A Mostra de Cinema Preto Periférico, que acontecerá em Ouro Preto entre os dias 21 a 26 de outubro, criará o prêmio ‘Marku Ribas’, com o intuito de homenagear o artista e valorizar outros realizadores que buscam a multi-artisticidade. O evento foi criado ano passado por Ben Hur Nogueira, e reúne realizações artísticas de pessoas de periferia, feitas para contar o mundo através dessa realidade.
Marku Ribas nasceu em Pirapora, em 1947. Durante os anos 60, 70 e 80, teve uma importante participação na música brasileira, experimentando diversos ritmos e estilos musicais. Durante toda a sua vida, foi um ativista político, referência na luta antirracismo. Ele faleceu em 2013, em decorrência de um câncer de pulmão.
Ele foi conhecido principalmente por sua carreira musical, também teve uma importante participação no cinema, com destaque para sua atuação no filme Batismo de Sangue, onde interpretou Marighella. Para Ben Hur, essa foi a representação mais precisa da figura de Marighella no cinema brasileiro.
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A escolha de Marku Ribas como referência para o prêmio está profundamente ligada aos paralelos pessoais que Ben Hur enxerga entre sua trajetória e a de Marku, especialmente no âmbito do caráter versátil artisticamente de Ribas e Nogueira.
“Eu, Ben Hur, como idealizador da Mostra, escolhi o Marku Ribas porque existem paralelos pessoais entre mim e ele. A começar por toda a trajetória multiartística, né, que o Marku propôs. Ele foi músico por muitos anos da sua vida, chegou a ser exilado. Mas o que me chamou a atenção na carreira do Marku, além da sua carreira musical, foi a carreira dele no cinema. Ele passa por filmes como Batismo de Sangue, Uma Onda no Ar e o filme que mais me surpreendeu do Marku: Batismo de Sangue, onde ele interpreta Marighella. Para mim, foi a interpretação mais acurada da pessoa do Marighella, da persona do Marighella. Marighella é apagado no cinema nacional, mas ao mesmo tempo se demonstrava um ser humano completamente potente.“
disse Ben Hur ao Geraes.
O realizador da mostra acredita que Marku Ribas representa uma ‘divindade’ artística ainda pouco reconhecida no Brasil. Por conta disso, o nome dele representa para além de sua própria figura, todas as lutas de sua vida.
A MOSTRA DE CINEMA PRETO PERIFÉRICO EM OURO PRETO
Em novembro do ano passado, ao lançar o seu filme “Pandeminas”, Ben Hur deu início ao projeto intitulado “Mostra Cinema Preto Periférico” de Ouro Preto. Assim sendo, na primeira edição, o evento ocorreu entre os dias 11 a 14 de dezembro no Cine Vila Rica e foi aberto ao público de forma gratuita.
Como realizador e agora produtor cultural, Nogueira tem planos ambiciosos para seu projeto. Ao Geraes ele revelou que deseja que o festival se torne um dos maiores fenômenos culturais do Brasil, ganhando maturidade e presença de personalidades afro-brasileiras e periféricas. Por isso, essa homenagem para Ribas imortaliza a história do artista.
“Nos próximos anos, a Mostra vai ganhar mais fôlego, vai ganhar mais maturidade, e ao longo dos anos vai ter mais presença de pessoas, personalidades afro-brasileiras e periféricas também, acima de qualquer outra coisa (…) Eu acredito que a criação do Prêmio Marku Ribas busca transfigurar essa figura. Eu vejo muito isso na cultura brasileira, que a gente tem mania de exaltar determinadas figuras e apagar outras. Tipo, por exemplo, em Belo Horizonte está lotado de viadutos que homenageiam torturadores da ditadura, que homenageiam escravocratas. Eu acredito que o Prêmio Marku Ribas traz uma transfiguração da cultura brasileira como um todo”
Revelou Ben-hur, criador da Mostra de Cinema Preto Periférico de Ouro Preto.
A mostra acontece entre os dias 21 a 26 de outubro, novamente no Cine Vila Rica, no coração do Centro Histórico de Ouro Preto.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
