Seja no embate contra o ótimo time do Botafogo na Libertadores, seja no duelo contra o Flamengo, em que o Atlético já saiu atrás, o alvinegro se vê colocado como ‘azarão’. Logo o Galo, time cuja torcida transformou o verbo ‘acreditar’ em substantivo. Ou seja, para o atleticano, as próximas semanas serão de um confortável desespero. Serão de uma esperança racional no improvável.
Um jogo ruim, mas poderia ser bem pior
O começo da epopeia atleticana nas duas finais que disputa não foi bom. O Flamengo, inflamado pela torcida e pelo ódio — que eles juram ser unilateral — conseguiu sair na frente com o reaparecimento de Gabriel Barbosa e o aparecimento de Arrascaeta, vilão clichê, mas sempre presente nessas histórias.
Para além disso, foi uma atuação apática do Galo. Talvez, por o duelo ser no domingo, o time treinado por Milito tenha confundido as coisas e achado que era um jogo de Campeonato Brasileiro. Mas só talvez.
De todo modo, sair com um 3 a 0 seria muito pior. Afinal, mesmo sem ter uma ‘cara’, o escrete rubro-negro comandado por Filipe Luís já demonstrou que não tem vergonha de defender, como no duelo contra o Corinthians.
Por isso, o improvável, que deve ser algum amigo de longa data de Reinaldo, Ronaldinho e Victor, resolveu dar as caras já neste jogo de ida. Quis o destino que o gol de empate surgisse dos pés de Alan Kardec, jogador que estava há mais de 500 dias sem balançar as redes. Quis o ‘Acredito de Almeida’ que o último grito de gol desta tarde de final no Maracanã fosse entoado pela torcida atleticana. E o 3 x 1 mantém o Atlético vivo para o jogo da volta.
Ainda que o roteiro imaginado seja bonito, a parada vai ser dura. Para vencer o primeiro título nacional na Arena MRV, o Atlético precisa repetir um feito que só o Sport, em 2008, conseguiu. Mas, se serve de consolo, naquele ano Carlinhos Bala previu o título do Leão logo após o primeiro jogo no Pacaembu, em que o Corinthians saiu na frente com o mesmo 3 a 1:
‘Aquele gol veio para mudar tudo, foi enviado por Deus. É o gol que vai nos dar o título, porque aqui na Ilha a gente tira essa diferença. Só nos resta entrar em campo encurralando o Corinthians, assim como eles fizeram conosco lá.’
O gol foi de Enilton, aos 45 minutos do segundo tempo. No jogo de volta, o Sport fez 2 a 0 e levou o título.
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Virada contra o Flamengo pode aplicar ‘injeção aditivada de moral’ no Atlético
Caso o dia 10 de novembro termine com a Praça 7 tomada por torcedores de preto e branco, a moral dos comandados por Milito será renovada para a grande final da Libertadores, marcada para 30 de novembro, na Argentina.
Ainda que o Botafogo tenha a seu favor o elenco milionário e um trabalho bem mais linear que o do Galo, será muito complicado enfrentar uma equipe que tenha ao seu lado um feito como essa possível virada.
Mas, para isso, o ‘Eu acredito’ terá que se transformar em um estado de espírito, tomando conta de pelo menos 50% do estado de Minas Gerais e chegando até o campo, que, pela primeira vez, será testado como símbolo do impossível.
Que venha a próxima etapa do ENEM e o jogo de volta da final da Copa do Brasil 2024.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.