Nos dias 23 e 24 de abril, o Museu de Mariana recebeu a V Semana Estadual de Incentivo à Literatura, que integra o calendário do “Ano Mineiro das Artes”. Sob o tema “Literatura, Quæ Sera Tamen”, o evento reuniu autores, educadores, leitores e entusiastas da palavra escrita.
A abertura contou com a fala do coordenador da Biblioteca Pública Municipal de Mariana, Alexandre Soares, que destacou o papel transformador da literatura. Em seu discurso, ele lamentou a ausência da palestrante Beatriz Latini, que não pôde comparecer devido ao falecimento de sua madrinha, e agradeceu a Josiane e Théo Almeida pela flexibilidade em adaptar suas agendas.
Alexandre também refletiu sobre o valor dos livros na construção de uma sociedade mais justa: “Diversos dados indicam que, em passado recente, a diferença entre a pobreza e uma vida com menos mazelas poderia ser medida de acordo com quantos livros uma criança cresceu lendo”, afirmou.
A noite seguiu com apresentações que abordaram a literatura como elemento de pertencimento, memória e reinvenção. A diretora do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens, Ana Cláudia Rôla Santos, conduziu uma conversa sobre o poeta que dá nome ao museu.
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Durante a discussão sobre o clássico poema “Ismália”, Ana falou sobre como a obra ganhou novos sentidos ao longo do tempo: “Quando o Emicida trouxe ‘Ismália’ para o disco AmarElo, em 2019, ele deu nova vida a esse poema. Ele já não fala mais da mulher branca enlouquecida do simbolismo, mas de uma figura negra que quase alcança, mas nunca chega. É uma leitura contemporânea, urgente”, disse.
A escritora e professora da UFOP, Guiomar de Grammont, emocionou o público ao compartilhar uma vivência com sua neta que evidencia a força duradoura da literatura: “A Aurora chorava sem parar por causa do cachorro do Ulisses, em A Odisseia. Isso mostra a força de uma história que, mesmo escrita há quase três mil anos, ainda comove uma criança hoje. É isso que a literatura faz: atravessa o tempo e o espaço”, contou.
Guiomar também propôs uma reflexão sobre a experiência de leitura: “O livro nunca é o mesmo. Cada leitor preenche os vazios com suas próprias emoções e memórias. Isso o torna infinito”, afirmou. A autora ainda realizou uma dinâmica, convidando o público a compartilhar obras que os marcaram. Títulos como O Diário de Anne Frank e Meu Pé de Laranja Lima foram lembrados.
A programação do dia 23 contou ainda com a participação de Josiane e Théo Almeida, além de Iva Bernardino. Para o dia 24, estavam previstas as presenças de Pe. Edvaldo de Melo, Giseli Barros, Beatriz Latini e Thalia Gonçalves.
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Bacharel em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e Portal Mais Minas.