Paulo Henrique Barcelos Lacerda, conhecido como Paraíba, e Jordana Gonçalves Dias, estão foragidos da Justiça há quase dois meses. Ambos foram sentenciados em um inquérito da Polícia Civil pelo homicídio de Leandro Augusto Mendes, de 36 anos, em Itabirito.
O crime aconteceu no dia 12 de novembro do ano passado. Leandro foi até um açougue, no bairro Bela Vista, em Itabirito, fazer compras com o pai e o irmão. Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram o momento em que a vítima e a família chegam no local. Paraíba cumprimentou a vítima com um tapa nas costas, entrou no açougue, pegou duas facas e as mostrou para Leandro, que estava do lado de fora.
“O meu menino chegou para ele e disse ‘Paraíba, você está assustado com a gente, é sinal que você deve. Nós não temos nada com você, estamos aqui comprando carne. Se você está tão apavorado assim é porque você deve, mas nós não temos nada com você não. Você que nos persegue”, disse Leônidas Florêncio Mendes, pai de Leandro, à TV Record.
As imagens mostram ainda que, em seguida, Paraíba guardou as facas no bolso e ficou esperando na garagem do comércio. As pessoas que trabalham no local parecem não ter percebido a presença de Paulo Henrique lá. O autor do crime andou de um lado para o outro falando no celular por mais de 20 minutos. De forma repentina, ele abriu a porta, saiu, pegou uma arma dentro de um carro, atravessou a rua e disparou contra Leandro. Foram cinco disparos. Ao tentar fugir do local, Paraíba atirou contra a própria mulher, que foi ferida na perna.
“O meu menino morreu nos meus braços. O meu menino falava ‘Paraíba, não carece isso não’. Na segunda vez que o meu menino foi falar, ele deu um tiro direto na cabeça dele. Depois deu mais um em cima do coração e depois deu outros quatro a cinco tiros, sem ter discussão, briga, sem ter nada”, contou Leônidas.
Possível motivação do crime
O crime ocorrido em Itabirito pode estar relacionado com uma abordagem ocorrida dois dias antes na MG-356. Leandro e o irmão foram parados por uma viatura da Polícia Militar Rodoviária. De acordo com um deles, Laércio Mendes, enquanto os policiais verificavam a documentação do veículo, um homem sem fardas, utilizando um capuz, teria exigido que os dois deitassem ao chão. Em seguida, o indivíduo misterioso agrediu os irmãos. Pouco tempo depois, o homem encapuzado foi reconhecido pelos abordados. Tratava-se de Paraíba, que não é policial.
“Ele estava de toca ninja, mas como ele já é conhecido, sabemos o formato do corpo e até o jeito dele falar. Aí eles reagiram a abordagem, não aceitaram. A polícia mesmo não bateu, quem bateu foi ele. A polícia estava do lado vendo, sabe que ele não é polícia e não fazia nada. Ele ficou bravo por ter sido reconhecido”, declarou Laércio Mendes, irmão de Leandro, à TV Record.
De acordo com a Polícia Militar, aquela se tratava de uma abordagem de rotina e Paulo Henrique apenas parou no local, sem interferir na ação policial. Ainda segundo a corporação, Paraíba acompanhou a ocorrência como testemunho do fato para resguardar a integridade do procedimento.
A PM também revelou que o irmão de Leandro, Laércio Mendes, que conduzia o carro, se recusou a fazer o teste de etilômetro. No mesmo momento o Paraíba passou pela rodovia e parou seu veículo, sem interferência no local da abordagem. A fim de resguardar a lisura do procedimento, foi solicitado que Paulo Henrique acompanhasse as medidas adotadas como testemunha dos fatos.
Considerando que o motorista se recusou a soprar o etilômetro, foi lavrado o auto de infração, tendo a CNH do condutor recolhida. “Em que pese não ter havido cooperação inicial do motorista, não foi constatada nenhuma irregularidade criminal, sendo os indivíduos liberados”, destacou a PM.
“Há três meses, eles abordaram o meu irmão na entrada da cidade, junto com a polícia rodoviária e o deu sete multas na caminhonete. Foi perseguição. Nós pagamos as sete multas e as temos guardadas até hoje. Ele não é polícia, mas anda nas madrugadas com a polícia fazendo abordagens e covardia com a população”, afirmou Laércio Mendes.
Após ser atendida em uma unidade médica em Itabirito, Jordana foi levada à delegacia, mas não ficou presa. Dias após o crime, o atirador se apresentou à polícia, também foi ouvido e liberado. A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o casal por homicídio qualificado. A prisão deles foi decretada pela Justiça e ambos são considerados foragidos.
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.
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