No último fim de semana, a histórica Casa da Ópera de Ouro Preto, o primeiro teatro do Brasil e o mais antigo ainda em atividade das Américas, recebeu a 3ª Edição do Festival de Popularização de Teatro (Festival Pop de Teatro). Além da histórica casa, a escadaria da Igreja Nossa Senhora do Carmo se tornou palco externo do evento.
Grandes nomes do teatro nacional retornam à cidade histórica para participar do festival. Pedro Bismarck (Nerso da Capitinga), Gorete Milagres (Filomena) e a Cia. de Comédia Melhores do Mundo, com a peça sucesso de público Hermanoteu na Terra de Godah.
Além deles, também passaram pelos palcos do Festival Pop de Teatro, as hilárias Santinhas do Pau Oco e peças para o público infantil: O Rei Leão e O Mágico de Oz.
O Homenageado.
Esta edição homenageou o ator e comediante com 40 anos de carreira, Pedro Bismarck. O personagem Nerso da Capitinga contagiou milhões em programas de TV como a Escolinha do Professor Raimundo (Rede Globo) e a Praça é Nossa (SBT), e agora volta aos palcos ouro-pretanos.
Durante a coletiva de imprensa que ocorreu antes da apresentação, o ator comentou sobre sua experiência fazendo humor popular: “É um desafio. Mas também você tem um público muito grande. Então o resultado compensa. Eu já comecei assim, eu não tive problema com isso, meu personagem agrada a todo mundo é uma linguagem possível”.
O ator, que diz se sentir em casa ao se apresentar no teatro histórico, ressalta que seu lugar é o teatro. Pedro diz que precisou se adaptar à televisão. “Eu fiz seis anos antes de ao vivo, quando eu cheguei lá eles que trataram de consertar porque o Nerso já tava pronto”. E também destaca que estar nos palcos é viciante. “As pausas, as participações, é muito interessante. O ‘ao vivo’ é uma cachaça, você vicia no palco. Por isso que a gente adora”.
Falando em pausas, um momento que se destacou na apresentação em Ouro Preto foi a risada de Thais. A ouro-pretana começou a rir e não conseguia parar. Sua risada contagiou todo o teatro que caiu na gargalhada. “Eu não consigo parar de rir, a minha risada é o tempo todo não tem lógica. Quando estamos em festividade ou quando eu junto com a família também é assim”, comentou a dona da risada.
Maria Assunção, também estava na plateia. Ela, que estava empolgada para os próximos espetáculos, gostou muito de ver o Nerso, que já conhecia da TV, ao vivo.
Para toda família
No segundo dia a escadaria ficou lotada com famílias que foram ver tanto o espetáculo para as crianças, O Rei Leão, quanto para a icônica Filomena.
Lucimar e Edilson levaram seu filho, Matheus, para ver o festival. “Todo evento que tem, tanto em Ouro Preto quanto em cidades vizinhas a gente participa de tudo”, comenta Lucimar. Ela adiciona que costuma ir pelo filho que adora esse tipo de atração.
Matheus, junto de seus pais, na plateia de O Rei Leão
Miller Isaac, de 7 anos, adorou a montagem de O Rei Leão, e acrescenta “O Pumba é muito engraçado”. Sua mãe, Mirley, estava ansiosa para ver a Filomena, “lembro dela na Praça é Nossa”, comentou. A família veio de Mariana assistir a peça, e pretendia voltar para conhecer O Mágico de Oz, que foi apresentado no dia seguinte.
Anderson foi junto de cerca de 15 pessoas assistir às peças. Ele comenta que foram para levar as crianças, mas que os adultos também estão empolgados para ver. “Relembra a época que eu vi pela primeira vez o filme, é um momento nostálgico da minha infância” diz Anderson.
Efigênia, de 76 anos, estava muito animada para ver a Filó. “Eu já conheço o trabalho dela, assistia na Alterosa, estou animada demais”. Ela não gosta muito de teatro, mas foi ao Festival para ver o espetáculo de Gorete.
Gorete completará, no próximo dia 31 de maio, 30 anos de carreira e se sente muito emocionada por poder fechar as comemorações em Ouro Preto.
“Festival de teatro é uma coisa que não dá para explicar, né? Porque é um encontro de muitos artistas e num lugar como esse! Um teatro histórico, primeiro teatro do Brasil. É muita emoção, muita felicidade de ser escolhida para estar aqui. (..) Eu tô fechando com chave de ouro. Eu tô comemorando os 30 anos do jeito que eu queria comemorar: com as pessoas me assistindo de graça, porque eu acho que o povo merece arte e cultura. Um festival desse merece só o meu aplauso e meu agradecimento”.
Durante uma conversa com o Galilé, Gorete Milagres contou sobre sua história e como surgiu a sua personagem Filó: “Filomena surgiu na minha infância, antes da pré-escola, eu ia para a fazenda dos meus avós. E eu passava meses lá e minha tia cuidava dos meus avós e quem cuidava de mim eram as empregadas domésticas. Eu observei muito essas empregadas que tinham muito carinho por mim e na adolescência eu passei a imitá-las. E aí foi o começo da Filomena. Mas eu só fui estruturar a personagem em 1991 e em 1994 eu estreei para um grande público”.
Para Gorete, a Filó é um personagem natural para ela, “Eu fui criada no meio de pessoas muito simples, em lugares em comunidades pequenas, vilarejos pequenos”. Gorete acrescenta que uma fonte para ela foi ter uma família grande, com gente de todo tipo.
“Eu naturalmente eu fui encaixando todas as minhas vivências na personagem e quando eu apareci com ela na primeira apresentação, eu já senti que eu criei uma identificação porque o público riu. E ali eu falei ‘Ô, coitado’, dessa forma que eu sempre falo, e alí já teve uma resposta e eu nunca mais parei de trabalhar com a personagem. E quando eu fui para a televisão eu pude alcançar milhões de pessoas, fui campeão de audiência de televisão brasileira.”
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Micalatéia?
O terceiro e último dia foi marcado pela apresentação da Companhia de Teatro Os Melhores do Mundo, com a peça Hermanoteu na Terra de Godah.
Público de toda região foi assistir a epopeia do personagem título. Um grupo de quatro amigos vieram de Conselheiro Lafayette só para ver a peça.
Jamille, uma dos amigos, viu em um portal de notícias que Hermanoteu estaria em cartaz em Ouro Preto. “Eu vi no Instagram o festival, aí eu pensei ‘caraca como é que eu não sabia que esse festival existia’, aí eu fui entrei e vi o Hermanoteu”, conta a fã da peça. Para os amigos era consenso “a gente precisa ir”.
Lorenzo e Maria Luiza estavam empolgados para ver a peça ao vivo pela primeira vez. Maria Luiza conheceu a peça quando um professor do ensino médio passou ela em sala. Ela que é ouro-pretana acha que não pode faltar piadas com os morros da cidade. E spoiler, teve piadas com os morros da cidade
Já Lorenzo descobriu, quando foi pesquisar mais trabalhos de Welder Rodrigues, de quem ele é fã. O ator interpreta Isaac e o Diabo, além de outros personagens na peça.
Esta é a segunda vez que Os Melhores do Mundo vieram a Ouro Preto. A primeira foi em 1997, quando a cia. tinha apenas dois anos, foi a primeira vez que eles se apresentaram fora da cidade natal do grupo, Brasília. Agora voltam iniciando as comemorações dos 30 anos, que será celebrado em abril de 2025.
Durante a coletiva com a imprensa, Adriano Siri diz se sentir emocionado em voltar à cidade. “A gente fez questão de vir para Ouro Preto desta vez porque é um momento onde o grupo percorre o Brasil inteiro, até em alguns outros países, mas esse tipo de acontecimento, esse tipo de festival é uma delicadeza, é um contato com um público tão especial”.
Jovane Nunes brinca com o tempo que se passou desde a última vinda à cidade. “E esse evento maravilhoso, abre de certa forma a comemoração dos nossos 30 anos de carreira. E como foi dito, estivemos aqui em 97, Tiradentes ainda trabalhava, tinha consultório. ‘Tava’ vivo ainda!”. E comenta que ao ser perguntado onde seria o evento respondeu: “Em frente a uma igreja antiga”, o que Siri responde, “Tem gente procurando ainda”.
Jovane lembrou da república estudantil de Mariana, Terra de Godah, que tem este nome como homenagem a Peça, “Hoje as meninas da República estarão aqui para assistir. Que honra!”
Adriano, comentou sobre a evolução da peça:
“Hermanoteu foi escrito em 1995 é uma das peças mais antigas, que rodam ainda com no nosso repertório. Houve dois ou três momentos de mudança principal, mas eu posso garantir que uma vez que nós fazemos comédia o espetáculo é orgânico, ele se transforma quase que diariamente. Então hoje teremos aqui coisas que não tivemos ontem em Belo Horizonte e que na semana passada não tínhamos quando fizemos em São Paulo. A gente permite que a peça se transforme, até porque se você tá há 30 anos fazendo exatamente a mesma coisa isso se transforma num problema e não numa solução.”
Adriana Nunes completa que a peça é um “retrato da sociedade de alguma forma a peça vai crescendo e vai se modificando e as piadas vão se atualizando de acordo com a mudança na política, no esporte, na sociedade, no comportamento. Então a gente fala sobre a realidade das pessoas. Elas estão rindo na verdade delas, das situações que a gente passa, o teatro sobre isso”.
É um consenso entre o elenco a importância da internet para a democratização da arte. Eles não veem mais como uma ameaça. As pessoas veem a peça e querem ver ela ao vivo, toda apresentação é única. Adriana ressalta que essa distribuição online permite a espalhar o teatro e a conseguir investimento para as artes.
A 3ª edição do Festival Pop de Teatro pode ter acabado, mas a próxima edição já tem data e local. Congonhas receberá o evento entre os dias 17 e 19 de julho. Fique ligado no Galilé para receber em primeira mão mais informações sobre o evento.
Caso você tenha perdido alguma das peças ou queira gargalhar novamente acesse a playlist com as apresentações clicando aqui.
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Graduando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atua como estagiário no Jornal Geraes e na Rádio Real FM.
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