomear lugares. No dia 16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo, os bandeirantes chegaram aqui e viram o Ribeirão. Assim, o arraial foi chamado de Arraial de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo. Em 1711, o arraial foi elevado a vila com o nome de Vila Leal de Nossa Senhora do Carmo. O governo português queria criar uma cidade alta em Mariana e trazer a religião católica para a região. João V, que tinha uma esposa chamada Maria Ana da Áustria, quis homenageá-la. Assim, a cidade passou a ser chamada de Mariana. Foi a primeira vez nas Américas que uma cidade recebeu o nome de uma mulher viva. A cidade homenageia uma princesa austríaca que virou rainha de Portugal.
Qual a importância da Cidade de Mariana para Minas Gerais e para o Brasil?
Cristiano: Temos outras cidades em Minas extremamente importantes, até patrimônios mundiais, como Diamantina e Ouro Preto. Existe um ciclo de cidades extremamente importantes, mas Mariana, como sendo a primeira, foi decretada cidade em 1745. Mariana tem ruas com ângulos de 90 graus, o sistema vitruviano, que a gente estuda na escola, como o homem vitruviano. Se a cidade tivesse continuado esse processo, teríamos uma rodovia de contorno como em Belo Horizonte, que também foi planejada com dois eixos de grandes avenidas e um círculo fechando a cidade.
Já Ouro Preto, Diamantina e outras cidades foram construídas no sistema “semeador”. Uma pessoa constrói em um lugar, o filho constrói ao lado, criando aquelas ruelas que chamamos de becos. Essas cidades são sinuosas, enquanto Mariana é planejada. Mariana também se tornou a sede do arcebispado, um centro religioso. Hoje, a Arquidiocese de Mariana abrange cerca de 79 cidades, cerca de 10% de Minas Gerais. A cidade tem um grande valor educacional, com a primeira escola de Minas para homens, o Seminário da Boa Morte de 1750, e a primeira escola para mulheres, o Colégio Providência de 1849.
Além disso, Mariana tem figuras importantes como Dom Silvério Gomes Pimenta, o primeiro bispo e arcebispo negro do Brasil, uma figura de grande relevância. Em termos musicais, Mariana possui o maior número de corporações musicais e autores para corporações musicais, fortalecendo a característica musical da cidade.
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Quais são os lugares em Mariana que as pessoas não podem deixar de visitar?
Cristiano: Existem muitos lugares imperdíveis em Mariana. A Praça Minas Gerais é o cartão postal da cidade. Temos também o Museu de Arte Sacra, onde você pode ver uma peça do Aleijadinho. A Igreja da Sé possui um órgão de 1711, um instrumento histórico. Nossos distritos também são muito peculiares e importantes. São 10 distritos históricos, cada um com seus monumentos. Andar pela cidade com calma e observar cada espaço traz muitas surpresas.
Por conta do aniversário, hoje a cidade possui uma série de atrações especiais. A começar pela entrega da medalha do Dia de Minas, que acontece todos os anos desde 1979. Na parte da tarde, o esporte celebra os 328 anos de fundação de Mariana, como o amistoso entre o Cruzeiro Futsal e a Seleção de Mariana. A noite, é o momento da banda Raça Negra cantar parabéns para a Primaz de Minas, em um show gratuito, realizado no terminal turístico, a partir das 21h.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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