Uma bela manhã na Biblioteca Pública de Ouro Preto reuniu pesquisadores, imprensa, políticos e população em geral para celebrarem os 200 anos de fundação da imprensa de Ouro Preto. O evento ocorrido no último dia 25 teve homenagem ao centenário de Itabirito, mesa-redonda sobre a cultura impressa em Ouro Preto e lançamento do livro ‘’Imprensa de Ouro preto no século XIX’, da pesquisadora Francelina Drummond.
Representando os gestores locais, estiveram presentes o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, a vice-prefeita Regina Braga, o vice-prefeito e secretário de Cultura e Turismo de Mariana, Cristiano Vilas Boas, e o Orlando Caldeira, prefeito de Itabirito, que recebeu uma homenagem pelo centenário de emancipação de Itabirito.
Na sequência teve início a mesa-redonda ‘’A Cultura Impressa: Jornais E Revistas Modernizam Ouro Preto’’, que reuniu pesquisadores e pesquisadoras para um importante debate sobre a história e evolução da imprensa, e foi mediada pelo historiador e pesquisador Moacir Rodrigo de Castro Maia.
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O historiador Robson Ferraz, bacharel e licenciado pela UFV e mestre em História pela UFOP, foi o primeiro participante a falar e apresentou o tema da sua dissertação de mestrado, que foi o estudo da trajetória do João Francisco de Paula Castro, um dos maiores empresários da imprensa mineira no século XIX. Entre os pontos estudados por Ferraz, destaca-se como o perfil do Paula Castro e os seus jornais foram mudando de acordo com os interesses e momentos do período o qual o país passava no século XIX.
O ouropretano Danilo Araújo Moreira, historiador pela UFV e doutorando pela UFMG, apresentou como o debate sobre a educação era realizado na imprensa mineira entre 1870 a 1889, pesquisa que resultou em sua dissertação de mestrado em história na UFOP. É incrível como a análise mostra que muitos dos problemas relatados em matérias, cartas ou artigos publicados nos jornais do período estudado são os mesmos ainda encontrados em várias regiões de Minas e do Brasil no século XXI, tais como a falta de estrutura nas escolas e investimento adequado para compra de livros e pagamento dos professores.
A marianense Thainá Teixeira da Cunha, que é jornalista e mestre em Comunicação pela UFOP, levou para a mesa outro ponto importantíssimo da história da comunicação: ‘’O negro no discurso do Estrela Marianense’’, tema de sua dissertação de mestrado. Thainá analisou como o negro estava presente no jornal Estrela Marianense, primeiro jornal de Mariana, com circulação entre 1830 a 1832, e concluiu que a presença era apenas em anúncios tratando-o como propriedade, seja relatando a fuga ou captura do negro escravizado no período.
Kátia Maria Nunes Campos, historiadora pela UFOP, mestra e doutora em Demografia pela UFMG, apresentou a metodologia de pesquisa em estudos da imprensa mineira, dando destaque em como os jornais buscam se adequar de acordo com os leitores, mudando ao decorrer do tempo, passando a serem cada vez mais locais, dando voz e espaço para o que acontece em Ouro Preto, mas sem perder a conexão com o que acontece fora da região.
Kátia, experiente pesquisadora ouropretana, destacou a qualidade dos trabalhos apresentados naquele dia e o fato de serem desenvolvidos por jovens pesquisadores, mostrando, assim, a importância do campo de estudo e como a ciência segue viva
Ao final, Francelina Drummond, pesquisadora, escritora e co-fundadora do Jornal Galilé em 1990, apresentou o seu novo livro ‘’Imprensa de Ouro Preto no século XIX’’, resultado de minucioso estudo sobre todos os periódicos veiculados em Ouro Preto no período.
Como foi uma mesa que reuniu trabalhos tão importantes sobre a história da imprensa na nossa região e muitas pessoas não puderam participar por causa do horário, o jornal Galilé está preparando reportagens especiais sobre cada tema abordado, a fim de que cada trabalho tenha ainda mais visibilidade e o interesse sobre o conhecimento e pesquisa sobre a história da imprensa local possam aumentar, gerando novos debates e trabalhos no futuro.
Como imprensa local o Jornal Galilé entende a importância de estar inserido em discussões sobre o passado, presente e futuro da imprensa. São momentos e trabalhos como os apresentados na última quarta que ajudam em nossas reflexões e contribuem para sermos um jornal cada vez mais alinhado com o nosso tempo, sendo o espaço de informação, opinião e debate sobre fatos da nossa região, de Minas e do Brasil.
O livro ‘’Imprensa de Ouro Preto no século XIX’’ foi publicado pela Editora Liberdade e está disponível para venda na livraria São José, em Ouro Preto.
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Economista, diretor do Instituto Galilé. Escreve no jornal Galilé sobre temas diversos como economia, cultura, política e esportes.