De acordo com o jornal Metópoles, um laudo realizado a pedido do Ministério Público Federal (MPF) revelou que a Samarco, empresa responsável pelo desastre ambiental de Mariana, excedeu o limite permitido no uso de um produto que contaminou o Rio Doce. O estudo, conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Federal do Estado do Espírito Santo e Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (Facto), constatou níveis acima do permitido de Tanfloc SG, fornecido pela Samarco para o tratamento da água, especialmente na cidade de Colatina, Espírito Santo.
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O Tanfloc SG contém resíduos de formaldeído, conhecido como formol, uma substância tóxica e potencialmente cancerígena quando ingerida em excesso. O produto foi utilizado não apenas em Colatina, mas também em outras cidades abastecidas pelo Rio Doce, afetando milhares de pessoas.
Os testes realizados nas estações de tratamento de água em Colatina revelaram que a dosagem de Tanfloc SG aplicada pela Samarco excedeu o limite de segurança estabelecido para o formol, que é de até 10 mg/L. Apenas em Colatina, cerca de 7,39 milhões de metros cúbicos de água foram tratados com uma dosagem superior à segura.
Ao Metrópoles, a Samarco alega que o Tanfloc não é perigoso e que sua aplicação foi feita de forma excepcional, sendo responsabilidade dos Serviços Autônomos de Água e Esgotos municipais determinar a dose de aplicação. A ingestão de água com resíduos de formaldeído é arriscada e pode causar efeitos cancerígenos a longo prazo. Pesquisadores chamam esse efeito de “toxicidade crônica” e alertam para o risco de desenvolvimento de tumores no corpo.
No entanto, especialistas alertam que a ingestão de água contaminada com resíduos de formaldeído apresenta riscos à saúde, incluindo efeitos cancerígenos a longo prazo. Os pesquisadores destacam a possibilidade de desenvolvimento de tumores devido à chamada “toxicidade crônica”.
Ao jornal de Brasília, a Fundação Renova, formada pela Samarco, BHP e Vale com o objetivo de reparar os danos causados pelo desastre de Mariana, afirma que a água do Rio Doce está liberada para consumo humano desde 2016, mesmo diante de estudos posteriores, como o laudo da Fiocruz, que contradizem essa afirmação.
O laudo pericial destaca que havia uma alternativa ao Tanfloc SG, o sulfato de alumínio, que não causaria a poluição da água com formol. No entanto, essa substância exigia uma quantidade maior para tratar o mesmo volume de água, o que possivelmente levou a Samarco a optar pelo Tanfloc SG.
Diante do tratamento inadequado da água, moradores de municípios do Espírito Santo estão buscando indenização na Justiça Federal desde 2021. Associações de produtores rurais e moradores de Colatina estão pleiteando uma indenização no valor de R$ 120 bilhões para aproximadamente 585 mil pessoas afetadas pelo uso inadequado do produto.
O laudo da FioCruz busca responder diversas perguntas sobre a qualidade atual da água da Bacia do Rio Doce. Segundo o texto, foram analisados dados sobre a qualidade da água do rio Doce antes e depois do desastre ocorrido em 2015. Os resultados mostram que vários parâmetros que indicam a qualidade da água estão fora dos padrões estabelecidos para corpos de água doce. Isso significa que, mesmo após algum tempo, o rio Doce ainda não se recuperou completamente e não está em conformidade com os critérios de qualidade necessários para ser considerado um corpo de água saudável.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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