No dia 23 de novembro de 2019, o Cruzeiro foi derrotado pelo Santos por 4 a 1. Com o resultado, o Azul de Minas afundava-se na zona de rebaixamento. Aquele jogo foi justamente o anterior à fatídica partida contra o CSA no Mineirão, ponto nevrálgico da campanha de queda. Agora, exatos cinco anos depois, no dia 23 de novembro de 2024, o Cruzeiro disputará a final da Copa Sul-Americana, contra Corinthians ou Racing. A coincidência, se não representa uma volta definitiva aos tempos de glória, simboliza o retorno da esperança.
De lá para cá, a luta foi árdua. Os três anos na Série B do Campeonato Brasileiro machucaram a torcida. Além dos problemas esportivos, o nome da instituição aparecia vez ou outra nas páginas policiais, devido à desorganização financeira e à corrupção presentes na administração.
Em 2021, veio o primeiro respiro: com a aquisição de Ronaldo, a Raposa tornou-se SAF e começou a se reorganizar. Em 2022, a volta para a elite trouxe um alívio momentâneo.
Esse alívio, contudo, durou pouco. O ano de 2023 foi novamente um período de luta, no qual o Cruzeiro só conseguiu escapar da ameaça de rebaixamento no penúltimo jogo. Os protestos contra a administração “asséptica” de Ronaldo se intensificaram, levando o ex-jogador a decidir vender sua parte na SAF em 2024. Pedro Lourenço, o Pedrinho BH, decidiu “assumir a bronca”, e essa ação pode ter mudado o rumo deste retorno do Cruzeiro.
ESTRUTURAÇÃO, INVESTIMENTOS E AMBIÇÃO: MARCAS DO RETORNO
Com a venda de Ronaldo, o Cruzeiro passou por uma mudança de rota definitiva no meio deste ano. Ainda assim, é preciso dar crédito à gestão de R9. Ele estruturou o clube, obteve financiamentos e tirou a Raposa do fundo do poço. Além disso, garantiu a contratação do atual craque da seleção brasileira, Matheus Pereira, símbolo deste elenco.
Mas, no final das contas, além de não estar acostumado com as piores posições, o cruzeirense gosta mesmo é de estar no centro das atenções, de disputar títulos. Na Argentina, gol que colocou o Cruzeiro na final foi marcado por Kaio Jorge, uma das grandes contratações feitas por Alexandre Mattos, diretor de futebol do clube, que reassumiu o cargo após o início da gestão Pedrinho. O simbolismo da coincidência pode ser ampliado se analisarmos o desempenho de Kaio como um reflexo deste começo de administração.
Questionável, um tanto errática, mas já apresentando resultados, a ambição explicitada por Pedrinho ao adquirir o clube caracteriza este retorno. Figura carismática e um tanto folclórica, o novo dono não esperou dois meses para investir milhões de reais, fortalecendo o clube e buscando protagonismo. Mattos trouxe: o goleiro Cássio, o zagueiro Jonathan Jesus, os volantes Fabrício Peralta, Matheus Henrique e Walace, e os atacantes Kaio Jorge e Lautaro Díaz.
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Mas por que errática? Porque, até agora, o ano esportivo da Raposa é instável demais. Lacarmon, Seabra e agora Diniz assumiram o comando técnico do Azul. A demissão de Fernando Seabra foi questionada, e a contratação de outro Fernando, o atual finalista, também. A vitória no país vizinho foi, inclusive, a primeira do novo treinador à frente da equipe.
Apesar disso, existe a possibilidade de Lucas Romero levantar uma taça de importância continental no final da temporada, encerrando o martírio que marca a vida do cruzeirense desde 2019. Com grandes atuações de Matheus Henrique, Cássio sendo o líder esperado e Kaio Jorge desencantando.
Pela frente, o finalista Cruzeiro ainda enfrentará um grande clube. Seja o Racing, seja o Corinthians, o duelo em Assunção não será fácil. Mas essa dificuldade, comum aos grandes, é algo que o torcedor do Cruzeiro espera sentir há pelo menos cinco temporadas.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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