Paulo Alves é morador de Itabirito, trabalha como maquinista na ferrovia, e tem como hobby a Viola Caipira. A paixão veio desde cedo, começou a tocar vendo o pai e os irmão. E este passatempo foi reconhecido no Concurso de Viola Caipira organizado pelo Made in Minas Gerais 2024, onde concorre na categoria Intérpretes.
O vencedor vai ser escolhido por voto popular, que se encerrou na última segunda-feira (29), do voto do violeiro, compositor e cantador Chico Lobo e da diretoria do evento. O resultado será anunciado no Made in Minas 2024, que acontece no próximo domingo (05) na Praça da Savassi em Belo Horizonte.
Como aquecimento para o evento, o Galilé conversou com Paulo, onde ele contou um pouco da sua trajetória e da experiência no festival até o momento.
Galilé: Pra começar, como você começou com a viola? Qual a sua relação com ela?
Paulo: Bom, a música em si veio através do meu pai, que já é falecido, mas ele gostava muito desse estilo de moda de viola, mais caipira. Aí eu peguei o gosto. Eu comecei a tocar com uns 10 anos e tô até hoje. Mas eu toco viola, violão, acordeon, sanfona, né? Mas o que eu gosto mesmo é a viola caipira. Peguei mais gosto.
G: O acordeon, quando você começou?
P: O acordeon foi mais recente. Tem uns quatro ou cinco anos que eu peguei acordeon. Ele é mais complexo pra poder aprender. E a viola, assim, eu nunca fiz aula. Nunca fiz aula de música. Foi olhando meu pai, meus irmãos também, eles tocam viola. E foi através deles mesmo. E acordeon, eu peguei um pouco, porém é mais difícil, né? Aí eu peguei mais na viola. Comecei a estudar mais a viola. A sanfona ficou um pouquinho de lado, mas é outro instrumento que eu gosto muito também.
G: E como você começou a postar os seus vídeos? Você já teve algum trabalho com música, ou era só um hobby?
P: Têm 13 anos que eu moro aqui em Itabirito. Eu não sou daqui de Itabirito mesmo, sou de Dores de Guanhães, é Minas mesmo. Lá eu tinha uma dupla com meu irmão Romário. Chamava Paulo Júnior e Romário. A gente fazia umas festinhas, tocava no casamento, aniversário, na festa da cidade lá. Precisamos sair pra estudar. E acabou que ele foi pra um lado e foi pro outro. Eu vim pra Itabirito também com o intuito de estudar, fazer uma faculdade, um curso. Aí eu fiquei por aqui mesmo. Eu gravo alguns vídeos no Instagram, nas redes sociais, mas só pra um hobby mesmo. Mas tendo algum evento que o pessoal goste de uma moda de viola, de uma música caipira, uma sanfona, ou algo acústico, aí eu atendo.
O Irmão de Paulo ainda segue na música, mas em carreira solo
G: Com a música, quais os seus trabalhos na região?
P: Em 2022, fiquei na final também. Fui classificado no festival de música daqui de Itabirito. De composições autorais. Eu tinha feito a música pra minha mãe. E hoje, eu já toco bem pouco em evento, sabe? Devido ao trabalho também. Os horários não deixam, não são bem flexíveis pra poder tocar à noite.
G: Você tem mais alguma composição autoral que você? Quem você gosta mais de tocar?
P: Eu gosto mais do estilo da música Caipira Raiz, Sertanejo, assim, mais romântico. E eu tenho mais músicas autorais também. Asa Queimada, essa tá até no Spotify. E eu tenho outras composições também. Tem uma outra música que eu fiz pra minha mãe também. Tem algumas composições que eu fiz pro meu irmão. Ele está até pra gravar um DVD agora. Aí eu já estou com a caneta na mão aqui, fazendo música pra ele.
G: Além do seu pai e da sua família, quais nomes da viola ou da música sertaneja te inspiram?
P: Tião Carreiro, mestre da viola e da música caipira. Os mais antigos, Goiano, Bambico, o Almir Sater, que também eu gosto muito do estilo dele, que é mais poético. Gosto bastante da turma nova também. O Lyan, da dupla Mayck e Lyan, Felipe Rezende, Bruno Takashy. Mas o que eu gosto mesmo, que me influenciou também bastante, além do meu pai, é Tião Carreiro, Goiano. Estes que eu gosto mais.
G: Sobre o concurso, como você descobriu ele?
P: Eu não conhecia o Made in Minas, este concurso de viola. Foi no último dia, eu estava na rua, encontrei um colega meu também, que é violeiro,o Vitão da Viola. Ele foi e me falou desse concurso. Aí, eu fiz um vídeo rápido, fiz a inscrição, mas sem esperar que seria classificado, né? No último dia. Não teve como preparar um vídeo bom, mas fiz ali com carinho. E gostaram, e graças a Deus tô na final e muito feliz por isso.
G: E como foi ficar sabendo que um vídeo que você fez na correria para se inscrever, não só foi bem recebido, como chegou na final? Como você se sentiu nessa hora?
P: A ligação que eu recebi do diretor do Made in Minas. Ali eu fiquei sem reação. Porque ele [Diretor do Made in Minas] falou que o Chico Lobo ouviu a música e gostou muito do meu estilo, da voz, do ponteio da viola. Então pra mim foi muito gratificante. Fiquei muito feliz de estar no final, de ser elogiado por um violeiro que é reconhecido no Brasil todo. Então é gratificante demais.
G: Como foi a escolha da música pro vídeo?
P: Por eu gostar também desse estilo do Almir Sater e pelo concurso buscar algo mais poético, eu falei “Vai ser essa aqui”. Aliás, foi uma outra música que eu tinha mandado. Foi Trem do Pantanal, que é do Almir Sater também. Aí depois me pediram outro vídeo. Que eles gostaram bastante. Esse vídeo que foi pra votação.
Vídeo de Paulo para votação no Concurso
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G: Como que tá o coração pra domingo?
P: Rapaz, tô muito ansioso. Toda hora eu olho o celular pra ver se tem alguma mensagem da direção. Tô nem dormindo direito aqui. Já tô ensaiando as músicas pra premiação. Se eu for o ganhador já tá certo pra poder fazer apresentação, fazer algo bonito pro pessoal que vai estar lá.
G: E como a sua família reagiu?
P: Rapaz, a família é grande. E a maioria não mora aqui em Itabirito, né? Só tem dois irmãos que moram aqui. Então, a primeira pessoa que eu liguei foi minha mãe. E ela chorou bastante, ficou muito feliz. E chorei junto com ela também. Os irmãos ficaram muito felizes, foi só alegria na família.
G: A família vai para Belo Horizonte para te ver?
P: Tá, sim. Já tá vindo uns irmãos meus. A maioria trabalha também, mas vão tá fazendo o esforço pra tá comparecendo ali na praça.
G: Você já conhecia alguns dos seus concorrentes? Ou você descobriu eles também durante a divulgação dos finalistas?
P: Não, não conhecia. Entrei em contato com eles, parabenizando eles por estar no final também, mas eu não conhecia.
G: Já tem o repertório para o dia 5?
P: Eu vou deixar pra surpresa, né? Para o pessoal ficar curioso. Mas vai ser uma música bem bonita, nesse estilo mesmo do Almir Sater. Algo bem bacana, bem legal.
G: Você ganhou seguidores depois de ter se tornado finalista no concurso?
P: Sim, sim. Ganhei seguidores consideráveis, mas as mensagens, o carinho do pessoal que contribuíram pela votação, pelos comentários, compartilhamento, foi de grande alegria pra mim. Eu não esperava essa quantidade. E a boa vantagem do pessoal te estar ajudando, de estar compartilhando ali pros seus amigos, familiares. Fiquei muito feliz mesmo.
G: Você pretende, a partir desse resultado, se dedicar mais, de investir nesse lado das redes sociais?
P: Com certeza, com certeza, porque dá um ânimo, né? Dá um ânimo de ser reconhecido, dessa forma, dá um gás pra gente poder continuar o trabalho, tá dedicando mais, postando mais vídeos. E quem sabe estar recebendo alguns convites, tá comparecendo a alguns eventos. E é algo que eu gosto, e a gente tem que fazer o que a gente gosta, o que a gente ama. Acho que não tem nada melhor.
G: Que mensagem você daria pras pessoas que tão começando na viola, que tão começando essa música de raiz?
P: Rapaz, é não desistir. Porque não é fácil. Hoje em dia tem muitas pessoas de qualidade, tem muitos estilos. Mas se é um estilo que a pessoa gosta, é levar pra frente. Fazer a coisa certa, sem passar em cima de ninguém, porque a oportunidade um dia aparece, né? E a gente tem que tá preparado pra essa oportunidade. Estudar e fazer algo bem feito. É só ter paciência, colocar Deus na frente, que a oportunidade logo chega. E aproveitar quando a oportunidade aparecer.
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Graduando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atua como estagiário no Jornal Geraes e na Rádio Real FM.