Nos subdistritos de Engenho D’Água e Maciel, apesar de serem localidades de extremo valor cultural e histórico, os habitantes ainda precisam lidar com a falta de um direito básico: o saneamento. Para findar com esse problema, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) captou recursos para levar dignidade para a população. Nesse sentido, no final de semana, o colegiado – em parceria com a Agência Peixe Vivo, Subcomitê Nascentes e empresa CR-ETES – apresentou os projetos de coleta de esgoto para os moradores. Vale destacar que a Prefeitura de Ouro Preto participa ativamente do processo de captação e mobilização desta ação, através da Secretaria de Meio Ambiente.
O comitê foi criado para proteger o rio, que possui mais de 800 km de extensão, nascendo em Ouro Preto, no Parque das Andorinhas e desaguando no Rio São Francisco, em Várzea da Palma.
Nesse ínterim, essa iniciativa surge para cumprir o contrato n.º 08/2024, ato convocatório n.º 006/2023, que prevê a contratação de empresa para a elaboração dos projetos básicos e executivos de coleta, tratamento e destinação de esgotos domésticos por meio de módulos individuais. Nas plenárias recentes, as famílias foram informadas sobre a tecnologia exata que estará presente em cada casa e os critérios que levaram a essa seleção.
Afinal de contas, cada residência e terreno demanda um cuidado específico. E a empresa CR-ETES levou isso em consideração para a elaboração das propostas.
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Moradores celebram a captação de esgoto nos distritos beneficiados
Os projetos contemplam 33 residências em Maciel e 43 em Engenho D’Água, duas localidades pertencentes ao território distrital de São Bartolomeu, em Ouro Preto. Basicamente, todos os terrenos precisam criar as suas soluções para despejar o esgoto, seja com fossas ou liberando os dejetos no Rio das Velhas.
Essa falta de estrutura gera diversos problemas sociais e ambientais na comunidade. Em um primeiro momento, o dia a dia é dificultado pela falta de uma destinação adequada, isso porque as fossas individuais precisam ser limpas e quando não existe essa possibilidade, outro buraco precisa ser feito. Em um âmbito coletivo, as casas que depositam o esgoto diretamente no Rio podem contribuir para a contaminação das águas.
Esse segundo caso é o de Gisele Luzia Batista Gomes, de 30 anos, que vive em Maciel desde que nasceu. Ela contou que atualmente descarta os resíduos domésticos diretamente no curso d’água, situação que considera prejudicial. “Acho muito importante ter esse projeto porque é muito prejudicial para a saúde da gente e para o rio,” relatou.
A moradora destacou o impacto positivo do projeto para a qualidade de vida da comunidade e o meio ambiente. “Esse curso de água onde a gente joga deságua no Rio das Velhas, que já está quase acabado de esgoto. Então, pensando nas minhas filhas, acho que no futuro vai ser muito bom para elas. A gente vai ter a consciência limpa de que não está poluindo”
E esse olhar para o coletivo é compartilhado por muita gente em Maciel. Maria da Graça Guerra Lajes, ou somente Dona Graça, de 72 anos, vive há duas décadas no Subdistrito, e para ela, esse projeto de saneamento “É, para mim, a coisa mais importante que existe, porque estamos na cabeceira do Rio das Velhas,” afirmou. “Às vezes, pela simplicidade da gente, achamos que fazer um buraco e jogar o esgoto ali não contamina o solo, a água, o lençol freático. Esse projeto é essencial para o nosso bem-estar e para o rio.”
Embora não seja nativa do distrito — ela se mudou para Maciel em 2004, vindo de Conceição do Mato Dentro — Dona Graça desenvolveu um forte laço com a região e expressa um grande apreço pela iniciativa. Na reunião, ela estava com uma camisa em homenagem à localidade, com uma foto e um poema. Para ela, o diferencial desse projeto é o cuidado que a empresa CR- ETES teve para com a comunidade.
“Estou encantada com o processo. Eles conhecem o nome das pessoas, a realidade de cada casa. Eu nunca vi nada assim, tão bonito e envolvente,” contou.
Após a apresentação dos projetos e discussão das propostas, os moradores assinaram o termo de aceite, que indica sinal positivo para a continuidade do projeto. Agora, a empresa e a Agência Peixe Vivo levam os croquis para discussão junto ao comitê, com os apontamentos dos moradores. Depois, será elaborado um outro edital para contratação da empresa que executará o projeto, levando saneamento rural para centenas de pessoas.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.