O rompimento da Barragem de Fundão completa dez anos na próxima quarta-feira (5). Em lembrança à tragédia, o prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB), relembrou as marcas deixadas pelo desastre e reforçou a busca por justiça e reparação. O rompimento, ocorrido em 2015, provocou a morte de 19 pessoas, destruiu os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, e afetou profundamente a economia e a vida social de toda a região.
Em 5 de novembro de 2015, a barragem da Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton, se rompeu, liberando 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A lama destruiu os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, e atingiu cerca de 600 quilômetros até o mar do Espírito Santo. Nas redes sociais, o prefeito ressaltou que as consequências foram devastadoras para a economia e para o cotidiano da população:
“Muitas empresas fecharam as portas, muitas pessoas ficaram sem emprego. O município chegou a um índice de desemprego próximo a 30%, o que nunca aconteceu na sua história. Vários serviços públicos foram paralisados porque o CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), que é o principal tributo do município de Mariana, também paralisou com o rompimento da barragem”.
O prefeito relembrou o dia do rompimento quando se dirigiu à prefeitura para uma reunião e recebeu a notícia do desastre. Ele descreveu o cenário como caótico, com estradas interditadas, veículos sendo arrastados pela lama e equipes de resgate tentando conter os danos. Para ele, o episódio deve ser tratado como crime ambiental, e não como tragédia: “Eu não falo tragédia, falo crime. Nós estamos falando de dois distritos que sumiram do mapa, 19 pessoas que perderam as vidas”.
Ele lembrou que, após o desastre, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou a “Lei Mar de Lama Nunca Mais”. Apesar dos avanços, o prefeito afirmou que Mariana ainda não obteve uma reparação justa e destacou a importância da ação judicial movida na Inglaterra contra as empresas responsáveis. Ele afirmou que espera uma decisão favorável até o final deste ano, o que poderia representar um novo passo rumo à justiça ambiental e social para os atingidos e para toda a cidade.
Leia também:
- Carro do Grupo Farid capota na BR-356 em Ouro Preto
- Bombeiros Militares resgatam homem dependurado em penhasco em Ouro Preto
Rompimento da Barragem de Fundão segue em julgamento na Inglaterra
O julgamento no Reino Unido, iniciado em 2018, teve as alegações finais concluídas em março de 2025 no Tribunal Superior de Londres. Os atingidos pedem indenizações bilionárias e alegam que a BHP tinha conhecimento prévio das falhas da barragem. A decisão é aguardada para os próximos meses, e um eventual recurso pode estender o processo até 2026.
Segundo o prefeito, o julgamento representa uma nova oportunidade de alcançar justiça pelo rompimento da Barragem de Fundão. “A ação na Inglaterra segue como uma luz no final do túnel. O município de Mariana continua forte nessa ação e esperamos em dezembro ter uma grande decisão para mudar o patamar desse crime. Estamos dispostos a negociar, mas não a aceitar migalhas”, disse.
Quer ficar por dentro das principais notícias da Região dos Inconfidentes e de Minas Gerais? Então, siga o Jornal Geraes nas redes sociais. Estamos no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!
Bacharel em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e Portal Mais Minas.

[…] "Não falo tragédia, é crime": rompimento da Barragem de Fundão completa 10 anos […]