Imagine enfrentar entupimentos constantes na tubulação de sua casa e descobrir que o esgoto contém resíduos possivelmente hospitalares, sabendo que a Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto está nas proximidades. Essa é a realidade de moradores do bairro Vila dos Engenheiros, que têm convivido com esse problema há meses.
Desde junho o jornal Geraes recebe imagens de moradores, que mostram os canos entupidos com panos, que parecem por vezes estarem ensanguentados ou com resíduos de material biológico.
Em julho, a Associação de Moradores do bairro enviou um ofício à Saneouro relatando os frequentes problemas na Rua Domingos Barroso. Segundo o documento, galhos de árvores penetram na antiga tubulação, enquanto materiais diversos, supostamente relacionados à ampliação do hospital próximo, também causam obstruções.
Á época, em menos de dois meses, ocorreram cinco vazamentos, incluindo retorno de esgoto em residências, com danos materiais registrados. A associação destaca o subdimensionamento da rede, os riscos de contaminação e pediu reunião com a coordenação da Saneouro para tratar da situação.
Moradores revelam que é um problema frequente, desde a ampliação do hospital
Agora, a tubulação voltou a entupir e aparecer com os resíduos. Ernani Carlos de Araujo, morador da região, relatou que os resíduos na rede de esgoto aparecem de forma intermitente, geralmente quando há entupimentos na rede. Ele identificou a presença de gazes e uma quantidade significativa de papel higiênico entre os resíduos, ele ainda relatou que o líquido parece estar contaminado, visto que “os passarinhos locais frequentemente usam está água para se banharem e suprir a sede. Acompanho a vida diária no meu jardim e sempre aparecem pássaros mortos no mesmo”, disse ao Geraes.
Outro morador, que preferiu não se identificar, comentou sobre os entupimentos na rede de esgoto, que podem ser causados por materiais descartados por funcionários ou pacientes dentro do hospital. Ele mencionou que, em um dos entupimentos, ocorrido na Rua Domingos Barroso, entre o material recolhido pela Saneouro, constavam faixas do tipo atadura, utilizadas para cobrir ferimentos.
“Não foi a primeira vez que isso acontece na Rua Domingos Barroso, inclusive tem outros moradores que até filmaram o vazamento do esgoto“, revelou a fonte anônima.
A Associação de moradores pede que o hospital crie uma rede de esgoto própria para findar com o problema.
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O que diz a Saneouro e a Santa Casa?
O Jornal Geraes procurou a Saneouro para mais esclarecimentos. A concessionária confirmou que realizou desobstruções na área, mas afirmou não ter como comprovar a presença de materiais hospitalares. Em nota, declarou:
“A Saneouro fez desobstruções nas redes neste ano, mas não há como comprovar que se tratem de materiais hospitalares. Na manhã desta quinta-feira, 19 de dezembro, nossa equipe se reuniu com representantes da Santa Casa, que mostraram todo o processo de destinação de seus resíduos.”
O hospital Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto ainda não respondeu à última solicitação do Jornal Geraes, mas, em junho, havia emitido a seguinte nota oficial:
“Esclarecemos que seguimos rigorosamente os protocolos estabelecidos no Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde (PGRSS). A responsabilidade pela coleta e descarte adequado dos resíduos hospitalares é atribuída à empresa certificada SERQUIP, que possui todos os requisitos legais para a execução deste serviço. […] Todos os procedimentos foram auditados recentemente, resultando na renovação do Alvará da Vigilância Sanitária em abril de 2024.”
O Jornal Geraes continua acompanhando o caso e está à disposição para divulgar atualizações das partes envolvidas.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
