Com a oficialização da nova política tarifária anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o comércio exterior brasileiro enfrenta um cenário de incertezas. A partir do dia 6 de agosto, 95 categorias de produtos exportados pelo Brasil para os EUA passarão a ser taxadas com uma tarifa adicional de 40%, elevando para 50% o total de incidência sobre esses itens.
De acordo com dados da Comissão de Comércio Internacional dos EUA, as novas tarifas alcançam cerca de 3.800 itens específicos vendidos por empresas brasileiras em 2024, que somaram US$ 24,2 bilhões em exportações para o mercado americano. Entram na lista produtos como aço, ferro, carnes, madeira, café e equipamentos agrícolas.
Apesar do impacto expressivo, cerca de 700 produtos foram poupados da sobretaxa, e entre eles estão 419 que compuseram a pauta de exportações brasileiras no ano passado, o que representa 43% do total comercializado pelo Brasil com os EUA, num volume de US$ 18,4 bilhões. Esses produtos mantêm isenção, com destaque para petróleo e aeronaves.
O petróleo bruto leve lidera a lista dos itens isentos de maior valor, com US$ 4,3 bilhões em vendas ao mercado norte-americano em 2024. O setor de combustíveis, incluindo diferentes tipos de óleos e derivados, responde sozinho por quase metade do valor total das exportações brasileiras isentas de sobretaxa.
Na sequência, figuram aeronaves, frutas (incluindo suco de laranja), ferro e aço em algumas especificações e pasta de madeira. Em diversos desses segmentos, a isenção abrange produtos de maior complexidade ou de difícil substituição.
Há, ainda, 27 categorias que aparecem simultaneamente nas listas de sobretaxa e isenção, dependendo da variação específica do produto, como peso, forma, composição ou uso. É o caso de equipamentos industriais, máquinas elétricas e diferentes tipos de aço. O ferro-gusa, por exemplo, entra na lista isenta, enquanto outros materiais siderúrgicos não escaparam da taxação.
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Entre os setores mais atingidos pelas novas tarifas está o de ferro e aço, com 99 itens incluídos, entre vergalhões, barras, fios, chapas e materiais amplamente utilizados na indústria. Só esse grupo movimentou US$ 2,8 bilhões em exportações brasileiras aos EUA no ano passado.
Outras categorias relevantes na lista de produtos taxados incluem as chamadas “disposições especiais de especificação”, que abrangem regras técnicas ou comerciais específicas. Nessa classificação, serão sobretaxados itens como máquinas agrícolas, esculturas, artigos para instituições públicas e equipamentos reimportados com alterações, excetuando aqueles enviados para reparos.
Também chama atenção a inclusão do setor de café, chá, mate e especiarias, que totalizou US$ 1,9 bilhão em exportações em 2024, sendo a maior parte correspondente ao café. O produto é considerado estratégico para o Brasil, mas ficou de fora da lista de exceções dos EUA. Além do café, outros itens do mesmo grupo, como gengibre, páprica, pimenta e baunilha, também serão atingidos pela nova tarifa.
No setor de máquinas e equipamentos agrícolas, os impactos devem ser sentidos especialmente por empresas com menor diversificação de mercados, já que os EUA são um dos principais destinos desse tipo de produto.
Em termos de volume, há 56 setores cujos produtos representam menos de 0,5% do total a ser taxado, movimentando abaixo de US$ 100 milhões no ano passado. Nessa faixa estão 1.700 itens variados, incluindo peixes, chocolates, brinquedos, seda, perucas, tapioca, malhas e até cavalos e artigos de chapelaria.
Enquanto isso, o setor exportador brasileiro e entidades como o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) seguem tentando negociar a exclusão de alguns produtos da nova política tarifária, especialmente o café. O governo norte-americano, no entanto, sinalizou que não pretende recuar, argumentando que há outras opções de fornecimento no mercado global.
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Graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e O Mundo dos Inconfidentes.
