‘É tempo de reparar’, afirma prefeito de Mariana nos 8 anos do rompimento de Fundão

Hoje é um dia que relembra um momento de extrema dor para o povo de Mariana: exatamente 8 anos atrás, acontecia o rompimento da Barragem de Fundão, desencadeando o maior desastre ambiental da história do Brasil. A lama, cheia de rejeitos de minério, invadiu a bacia do Rio Doce e devastou comunidades inteiras, deixa um marco eterno e irreparável para todos que vivenciaram aqueles dias. Cidades, assim como a Primaz, levaram e levam anos para recuperar modos de vida e tradição que foram levados junto aos rejeitos até o mar aberto.

O atual prefeito de Mariana Celso Cota (MDB), se pronunciou em suas redes sociais, enfatizando que a tragédia foi real, devastadora e marcou profundamente a história e as vidas das pessoas em Mariana.

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Ele observa que, após a atenção da mídia diminuir, as consequências mais graves do desastre começaram a se manifestar. Muitas famílias tiveram que lidar com perdas e luto, enquanto centenas tiveram que reconstruir suas vidas longe de suas casas e rotinas originais, devido à destruição causada pela lama. A cidade passou a enfrentar problemas que antes eram inimagináveis, como doenças mentais, desemprego, criminalidade e baixa autoestima.

O prefeito destaca a incerteza e a sensação de não pertencimento que afetaram a comunidade, mas ele também enfatiza que, após oito anos, eles estão se recuperando e amadurecendo em suas perdas.

“É TEMPO DE REPARAR“

O chefe do executivo municipal declarou que agora, é tempo de seguir em frente, planejar, construir e reparar os danos causados. Ele utiliza uma anáfora para exemplificar quais são as lutas que ainda precisam ser enfrentadas.

“É tempo de cobrar, é tempo de planejar, é tempo de pactuar, é tempo de entregar e de receber, mas é também tempo de reparar. E essa reparação deve ser de tal magnitude que Mariana possa experimentar uma grande transformação em favor das políticas públicas, capaz de melhorar a qualidade de vida da nossa gente, do nosso povo, e de recolocar Mariana em destaque a nível estadual e federal.”

Aparentemente é uma referência implícita ao lema adotado pela Fundação Renova nesta nova fase do projeto de reparação. A instituição utilizou o slogan “É tempo de entrega” para abordar a finalização das obras dos reassentamentos de Paracatu e Bento Rodrigues, os distritos que foram completamente extintos com o desastre de 5 de novembro de 2015.

COM INDIGNAÇÃO, COMISSÃO DOS ATINGIDOS COBRA AÇÕES

Na última quarta (01), em uma coletiva de imprensa, a Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), apoiada pela Assessoria Técnica Independente (ATI) Cáritas, destacou as dificuldades enfrentadas pelas comunidades atingidas oito anos após o desastre. Eles enfatizaram a necessidade de ações eficazes por parte do poder público e de uma abordagem mais rigorosa da justiça em relação às empresas de mineração.

A Fundação Renova, responsável pela reparação e restauração, também foi criticada, especialmente em relação aos reassentamentos de Paracatu e Novo Bento, onde a falta de consentimento das comunidades afetou significativamente seus modos de vida. Além disso, houve críticas à qualidade das construções nos novos reassentamentos e à mudança dos modos de vida das comunidades, que estão sendo deslocadas de áreas rurais para urbanas.

A luta das comunidades abrange reparação patrimonial e restituição, visando restaurar não apenas suas habitações, mas também sua cultura, identidade e modos de vida. Muitos afetados buscaram justiça na Inglaterra devido à descrença na justiça brasileira, alegando que o sistema de justiça brasileiro falhou em responsabilizar as empresas de mineração. A CABF, formada em 2015, desempenhou um papel fundamental na defesa dos direitos das comunidades atingidas e obteve conquistas significativas com o apoio da ATI Cáritas.

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Igor Varejano

Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.