Vitrais de Gianfranco Cerri são revitalizados para inauguração do Vila Galé Ouro Preto

Vitrais de Gianfranco Cerri são revitalizados para inauguração do Vila Galé Ouro Preto

Três vitrais históricos do mestre italiano Gianfranco Cerri foram revitalizados para compor o projeto arquitetônico do hotel Vila Galé Collection Ouro Preto, com inauguração prevista para maio de 2025. Os painéis, que retratam a Santa Ceia, foram originalmente criados em 1974 por encomenda da Congregação Salesiana, quando o prédio abrigava o Colégio Dom Bosco. Após décadas de abandono, as obras passaram por um criterioso processo de recuperação conduzido por especialistas reconhecidos na arte do vitral.

As intervenções ficaram a cargo de Fernando Felicíssimo — que foi aprendiz de Cerri — e da dupla Mônica Fonseca e Ruy Garcia, do Galpão Arte Mosaico. O trabalho começou em 13 de março e foi finalizado em 28 do mesmo mês. De acordo com Mônica Fonseca, os painéis estavam empilhados em pé, bastante danificados e cobertos por uma camada de sujeira acumulada ao longo de 51 anos. “Foi uma revitalização, não um restauro”, explicou.

Fernando Felicíssimo, que atua como mestre vitralista em Santa Cruz (ES), detalha o processo técnico: “Depois de limpos, colamos uma chapa de policarbonato de 6 milímetros na parte de trás dos vitrais. Em seguida, completamos as áreas ausentes com resina de poliéster e aplicamos uma camada de resina epóxi sobre a superfície da obra”. O objetivo, segundo ele, foi preservar a integridade dos fragmentos originais sem comprometer o valor histórico da peça.

Além da recuperação estrutural, foi necessário reproduzir algumas cores desaparecidas, buscando a maior fidelidade possível ao desenho original. Fernando, que acompanhou Cerri em 1977 nos trabalhos no Santuário Dom Bosco, em Brasília, destaca que o mestre utilizava uma técnica exclusiva, moldando manualmente pequenas barras metálicas para formar o contorno do desenho: “Era um processo artesanal, com riqueza de detalhes e composição muito bem elaborada”.

O gerente-geral do Vila Galé Ouro Preto, Eduardo Silva, reforça o compromisso do hotel com a preservação da memória local: “Os painéis estavam muito degradados e tivemos dificuldade até de transportá-los. Agora estão em excelente estado. Nosso objetivo é manter o patrimônio que já existia no edifício e valorizar sua história”.

Ruy Garcia, Mônica Fonseca, do Galpão Arte Mosaico; Eduardo Silva, gerente-geral do Vila Galé Ouro Preto; e Fernando Felicíssimo, mestre vitralista / Foto: Victor Stutz

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Além dos vitrais, o projeto de restauração contempla outros elementos históricos do prédio, como lustres, objetos litúrgicos e mobiliário. O hotel também contará com dois memoriais dedicados às instituições que marcaram o edifício: o Regimento Regular de Cavalaria de Minas, origem da Polícia Militar do estado, e o Colégio Dom Bosco. Um novo vitral está sendo produzido para homenagear a atuação salesiana no local.

O Vila Galé Ouro Preto é a primeira unidade da rede portuguesa em Minas Gerais e integra a linha Vila Galé Collection, voltada a hotéis de alto padrão instalados em imóveis de relevância cultural e paisagística. A ambientação inclui painéis temáticos, pedras preciosas — em referência à tradição mineral da região — e homenagens a personalidades históricas.

Sobre Gianfranco Cerri

Nascido em Pisa, Itália, em 1928, Cerri foi muralista, ceramista, pintor, fotógrafo e restaurador. Radicado em Belo Horizonte desde 1951, recebeu diversos prêmios e deixou sua marca em projetos como a Via Sacra da Basílica de São José (Barbacena), a Catedral de Juiz de Fora, o Mineirão e o Santuário Dom Bosco, em Brasília. Faleceu em 2008, consolidado como um dos grandes nomes das artes visuais no Brasil.

Sobre a Rede Vila Galé

Fundado em 1988, o grupo Vila Galé é hoje o segundo maior operador hoteleiro de Portugal. Com 45 unidades em quatro países — Portugal, Brasil, Cuba e Espanha — a rede administra cerca de 10 mil quartos e emprega mais de 5 mil pessoas. No Brasil, já são 11 hotéis em operação, sendo o de Ouro Preto o primeiro em Minas Gerais. A rede é reconhecida por valorizar edifícios históricos e integrar suas estruturas ao contexto cultural das regiões onde atua.]

Matéria construída com informações apuradas pela Revista Mundaréu

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