Ouro Preto segue sofrendo consequências por conta das chuvas. Além do Morro da Forca que continua deslizando, a Avenida Lima Jr, Rua Padre Rolim, Rua Pandiá Calógeras e outras vias estão sofrendo com a invasão de terra, interferindo no fluxo do trânsito da cidade. Em entrevista ao Jornal Galilé e à Rádio Real FM nessa terça-feira (24), o prefeito Angelo Oswaldo (PV) voltou a citar um recurso no valor de R$ 25 milhões provindo do PAC das Encostas, ainda no governo Dilma, que está travado na Caixa Econômica Federal esperando a liberação por parte do Governo de Minas Gerais. Essa quantia seria utilizada para a resolver os problemas com as terras que vêm descendo, em um período de estiagem mais prolongada.
Angelo Oswaldo questionou Romeu Zema (Novo), perguntando se o governador irá tratar a população de Ouro Preto como o ex-presidente Jair Bolsonaro, apoiado pelo chefe do Executivo estadual nas eleições, abandonou a comunidade indígena Yanomami.
“Hoje eu mandei uma mensagem para a Secretaria de Planejamento de Governo dizendo que nós ouro-pretanos somos patrimônio da humanidade, porque nós somos guardiões e responsáveis por uma cidade que é Patrimônio da Humanidade. Assim como os Yanomami, que foram abandonados pelo governo federal. Eu gostaria de saber se o governador está tratando os ouro-pretanos como o ex-presidente, que é um modelo para ele, tratou os Yanomami, porque estamos à deriva, aguardando um apoio do governo do estado desde as chuvas de 2021”, declarou o prefeito de Ouro Preto.
Essa é a terceira estação chuvosa que Angelo Oswaldo encara neste governo. Mesmo durante o período conturbado, a Prefeitura de Ouro Preto tem feito alguns trabalhos de infraestrutura e obras, como na Rua Santa Marta que recebeu um trabalho de contenção, assim como ruas do bairro Padre Faria. Porém, a administração pública espera receber os R$ 25 milhões que não foram utilizados nos governos anteriores para poder aplicar em mais ações na cidade,
“É impressionante como nem os recursos que a presidente Dilma liberou para Ouro Preto e que foram esquecidos pelos dois prefeitos anteriores, no valor de R$ 25 milhões, foram liberados. Isso depende de ações da Secretaria de Infraestrutura. Quando tomarem providência, esse recurso poderá ser utilizado e aplicado em Ouro Preto logo após a estação chuvosa para que nós possamos fazer a contenção de encostas”, continuou Angelo Oswaldo.
Frente Mineira de Prefeitos
Na terça-feira, Angelo Oswaldo foi a Sabará para uma reunião da Frente Mineira de Prefeitos, que tem o prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira (PT), como presidente. O chefe do poder Executivo de Ouro Preto foi convidado para integrar a diretoria da frente que conta com cerca de 100 municípios. A ideia é que os representantes das cidades se organizem para buscar os interesses dos municípios mineiros.
“Todos os prefeitos manifestaram preocupação com as chuvas intensas, com a situação das nossas estradas que está calamitosa, a rede rodoviária estadual sofreu bastante e nós estamos vendo a necessidade de intervenções urgentes, como na MG-129, que nos liga a Ouro Branco e depois a Mariana e Catas Altas, necessita de investimentos do Governo do Estado. Então, a Frente Mineira de Prefeitos colocará essas questões para o governo, entre outras que nós temos que colocar e eu já venho pedindo a tempos”, declarou Angelo Oswaldo.
Zema esteve em Ouro Preto no ano de 2021, trafegou pela Estrada Real, visitou o distrito de Lavras Novas e assegurou que faria um projeto de recuperação da MG-129, mas isso não saiu do papel até agora. Angelo Oswaldo espera que providências sejam tomadas neste novo mandato.
“Nós estamos saindo de um governo federal que penalizou bastante os municípios e estamos com muita expectativa agora com o governo do presidente Lula que deve, com o seu espírito municipalista, colaborar bastante com as municipalidades do Brasil, especialmente em Minas Gerais que tem o maior número de municípios do país. Nós já temos uma agenda grande, a Frente Mineira trabalha para se fazer ouvir a voz dos municípios”, finalizou o prefeito de Ouro Preto.
O abandono aos yanomami
A Terra Indígena Yanomami tem cerca de 9 milhões de hectares e está localizada nos estados do Amazonas e de Roraima, na fronteira com a Venezuela. Nela, vivem oito povos, incluindo os Yanomami. Com o avanço das atividades ilegais na região, estima-se que 20 mil garimpeiros estão no território. Com isso, indígenas denunciam a contaminação dos rios e abusos sofrido por mulheres e crianças.
A maior terra indígena do Brasil, onde vivem aproximadamente 28 mil Yanonami está sendo gravemente afetada pela desnutrição, malária, pneumonia e verminoses, além da violência de garimpeiros ilegais. A desnutrição atinge mais da metade das crianças do território e, além disso, há um grande número de casos de malária.
A maior expansão do garimpo nas terras indígenas dos últimos 36 anos aconteceu em 2021, durante o governo Bolsonaro, em que houve o desmonte de órgãos de proteção ambiental e dos direitos indígenas. Foram 15 mil hectares garimpados, sendo 1.556 na Terra Indígena Yanomami
De acordo com o Intercept, Os Yanomami enviaram 21 pedidos de ajuda ao governo Bolsonaro, que os ignorou. Porém, o ex-presidente informou à Organização das Nações Unidas (ONU) que os indígenas estavam sendo atendidos com uma operação que garantia alimentos e saúde.
Em visita a Roraima nesse sábado (21), o presidente Lula (PT) anunciou medidas para contornar a situação de calamidade na comunidade Yanomami, que incluem o envio imediato de alimentos e suplementos. O Ministério da Saúde decretou o estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
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Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.