Após a deflagração da Operação Rejeito pela Polícia Federal nesta quarta-feira (17), a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) a protocolar um requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional. O objetivo é investigar casos de corrupção em processos de licenciamento ambiental para atividades de mineração em Minas Gerais e em outras regiões do Brasil.
Segundo a parlamentar, os crimes denunciados pela operação da PF reforçam a necessidade de apuração. “Acabei de protocolar o requerimento de criação da CPI da Mineração para investigar os crimes que envolvem licenciamento ambiental para empreendimentos de mineração em Minas e em todo Brasil, denunciados na operação da PF deflagrada hoje cedo. Denuncio há anos a máfia da mineração, colocando em risco minha vida e de minha família. Estamos diante de um esquema que envolve várias instâncias do setor público. Não deixaremos ninguém passar”, afirmou.
Durante discurso no plenário, Duda Salabert ampliou as acusações. “Porque se investigar direito, muita gente vai ser presa, muito deputado federal dessa casa vai ser preso, muito senador vai ser preso, porque estão todos ligados à máfia da mineração. E eu mostrei que esses mafiosos que roubaram nos últimos seis meses cerca de dez bilhões de reais investem nas campanhas de deputados. Por isso eu vou protocolar hoje e peço para os companheiros assinarem uma CPI para investigar a máfia das mineradoras”, disse.
A deputada relatou ainda ameaças que afirma sofrer em razão das denúncias. “Sou ameaçada de morte constantemente por essa máfia das mineradoras. Pedi ao governador Romeu Zema que a Polícia Militar fizesse minha escolta e o governador não autorizou. Já fui recebida a bala na Serra do Curral por essa máfia. E falo da mineração ilegal, porque a mineração legal também já é uma atividade que sonegou nos últimos cinco anos cerca de R$ 35 bilhões”, declarou.
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Operação Rejeito
A Operação Rejeito prendeu o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Seabra, e cumpriu ao todo 22 mandados de prisão temporária e 79 de busca e apreensão em Minas Gerais. Também foi preso o ex-diretor da Polícia Federal Rodrigo de Melo Teixeira, atualmente cedido para a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), suspeito de ligação com empresas mineradoras.
Segundo a PF, o esquema teria movimentado cerca de R$ 1,5 bilhão e alcançava projetos avaliados em mais de R$ 18 bilhões. Entre as empresas investigadas está a Patrimônio Mineração LTDA, que atua na Serra do Botafogo, em Ouro Preto. De acordo com as investigações, houve pagamento de R$ 500 mil em propina para garantir licenciamento ambiental da mineradora no município. O caso já havia sido alvo de denúncia da comunidade local e de decisão judicial que embargou atividades da empresa após auditoria constatar destruição de cavidade subterrânea não registrada.
Ainda conforme a PF, o esquema envolvia órgãos de fiscalização em diferentes níveis, como a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Servidores chegaram a encaminhar minutas de decisões a empresários antes da publicação oficial, permitindo ajustes de interesse privado. A investigação aponta ainda a participação de um conglomerado com mais de 40 empresas, tendo a holding Minerar S/A como uma das principais.
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Bacharel em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e Portal Mais Minas.
