Durante a 26ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Ouro Preto, realizada na última terça-feira (15), o diretor do Museu da Inconfidência, Alex Calheiros, usou a Tribuna Livre para apresentar um balanço da atual gestão do museu, a convite do vereador Matheus Pacheco (PV). O diretor destacou as conquistas em recursos, estrutura e visibilidade, mas também revelou os desafios ainda enfrentados para garantir a sustentabilidade e a preservação de um dos mais importantes patrimônios históricos do país.
Alex Calheiros relatou que assumiu a direção do museu com uma equipe reduzida de apenas seis servidores e orçamento de R$ 1,47 milhão, um cenário que classificou como “muito aquém do que se espera de um museu do porte da Inconfidência”. Com esforços de articulação e busca por novos recursos, o quadro atual já é outro: são 16 servidores e um orçamento que saltou para R$ 4 milhões em 2024, com previsão de R$ 5,5 milhões para este ano.
Além da ampliação do quadro técnico, o museu registrou também aumento expressivo no número de visitantes: passou de 190 mil para 347 mil visitas anuais — número que superou, pela primeira vez, a visitação do Museu Imperial, em Petrópolis. Calheiros atribuiu esse crescimento à política de gratuidade. “Isso é uma convicção minha. O Museu da Inconfidência deve ser um museu gratuito, sobretudo porque muitos dos espaços visitáveis na cidade têm cobrança. Um museu cidadão precisa ser acessível.”
O museu encontra-se atualmente fechado para obras de infraestrutura, incluindo a reforma elétrica. Segundo o diretor, o projeto inicial previa apenas a troca de fiação, mas a equipe técnica identificou que a última reforma, realizada em 2005, não foi concluída corretamente, o que exigiu a reformulação completa da intervenção.
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Graças à articulação institucional, o museu obteve R$ 2 milhões do Ministério Público para restauração e manutenção, incluindo limpeza da cantaria, pintura externa e reforma elétrica. Além disso, o museu aprovou projetos no Iphan e na Lei Rouanet que, somados, ultrapassam R$ 20 milhões, o que permitirá atender a demandas históricas de infraestrutura.

O vereador Matheus Pacheco (PV) elogiou a atuação do diretor e destacou a importância do museu para o turismo e a economia local: “O museu está passando por intervenções que precisa passar e ter esse esclarecimento do que está acontecendo é muito importante, até mesmo para a gente poder responder para a população, que é uma pausa temporária para garantir vida longa ao museu.” Pacheco também ressaltou o valor do diálogo entre o museu e a Câmara, citando como exemplo a recente reunião entre vereadores e o Iphan.
Já o vereador Alex Brito agradeceu a presença do diretor e ressaltou a relevância do equipamento cultural para a identidade de Ouro Preto: “Agradeço ao diretor por estar aqui e pela apresentação. O museu é fundamental para a cidade, para a história e para a preservação da nossa cultura. Parabenizo a gestão pelos avanços mesmo diante das dificuldades enfrentadas.”
Apesar dos avanços, Calheiros foi enfático ao destacar que a estrutura do museu ainda é frágil e que a instituição vive os reflexos de anos de descaso com a cultura. “Foram 20 anos em que o museu sofreu. Todos os ataques à cultura, a diminuição de recursos, os problemas com aposentadorias, foram deixando o museu sem capacidade de planejamento e execução orçamentária.”
Entre os projetos em andamento, está a requalificação dos anexos da Casa do Pilar para abrigar a biblioteca e o arquivo, hoje localizados em uma casa de pau a pique, sem estrutura adequada. A permuta de imóveis com o Ibram também está em negociação para ampliação do espaço museológico na Praça Tiradentes.
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Bacharel em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e Portal Mais Minas.