O rapper Djonga relembrou os momentos de hostilidade policial que sofreu na época em que morava em Mariana e cursava história na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Ele aproveitou para criticar também o distanciamento que a universidade tem das comunidades em que está inserida. O artista esteve nesta terça-feira (27) na Câmara Municipal de Belo Horizonte para defender o rap e o funk em uma Audiência Pública sobre a Lei Anti-Oruam.
Estiveram em discussão dois projetos de lei que tratam desta temática. O PL 25/2025, de Vile (PL), proíbe a contratação de artistas com músicas que façam apologia ao crime, ao sexo explícito ou às drogas. Já o PL 89/2025, de Flávia Borja (DC), estende a proibição à execução de músicas com esse conteúdo em escolas.
Em sua fala, o MC fez um forte desabafo sobre a violência policial direcionada de maneira sistemática aos movimentos culturais das periferias. Em especial, quando ele menciona a cidade de Mariana e sua época como estudante na UFOP.
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“Lá em Mariana, na praça, a galera tava na praça ouvindo uma música, ouvindo um funk, ouvindo um rap… aí os caras chegavam e faziam isso, né? Quebrava tudo, tiro, porrada, bomba. […] O amigo nosso foi até preso […] por tentar separar a situação”.
Ainda neste contexto, Djonga menciona a falta de proximidade da universidade e universitários para com as comunidades em que as instituições, como a UFOP, estão instaladas.
“Por outro lado, nós, do campo progressista, como a gente foi se distanciando das pessoas. Paramos de ouvir o que as pessoas tem a dizer pra gente. Isso é algo que percebo desde o tempo em que estudei na UFOP”, lembrou.
Para ele, esse problema culmina na desconexão entre o campo progressista e as camadas populares, especialmente os jovens da periferia. Ele aponta que, mesmo dentro de instituições que deveriam promover transformação social — como as universidades públicas —, muitas vezes há uma bolha. Os debates ficam restritos aos seus próprios círculos, e a ponte com os territórios mais marginalizados não se constrói ou se rompe com o tempo.
“Lembro que, enquanto estávamos lá, discutíamos entre nós mesmos: ‘Pô, mano, a gente troca ideia com quem também está na universidade. A gente não vai até as periferias, não vai até as quebradas para trocar ideia com elas. E pra ouvir o que as pessoas de lá têm a dizer. Sem ir com essa visão de que ‘a gente vai ensinar’.
“Mas lá também tem muito para nos ensinar. E esse distanciamento mútuo — tanto da universidade quanto da quebrada — gerou isso ai”, finalizou.
Entre 2015 e 2018, Djonga viveu em Mariana, onde cursou História no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFOP. Nesse período, morou em diversas repúblicas mistas, como a Carpe Diem e a Zona. Em uma entrevusta recente, o artista revelou que UFOP teve papel fundamental em sua trajetória, ajudando a moldar tanto Gustavo quanto o rapper Djonga. Além disso, foi na cidade que ele cofundou a Batalha da Gerais, movimento cultural que segue ativo até hoje e do qual ele se orgulha muito.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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