O Cruzeiro venceu o Fluminense por 2 a 0 em mais uma exibição de gala do lateral direito William. O defensor fez os dois gols da Raposa, sendo o segundo um golaço, atravessando o campo todo, já no final da partida. O alto nível entregue pelo camisa 12 o coloca como grande destaque da equipe, ao lado de Matheus Pereira, em meio à uma crise mundial de talento pelas laterais. São poucos os times que confiam nos atletas dessa posição.
A CRISE DE LATERAIS QUE AFETA O MUNDO, EM ESPECIAL, O BRASIL
A seleção brasileira, como microcosmo da reserva de talento do país, nos apresenta a realidade: em 20 anos, saímos da unanimidade de Cafu e confiança em Daniel Alves, para Danilo, que apesar de ótimo jogador, não joga na posição há pelo menos 5 anos. Pelo lado esquerdo, o mesmo problema: do encanto com Marcelo e o credo nas pernas fortes de Roberto Carlos, para a incerteza de Wendell.
O colunista Matheus Cristianni, do site Trivela, nos apresenta uma possível justificativa para essa escassez de laterais cruciais. Para ele, na verdade, o mundo carece de jogadores importantes da posição pois as funções do lateral se tornaram mais complexas.
De acordo com a visão de Cristianni, antigamente, os laterais tinham a liberdade de avançar e cruzar a bola para a área adversária, exigindo velocidade, fôlego e habilidade técnica. Nos últimos anos, os técnicos começaram a congestionar os flancos para evitar ataques pelos lados, abrindo espaço no centro do campo. Isso levou à necessidade de laterais se adaptarem, atuando também no meio-campo.
Com o aumento das armas defensivas, apenas correr pela linha de fundo não é o suficiente, é preciso até inverter os laterais. Portanto, hoje em dia, um lateral precisa participar do jogo com muito mais complexidade. Com isso, as deficiências dos jogadores da função se tornam mais visíveis, fazendo com que os técnicos optem, inclusive, por jogar sem laterais. Outro ponto que pode explicar a crise é o processo de formação, que não dá a devida importância para jogadores dessas posições.
WILLIAM NO CRUZEIRO: UM LATERAL QUE DECIDE JOGOS
Quando foi anunciado, em 27 de dezembro de 2022, nem o mais otimista torcedor do Cruzeiro esperava por esse desempenho de William. Sem alarde, o atleta chegou ao Brasil depois de sete anos de Europa, convivendo com lesões e sendo preterido. E os números contam essa falta de atuação no velho continente: em um ano e meio de Brasil, o camisa 12 jogou mais da metade (50) dos jogos que disputou nos sete anos de Europa (92).
🏟️| “Time de Guerreiros” e o nome de William. Os gritos da torcida no fim do jogo! pic.twitter.com/KIa82thWRD
— Maic Costa (@omaiccosta) June 20, 2024
Contudo, desde que estreou, já colocou o seu nome entre os melhores do time. Com um começo claudicante, também dificultado pelas lesões, ele passou a ser importante de verdade na reta final do Campeonato Brasileiro do ano passado e neste ano.
Ao todo, ele já soma 4 gols e 10 assistências pelo Azul de Minas. E essas 14 participações diretas em gols não dizem da importância real do atleta para o mecanismo da equipe.
William é utilizado em todas as fases de construção do jogo do Cruzeiro. Nesse sentido, Matheus Pereira o aciona com frequência para gerar superioridade no ataque e seus cruzamentos são certeiros. Nas últimas três partidas, William deu uma assistência e fez um gol. Mas, defensivamente, seu destaque é ainda maior. Com grande solidez, ele consegue marcar os pontas adversários com tranquilidade, sem expor o sistema defensivo.
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Com William, o Cruzeiro tem ouro nas mãos. O jogador de 29 anos é um dos poucos laterais que são unanimidade no país. Portanto, Fernando Seabra deve começar a montar o time do segundo semestre com Matheus Pereira, William e mais 9.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.