Vereador Kuruzu comenta manifestação por moradia em Ouro Preto

abr 23, 2025abr 23, 2025 João B. N. Gonçalves

Na madrugada desta segunda-feira (21), a Praça Tiradentes, em Ouro Preto, às vesperas das celebrações da Medalha da Inconfidência, recebeu uma manifestação pacífica liderada pelo vereador Wanderley Kuruzu (PT) e por integrantes da Ocupação Chico Rei. O protesto reivindicava a destinação das chamadas “Terras da Febem” — um terreno de cerca de 300 hectares, pertencente ao Estado e abandonado há mais de 40 anos — para a construção de moradias populares.

O ato começou na noite de domingo (20), quando cerca de 40 manifestantes, entre eles idosos e crianças, montaram um acampamento em frente ao palanque oficial preparado para a solenidade do 21 de Abril, que contou com a presença do governador Romeu Zema. Durante a madrugada, a Polícia Militar isolou a área e a presença dos agentes gerou momentos de tensão. Manifestantes relataram ameaça de retirada forçada, mas a PM negou qualquer tentativa de coerção, informando que apenas comunicou o isolamento da praça para o evento oficial.

Após horas de negociações, por volta das 4h15, representantes do governo sinalizaram a abertura de um canal de diálogo com o movimento, o que foi comemorado pelos participantes como uma vitória da mobilização popular.

Em entrevista à Rádio Real FM, o vereador Kuruzu comentou a manifestação e defendeu a pauta da luta por moradia. Segundo ele, é importante reforçar que os participantes não estão “pedindo nada de graça”, mas sim buscando uma solução viável diante do alto custo dos imóveis em Ouro Preto. “Uma família de baixa renda não consegue comprar um lote de R$ 200 mil e construir uma casa simples de R$ 100 mil. É matematicamente impossível”, afirmou.

Leia também:

Kuruzu também criticou o abandono das Terras da Febem. Para ele, o terreno, localizado na entrada da cidade, deveria ser utilizado para atender à demanda por moradia e para projetos de interesse público. “É um escândalo essas terras continuarem abandonadas. São públicas, pertencem ao povo, e estão sob responsabilidade do Estado”, disse.

O vereador lembrou que estudos técnicos, como a carta geotécnica do professor Frederico Sobreiro, já indicaram a viabilidade de urbanização da área. Ele acrescentou que projetos elaborados pela Prefeitura apontam que o terreno comportaria cerca de 500 unidades habitacionais entre casas e apartamentos.

Além da construção de moradias, Kuruzu defendeu que o espaço poderia ser aproveitado para outros fins públicos, como a criação de uma área de eventos para aliviar o trânsito no centro histórico durante grandes festividades, a construção de um estacionamento estratégico para turistas e até mesmo a implantação de um centro administrativo para concentrar secretarias municipais.

“Essas terras são preciosidades para Ouro Preto. Estão criminosamente abandonadas. Quem abandona patrimônio público comete crime”, declarou o vereador. Ele afirmou que a luta continuará até que as autoridades tomem providências concretas para a destinação adequada do terreno.

A manifestação desta segunda-feira se soma a outros esforços realizados desde 2015 para pressionar o poder público pela utilização social das Terras da Febem. O movimento promete manter a mobilização enquanto não houver uma solução definitiva para a questão.

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias da Região dos Inconfidentes e de Minas Gerais? Então siga o Jornal Geraes nas redes sociais. Estamos no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!