A casa mais vigiada do Brasil traz diversas discussões importantes ao grande público. Recentemente, internautas começaram a apontar traços tóxicos de um relacionamento abusivo entre os participantes do BBB 23, Gabriel e a atriz Bruna Griphao (Nos Tempos do Imperador). O Jornal Galilé decidiu conversar sobre o assunto com o psicólogo clínico Cleusmar Fernandes.
Até o apresentador Tadeu Schmidt falou sobre o assunto com os brothers no domingo (22). Um dos momentos mencionados como problemático já havia sido criticado por vários espectadores. Gabriel e Bruna estão conversando com MC Guimê e ela diz que se sente o homem da relação. Gabriel responde: “sim sim, mas já já você vai tomar uma cotovelada na boca”.
“Gabriel, em uma relação afetiva, certas coisas não podem ser ditas nem de brincadeira. Nem de brincadeira. Esse era o recado que eu queria deixar para vocês”, avisou o apresentador do BBB 23.
Gabriel e Bruna têm um relacionamento tóxico?
Para o psicólogo Cleusmar Fernandes, a resposta é sim. “Literalmente um relacionamento abusivo. A gente tem mania de achar que tudo é uma brincadeira e que tudo pode ser levado como uma brincadeira, mas não é”, afirmou o psicólogo.
Cleusmar aponta que até a forma como Gabriel se aproximou de Bruna antes deles se beijarem, ainda que sem muita força, já mostrava que o par seria problemático. Ele destaca que atitudes normalizadas, como segurar e puxar pelo braço e roubar um selinho, são o início de uma violência.
Por que a Bruna não percebeu?
Após o aviso de Tadeu, Bruna falou em várias conversas que estava chocada por não ter percebido que as atitudes do ficante eram problemáticas.
“Tem uma frase do Shakespeare que é muito boa: ‘todo mundo é capaz de cuidar da dor de alguém, desde que você não esteja envolvido nessa dor’. Ou seja, quem está dentro do relacionamento não percebe, na maioria das vezes não percebe”, afirmou Cleusmar Fernandes.
E quais seriam os motivos? Segundo o psicólogo, uma possibilidade é o ambiente familiar, já que crescer em um ambiente conflituoso pode fazer a pessoa normalizar atitudes abusivas. Não se sabe qual era o tipo de relação entre os pais da atriz, mas é público que eles são separados desde que ela tinha oito anos.
Inclusive, Bruna Griphao comentou que já esteve em uma relação abusiva antes e que poderia até ter morrido na mão de um ex-namorado agressivo. “Eu já vivi muitos relacionamentos abusivos, do tipo com agressão, ameaças”, revelou a artista (via Splash UOL).
O ambiente familiar também pode incentivar a pessoa a se tornar tóxica, já que começa a replicar atitudes de violência, física, psicológica e/ou verbal, que presencia desde criança. Ele explica que, em sua opinião, a fala de Gabriel sobre dar uma cotovelada na boca é uma projeção.
“Ou ele já viu alguém dar uma cotovelada na boca de uma mulher, ou ele já fez isso. (…) Essa cena já fez parte de algum momento da vida e ele viu como uma questão normal”.
Como saber se meu relacionamento é abusivo?
“A anulação da sua forma de existir e aceitar o que o outro determina para você. Você deixa de existir para poder suprir a necessidade do outro. A sua voz não é ativa, é uma voz passiva e você aceita tudo, infelizmente”, definiu o psicólogo Cleusmar.
O profissional conta que um grande desafio de conscientizar sobre as relações tóxicas é justamente ajudar as pessoas a entenderem o que é um relacionamento abusivo e quais atitudes são tóxicas em uma relação, já que é um assunto de difícil compreensão.
“Mas se você disse não a primeira vez e a pessoa insistiu, se você disse que aquilo te machuca, que você não gosta daquele tipo de tratamento, e pessoa repete, é o principal motivo é o grande toque para que você perceba que aquela pessoa não vai mudar, que não quer mudar.”, afirmou o psicólogo.
Alguns exemplos de atitudes comuns desse tipo de relação são:
- Afastar a pessoa da família e dos amigos, deixando-a isolada e dependente emocionalmente
- Diminuir a autoestima da pessoa. Ex: nada que você faz está certo.
- O abusador impõe sua vontade sobre a vítima, desde escolha da roupa até círculo de convivência
Lembrando que um relacionamento tóxico não é sempre entre um homem abusador e uma mulher vítima, como no caso de Bruna e Gabriel. O abuso pode partir de homens e mulheres em relações amorosas, familiares, de amizade e até de trabalho.
Uma pessoa abusiva pode mudar?
Gabriel continua causando controvérsia na casa, porque, após o aviso de Tadeu no BBB 23, ele se desculpou em uma dinâmica e afirmou que quer ser um mártir para outros homens aprenderem a ser melhores. Perguntamos ao psicólogo Cleusmar Fernandes: o abusador pode mudar?
“Sim, mas não dentro do relacionamento, já que o primeiro passo para mudança é que a vítima quebre o ciclo de abuso e que o abusador procure tratamento para compreender que sua forma de se comportar não é normal. “Não dê segunda chance. É difícil? É. É possível? É. Dói? Sim. Mas crescer dói, e é assim que se cresce, não dando segunda chance”.
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7/8 jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Estagiária na Real FM (comentando muito BBB no hashtag) e no site Música e Cinema.