A estrutura da Creche Municipal Padre Rocha, localizada no bairro Santa Cruz, foi alvo de críticas durante a 49ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Ouro Preto, realizada nesta terça-feira (5). O alerta partiu de professoras da unidade, que ocuparam a Tribuna Livre para relatar condições consideradas insalubres no espaço, usado para atender cerca de 50 crianças de 1 a 3 anos de idade. No passado, a unidade chegou a ser interditada por falta de condições estruturais, mas permanece ativa no mesmo endereço.
A professora Edna De Assis Teixeira descreveu o cenário como “horrível” e fez um apelo direto aos vereadores. “Nós estamos aqui para pedir socorro. Socorro mesmo. A creche vai completar 22 anos agora em setembro, e se a comunidade soubesse o que acontece lá dentro, nenhuma criança estaria naquele local”, disse.
Segundo ela, o imóvel que abriga a creche é uma casa adaptada, sem estrutura adequada para receber uma instituição de educação infantil. “Essa situação se arrasta há mais de duas décadas. Já houve interdição e até tentativas de mudança para outro imóvel, mas nenhuma solução eficaz foi adotada”, completou Edna, ao lado da também professora Regiane De Fátima Teodoro.
O vereador Wemerson Titão (PT), vice-presidente da Comissão de Obras, visitou pessoalmente a creche no dia 10 de julho e usou a tribuna para relatar o que viu. Ele disse ter encontrado um ambiente com problemas estruturais graves e afirmou que as denúncias feitas pelas educadoras não são exageros.
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“É muito triste. Eu estive lá e vi com meus próprios olhos. Um banheiro infantil está sendo usado por todas as funcionárias, inclusive por uma profissional que tem problema na perna e não consegue usar aquele vaso. As crianças dormem em um espaço improvisado, abafado, e o cheiro na hora da troca de fraldas é insuportável. O piso é irregular, a água corre para o lado errado quando tentam limpar”, detalhou o vereador.
Titão também lamentou que a situação tenha chegado a esse ponto apenas após décadas de omissão. “Nós não deveríamos estar aqui cobrando algo tão básico. Isso não é um problema recente. Já se passaram 21 anos. A creche não tem nem um espaço para banho de sol, algo que até mesmo os presos têm. Mas crianças de 1 a 3 anos da rede municipal, não”, afirmou. O vereador concluiu pedindo união da Câmara para exigir providências do Executivo. “Esse problema não vai se resolver sozinho. Já tentaram o diálogo, mas não avançou. Agora, é papel da Câmara se unir e cobrar com firmeza”, declarou.
O vereador Luciano Barbosa (MDB), presidente da Comissão de Obras, também reconheceu a gravidade da situação. “As professoras ainda foram generosas. O quadro é pior. O processo está andando, mas em ritmo muito lento. E esse é o quinto mandato do prefeito Angelo Oswaldo. A população espera mais da gestão, especialmente na área da Educação”, disse. Ele frisou que as reclamações apresentadas não devem ser encaradas como ataques pessoais. “Isso aqui não é “mimimi”. São demandas legítimas da população, e nós temos a obrigação de trazê-las para essa Casa”, afirmou.
Durante a reunião, também foi lembrado que outras creches do município funcionam em imóveis residenciais adaptados. Essa prática, segundo as educadoras, compromete a segurança, o conforto e o pleno desenvolvimento das crianças atendidas.
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Graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e O Mundo dos Inconfidentes.
