Após a Audiência Pública realizada ontem, dia 17 de agosto, pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) juntamente com a Câmara Municipal de Ouro Preto, para discutir o recente caso de violência na ação policial em Antônio Pereira, novos desenvolvimentos surgiram. Os deputados presentes na audiência reivindicaram imparcialidade na investigação. Andréia de Jesus (PT), inclusive, fez um pedido enfático de indenização para as vítimas.
A reunião, que ocorreu na Câmara dos Vereadores de Ouro Preto, contou com a presença dos vereadores Vander Leitoa, do Solidariedade, e Wanderley Kuruzu, do PT. Representando a ALMG, estiveram presentes a deputada Andréia de Jesus, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Leleco Pimentel (PT) vice-presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização.
Relembre o caso: Ouro Preto: ação policial em Antônio Pereira deixa feridos
Em uma abordagem que reflete a crescente preocupação com os direitos das vítimas, o deputado Leleco Pimentel foi especialmente assertivo em seu pedido de afastamento dos policiais envolvidos na ação que resultou em violência. O desejo deles é assegurar que a investigação ocorra de forma justa e imparcial.
O incidente que motivou a audiência aconteceu no dia 29 do mês anterior, durante as celebrações do título da “Copa Gigantex”, um campeonato de futebol realizado no distrito. Moradores relataram que no início da noite os sons de explosões começaram a perturbar a tranquilidade da localidade, causando um cenário de confusão e medo. Os ruídos das bombas foram logo acompanhados pelo som das sirenes policiais, aumentando a tensão.
FALTA DE QUÓRUM DE ENVOLVIDOS
Durante a Audiência Pública, deputados expressaram descontentamento com a ausência tanto dos representantes de Antônio Pereira quanto dos próprios policiais envolvidos no incidente. Essa falta de participação suscitou críticas sobre a importância de incluir as vozes da comunidade afetada e das autoridades policiais nos debates acerca da violência policial.
Vander Leitoa, vereador e morador de Antônio Pereira, compartilhou sua perspectiva e preocupações. Ele ressaltou que os moradores estão vivendo com medo após as operações policiais e destacou a necessidade de diálogo transparente entre as autoridades e a comunidade.
Os policiais, por meio de um ofício, comunicaram que já estão investigando o caso e que um pronunciamento oficial será divulgado em breve. As entidades presentes na Audiência Pública, incluindo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Ouro Preto, a Prefeitura por meio de sua assessoria jurídica e a Federação das Associações de Moradores de Ouro Preto (FAMOP), contribuíram com suas análises e perspectivas sobre o incidente e suas implicações.
BUSCA POR JUSTIÇA E REPARAÇÃO
Em entrevista, a deputada Andréia de Jesus (PT) avaliou que a comunidade de Antônio Pereira teve dificuldades em participar e menciona relatos de que a polícia militar estava presente, o que intimidou algumas pessoas a sair de casa.
A deputada enfatizou que a situação precisa ser investigada, mas o boato sobre a presença policial gerou preocupações reais. Ela destacou que o evento trata de violações de direitos humanos comprovadas, atribuindo responsabilidade direta ao estado, não a indivíduos específicos.
Relembre o caso: Moradora de Antônio Pereira atingida por bala de borracha, perde parte da visão; afirma vereador
Ela também mencioou um caso específico de uma mulher que perdeu a visão enquanto segurava um bebê no colo. Andréia ressaltou que é necessário mudar esse cenário e que ela está unindo forças com o comitê e a câmara de vereadores para evitar que tais incidentes ocorram novamente e para garantir a reparação das famílias afetadas.
“O acompanhamento se faz mais necessário ainda, já que há relatos de até autoridades frequentando o Antônio Pereira. Sim, estou falando de operações policiais em um distrito pequeno. Estou falando de uma área rural e que não é comum esse tipo de operação. Nós precisamos entender o que motivou essa presença da polícia lá nesse formato e isso é só isso. Isso não é segurança pública e é uma comunidade que já sofre com as barragens e muitas vezes já pediu ajuda em relação a esse abuso da mineração nesse território”
disse Andréia.
Leleco, por sua vez expressou sua gratidão à Câmara de Ouro Preto por tratar seriamente o tema e conduzir a audiência pública. Ele mencionou que, embora a comunidade de Antônio Pereira tenha se sentido ameaçada pela presença policial, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o Vereador Cruz e a Deputada Andréia se esforçaram para representar os interesses dessa comunidade na audiência. Além disso, ele ressaltou a importância da apuração feita pelo Ministério Público de Minas Gerais, indicando que esse órgão está comprometido em realizar uma investigação justa e imparcial.
“Vamos construir um verdadeiro processo de justiça. Enquanto não houver justiça e reparação pelos crimes cometidos por aqueles fardados em nome do Estado, não poderemos descansar. O povo de Ouro Preto anseia por políticas públicas, por eventos festivos e por infraestrutura em seu distrito e bairro. Não devemos nos curvar diante das mineradoras que levam a riqueza e deixam um rastro de pobreza e violência do Estado.”
declarou Leleco após a Audiência.
Já Kuruzu mencionou que é necessário refletir sobre o ocorrido e planejar ações adequadas em resposta à situação. Ele destacou a gravidade do medo sentido pelas vítimas e a importância de buscar investigações e apurações dos fatos.
O vereador expressou preocupação com a ausência da Polícia Militar em duas reuniões convocadas, uma delas sendo a audiência pública. Isso, segundo ele, ressaltou a falta de diálogo e colaboração por parte das autoridades policiais. Wanderley também enfatizou a importância de exigir que o Estado garanta a segurança das pessoas, especialmente quando há provas de ameaças. Ele parte do princípio de que a comunidade de Ouro Preto é corajosa e capaz de enfrentar desafios.
“Quando o ser humano está amedrontado e as vítimas buscam investigação e apuração dos fatos, isso é de extrema gravidade. A ausência da Polícia Militar também tem tido um impacto negativo. Realizamos duas reuniões, sendo esta a segunda, para as quais convocamos os membros do Comitê de Direitos Humanos de Ouro Preto, incluindo o representante da polícia militar. Infelizmente, em nenhuma das duas ocasiões a polícia militar compareceu, o que é preocupante”
finalizou Kuruzu.
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias da Região dos Inconfidentes e de Minas Gerais? Pois então Siga o Jornal Galilé nas redes sociais. Estamos no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!
Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
[…] Deputada pede indenização do estado para vítimas de ação policial em Antônio Pereira […]