Servidores do Escritório Técnico do Iphan de Mariana (ETM-IPHAN) estão em greve desde o dia 29 de abril. Em um comunicado enviado à imprensa, o grupo explica que a falta de condições de trabalho é o motivo para a paralisação na região. Na Primaz de Minas, por exemplo, só há uma pessoa para analisar todos os processos relacionados ao patrimônio.
Por isso, eles decidiram parar as atividades a partir do dia 29 de abril de 2025, junto com outros escritórios do IPHAN e órgãos ligados ao Ministério da Cultura. Segundo o comunicado, os escritórios não têm estrutura adequada, como banheiros decentes e iluminação boa, nem equipamentos básicos para trabalhar.
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Entre as principais reivindicações dos servidores estão a reestruturação do Plano de Cargos e Carreiras e demandas específicas dos órgãos vinculados ao Ministério da Cultura.
Os servidores dizem que sempre se dedicaram ao trabalho, mas, sem melhorias, não conseguem mais manter um serviço de qualidade. Eles sabem que a greve pode causar transtornos para a cultura de Mariana, mas acreditam que essa é a única forma de buscar melhores condições e garantir a continuidade do trabalho de preservação do patrimônio cultural.
Veja o comunicado da greve dos servidores em greve de Mariana abaixo:
“O Escritório Técnico do IPHAN em Mariana (ETM-IPHAN) vem, por meio deste, comunicar publicamente a crescente preocupação de seus servidores quanto às condições de trabalho e à capacidade institucional de cumprir sua missão: proteger e promover o patrimônio cultural brasileiro.
Diante dos desafios estruturais persistentes, informamos que o ETM-IPHAN, em conjunto com outras unidades do IPHAN no país – assim como outras entidades ligadas ao Ministério da Cultura, paralisará suas atividades a partir de 29/04/2025. Esta decisão, embora difícil, é impulsionada por fatores críticos que comprometem diretamente a preservação do nosso patrimônio. Dentre as principais reivindicações, destacam-se:
1- Insuficiência de quadro funcional: Todas as unidades do IPHAN enfrentam escassez severa de servidores, sobrecarregando equipes e inviabilizando a execução adequada das demandas. Em Mariana há apenas um servidor parecerista responsável por analisar todos os processos da cidade.
2- Plano de carreira defasado: A falta de progressão profissional e de incentivos desmotiva os servidores e inviabiliza a permanência de quadros qualificados, prejudicando a continuidade dos trabalhos.
3- Falta de recursos para infraestrutura: A precariedade dos espaços físicos (como banheiros inadequados e iluminação insuficiente) e a carência de equipamentos básicos dificultam o cumprimento das atividades técnicas.
4- Fiscalização insuficiente: A proteção efetiva dos bens tombados exige um calendário contínuo e sistemático de fiscalização, hoje insuficiente devido à falta de pessoal e verba. Mariana possui muitos bens tombados isoladamente (incluindo sede e distritos), além do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico – um acervo que demanda vigilância permanente. Além disso, o ETM fiscaliza as cidades de Catas Altas, Barão de Cocais, Santa Bárbara e Piranga.
5- Falta de apoio às ações educativas e comunitárias: Há uma carência crítica de servidores, investimentos e incentivo a projetos voltados à aproximação entre a sociedade e o patrimônio cultural. É imprescindível ampliar e fortalecer políticas públicas que promovam a participação social e o reconhecimento da diversidade cultural.
Nós, servidores do IPHAN, nos dedicamos diariamente à proteção dos bens que representam a memória e a identidade do povo brasileiro. No entanto, apesar desse compromisso constante, a persistência dos problemas — como a falta de profissionais, incentivo e recursos — tornou insustentável a prestação de um serviço público de qualidade. A comunidade de Mariana conhece bem essa realidade.
Reconhecemos que a paralisação trará impactos, mas ressaltamos: esta é uma medida extrema, adotada exclusivamente para garantir condições dignas de trabalho e assegurar que o IPHAN continue cumprindo sua missão de preservar e salvaguardar o nosso patrimônio cultural.
Manteremos o compromisso de informar sobre os desdobramentos e esperamos que as negociações resultem em avanços não apenas para os servidores, mas para toda comunidade que carece dos nossos serviços“.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
