A Chapa Retomada, formada por alunos dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Artes Cênicas do Departamento de Artes Cênicas da UFOP – DEART/UFOP se manifestou através de Carta Aberta contra a demissão de funcionários terceirizados, feita após reajuste orçamentário. O documento aponta que as decisões da atual gestão foram unilaterais, sem diálogo com o corpo discente e prejudicam severamente a estrutura do curso, que já entendida como precária. A cara reivindica a recontratação das pessoas demitidas, sob risco de paralisação e maior agravamento das já precárias condições do curso.
Os discentes ainda planejaram para esta quarta-feira (9), uma série de atividades de mobilização inclui uma roda de conversa às 10h no prédio do DEART, divulgação da carta aberta no RU às 11h (a confirmar), e mobilização em frente à Reitoria às 14h, com entrega oficial da carta ao reitor às 14h30. A partir das 15h, o documento será entregue a outras instâncias da universidade e entidades representativas.
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Leia a Carta Aberta na Íntegra:
O corpo discente dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Artes Cênicas do Departamento de Artes Cênicas da UFOP – DEART/UFOP manifesta sua profunda indignação à atual gestão da UFOP, no que diz respeito ao descaso e negligência com o nosso departamento, que se agravaram intensamente com as recentes demissões de funcionários terceirizados que constroem o departamento conosco. Essa decisão sobre as demissões só pode ser entendida por nós, que estamos em contato direto com essas pessoas há tanto tempo trabalhando em condições já precárias, como uma atitude autoritária e prejudicial para a própria existência do curso, do nosso departamento e contrária à possibilidade de nos formarmos, em todos os sentidos que apreciamos a concepção de formação.
Fomos surpreendidos pelas notícias que vieram de forma inflexível, e de imediato o corpo discente de artes cênicas pôde sentir os impactos das ausências dessas pessoas que não só prestam um excelente serviço em difíceis circunstâncias, como são pessoas queridíssimas e parte fundamental enquanto presenças significantes em todo tipo de trabalho produzido por nós, de nossa convivência. A decisão de nos manifestarmos teve de ser tomada às pressas,
com vista às condições repentinas que ameaçam o funcionamento de nosso precioso espaço, a forma de lidar com as demissões é fruto de uma arbitrariedade que evidencia a falta de consciência sobre as condições das Artes Cênicas na Universidade Federal de Ouro Preto.
Mais uma vez, como em tantas outras, somos colocados na posição mais vulnerável, e caso não ajamos sobre essas movimentações só podemos vislumbrar o fim de nossas atividades frente às presentes condições de sucateamento que nos encontramos, condições que têm adoecido funcionários, docentes e discentes e que agora se intensificam, podendo ter graves consequências que já percebidas.
Há muito o DEART tem problemas estruturais e é deixado de lado no que diz respeito a melhorias tão demandadas por quem o integra, há muito que trabalhamos e estudamos com o mínimo que é preciso para fazê-lo. E agora já não temos nem mais essas mínimas condições, como havemos de estudar assim? Como produzir a arte a que nos dedicamos apesar das durezas que encontramos? Como vamos pesquisar caso precisemos enquanto discentes
encarar a inviabilidade de continuar formando esse departamento junto a pessoas que possibilitaram essa formação, por até mais de dez anos? A partida dessas pessoas implica em questões bastante objetivas que impedem o funcionamento do departamento e por falta de força essa instância e seus discentes se verão forçados a parar suas atividades, mais do que isso, as demissões desconsideram uma rede humana e uma relação de convivências que sustentam o pouco bem-estar que encontramos em nosso ambiente de estudo e vivência. Ausências como essas que unem objetividade e subjetividade a tal ponto, não podem ser desconsideradas por instâncias superiores em detrimento de nossa integridade, que nota-se, já é desvalorizada no cenário geral e dentro da universidade.
O corpo discente tem ciência das complexas questões orçamentárias a qual a UFOP e a educação como um todo estão sujeitas no País, e fazemos todo o esforço para nos adaptarmos s condições que nos são colocadas, tendo em vista essas dificuldades com as quais a universidade opera atualmente, por isso temos a esperança e acreditamos que a reitoria tomou a decisão que lhes parecia cabível sem pensar no DEART como um elo frágil ao ser negligenciado, e sim como uma atitude que lhes parecesse cabível na altura por uma falta de conhecimento da realidade na qual nos encontramos no curso, de modo que nosso apelo será capaz de gerar uma reversão de tais atitudes. Prezamos por uma boa relação com todas as instâncias da universidade e entendemos a complexidade das funções que competem a reitoria, no entanto não poderemos tolerar condições ainda mais adoecedoras e ainda mais descuidada com nosso ambiente e nossa conjuntura, na mesma medida que não podemos deixar de nos manifestar frente tamanho agravo.
Assim, sentimos a necessidade de não medir esforços para que voltemos a ter condições mínimas para nossa permanente atividade na UFOP, já que quaisquer decisões arbitrariamente tomadas, de forma dessensibilizada para com nosso bem-estar, são em termos práticos um golpe à nossa possibilidade de funcionar e à motivação enquanto agentes efetivos na universidade e fora dela. O que estamos reivindicando junto aos docentes do departamento, com a volta dessas condições mínimas, é o imediato retorno de nossos funcionários despedidos e a garantia de manutenção do emprego dos que ainda não o foram, já que essas pessoas são essenciais para o existir do DEART.
Nos solidarizamos com a proposta de nossos docentes, e apoiamos totalmente a primeira paralisação de nossas atividades pedagógicas e educacionais no dia 09 de julho, o departamento em sua totalidade a integrará. E, como estudantes, nos posicionamos de forma muito urgente e reivindicamos o imediato retorno dessas pessoas que foram desligadas. No caso do não atendimento dessas demandas, nos encontraremos impelidos a mais ações contra medidas desse tipo. Estamos convictos de que a reitoria tomará ações adequadas imediatamente para atender nossa reivindicação, frente às indignas condições em que o departamento se encontra e que essa mesma gestão da reitoria estará disposta a colaborar cada vez mais conosco, que somos pertencentes a essa universidade.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
