Durante este mês (09), em que é celebrada a conscientização sobre prevenção ao suicídio, foi realizada uma audiência na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para debater a saúde mental da população com mais de 60 anos. O debate evidenciou que, proporcionalmente, os idosos apresentam taxas de suicídio maiores que o restante da população.
Na reunião, a psicóloga Luciana Daher apresentou dados que mostram 7,8 suicídios por 100 mil habitantes entre idosos, frente à taxa geral de 6 por 100 mil habitantes. Além disso, o risco é desigual entre gêneros nessa faixa etária, sendo 14,8 mortes de homens idosos por 100 mil habitantes, e 2,6 mortes de mulheres idosas por 100 mil habitantes.
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No Brasil, estima-se que, em 2021, aproximadamente 14 mil pessoas cometeram suicídio e durante o debate, foram apontados fatores culturais e sociais que podem agravar esse risco entre pessoas mais velhas, sendo eles:
- Muitos homens enfrentam pressão social para ser o provedor da família, ainda que não tenham mais condições para isso com a renda da aposentadoria.
- Existe uma resistência cultural maior entre homens para buscar ajuda psicológica.
- No que diz respeito às tentativas de suicídio, foi relatado que entre homens idosos cada suicídio consumado costuma ser precedido por cerca de quatro tentativas; entre mulheres maiores de 60 anos, esse número sobe para cerca de vinte tentativas — o que indica, segundo especialistas, maior letalidade entre os homens.
- Comportamentos impulsivos e uso de álcool foram citados como fatores que aumentam o risco entre homens idosos.
A audiência também ressaltou a importância de reconhecer sinais de risco e agir preventivamente. Alguns dos indicativos mencionados:
- Depressão, ansiedade, sensação de isolamento;
- Mudanças bruscas no padrão de sono ou apetite;
- Descuido com higiene pessoal;
- “Despedidas veladas” ou distribuição de bens pessoais;
- Doenças neurodegenerativas como fator de vulnerabilidade.
Outro ponto discutido foi a vulnerabilidade dos idosos a fraudes e golpes, e como isso pode afetar seu estado psicológico. Segundo a presidente da Comissão de Saúde Mental da OAB-MG, cerca de 60% das vítimas de golpe envolvendo instituições financeiras são idosos, embora esse número possa estar subestimado, pela vergonha das vítimas em denunciá-los.
Assim, foi defendida a necessidade de capacitação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) para lidar com as demandas dos idosos de forma especializada.
O deputado Charles Santos, idealizador da audiência, propôs o fortalecimento de políticas públicas voltadas para proteger os idosos e combater a violência e discriminação contra esse grupo, e compartilhou sua experiência pessoal com a depressão na adolescência, enfatizando a importância de que pessoas em sofrimento mental não permaneçam em silêncio, mas busquem ajuda.
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Estudante de jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto e estagiária no Jornal Geraes e na Rádio Real FM.

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