De Mariana para o mundo: Evy celebra nova fase na Austrália com musical ‘Rent’

Um ano depois de estrear nos palcos australianos, o marianense Ewerton Eduardo da Silva, conhecido como Evy, vive um novo capítulo de sua trajetória artística. Aos 29 anos, o cantor e ator com raízes no bairro Santo Antônio, em Mariana, hoje integra o elenco do musical Rent, uma das produções mais emblemáticas da Broadway, e celebra uma ascensão rápida e merecida no competitivo cenário do teatro musical da Austrália.

A presença de Evy nas produções australianas representa a consolidação de um talento que ultrapassou fronteiras. Desde que deixou Mariana para seguir sua paixão pela arte, o artista participou de quatro grandes produções: The Boy from Oz, Chicago, A Gaiola das Loucas (La Cage Aux Folles) e agora Rent. Cada espetáculo foi um degrau em sua formação e um reflexo de seu crescimento artístico e pessoal.

“Quando terminei o primeiro musical, fui convidado para fazer Chicago sem precisar de audição. Foi uma experiência marcante, com ensaios intensos e muita responsabilidade. Depois disso, interpretei Jacob em A Gaiola das Loucas, um papel cheio de energia e humor, com 13 trocas de figurino por noite. Agora, em Rent, eu interpreto Tom Collins, um personagem profundo, com muito mais relevância na trama”, conta o artista, que acumula elogios da crítica e reconhecimento do público australiano.

Entre uma produção e outra, Evy na Austrália conquistou o respeito de companhias teatrais e diretores. Ele explica que as audições no país são rigorosas e valorizam artistas multifacetados. “As produções querem ver se você canta, dança e atua. Às vezes você faz a audição para um papel e é escolhido para outro, porque eles buscam o melhor encaixe para o show”, afirma.

De Mariana para o mundo: Evy celebra nova fase na Austrália com musical ‘Rent’ — *The Boy From Oz* foi o primeiro espetáculo protagonizado por Evy na Austrália / Foto: Divulgação.

O desafio de atuar em outro idioma

Mesmo fluente em inglês, o artista admite que atuar em uma língua estrangeira exige atenção redobrada. “Cantar em inglês não foi novidade, mas atuar foi outro desafio. Eu nunca tinha atuado no Brasil, então minha primeira experiência foi fora e em outro idioma. Tenho que estar atento à pronúncia, ao ritmo das falas e ao sentido emocional de cada palavra. Não há espaço para erro”, diz.

Além disso, ele explica que os sotaques variam conforme o musical. “Rent se passa em Nova York, então buscamos manter um sotaque americano. Já em outras produções, a direção pode pedir ajustes para combinar com o contexto da história”,

Rent: o novo desafio

Em Rent, Evy interpreta Tom Collins, um ex-professor de filosofia que vive em Nova York nos anos 1990. “Ele é um personagem sensível, leal e cheio de nuances. Vive uma história de amor intensa com Angel, e há um momento no final que é de grande emoção. Preciso estar completamente entregue, porque é uma das músicas mais marcantes da peça”, conta.

Para o papel, ele mergulhou em pesquisas, assistiu a diferentes versões do musical e buscou compreender a profundidade emocional do personagem. “A diretora sempre nos lembra que, se as emoções ficarem fortes demais, a gente pode respirar e voltar. É um espetáculo que fala de amor, amizade, dor e esperança”.

O público australiano, segundo ele, pode esperar uma produção vibrante. “É um show intenso, cheio de energia e verdade. A gente quer que as pessoas saiam tocadas. Eu espero que se conectem com a história e com o Collins. Essa é a magia do teatro”.

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Raízes

Apesar da distância, Evy leva Mariana consigo em cada passo. “O fato de eu ser brasileiro influencia praticamente tudo. Desde o jeito de falar até a forma de cantar. Já fui reconhecido na rua por isso — dizem que até meu português soa como se eu estivesse cantando. Eu tenho orgulho disso”, conta.

Ele faz questão de compartilhar a cultura brasileira com os colegas australianos. “Levo meus amigos para comer feijoada, moqueca, coxinha. Mostro vídeos de Minas, falo sobre Mariana, sobre o Brasil. É uma troca muito rica”, afirma.

O artista também reconhece a importância de representar o país nos palcos internacionais: “Ser o único brasileiro no elenco é uma responsabilidade enorme. As pessoas se interessam pela minha cultura e pela minha história, e isso cria conexões profundas. Recebo mensagens de brasileiros que vão me ver e dizem que se sentem representados. Isso me emociona muito”.

Evy ainda deixa um recado para inspirar jovens artistas da periferia marianense que sonham em viver da arte: “Acredite em si mesmo, mesmo quando não houver tempo de se preparar. Minha primeira audição eu fiquei sabendo três dias antes e mesmo assim fui e passei. Persistência faz diferença. O talento é só o começo — é o trabalho duro que te leva longe“.

Ele acredita que a arte tem poder transformador e que ocupar espaços é também abrir caminhos. “Quando a gente se apresenta, não é só sobre nós. É sobre todos os que vêm depois. É mostrar que um menino da Prainha, em Mariana, pode chegar a palcos do outro lado do mundo”, encerra.

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