“Sacerdotisas voduns e rainhas do Rosário”, escrito e organizado pelos historiadores Aldair Rodrigues e Moacir Maia, reúne transcrições de documentos inéditos sobre a vida e as crenças de mulheres africanas perseguidas no Brasil por forças militares e pela Inquisição. O livro, escrito e organizado pelos historiadores Aldair Rodrigues e Moacir Maia, será lançado na edição especial do Festival de História em Ouro Preto, no dia 14 de abril, às 19h – no Anexo do Museu da Inconfidência.
Essas mulheres pertenciam a grupos étnicos que habitavam a região da África ocidental chamada pelos portugueses de Costa da Mina. Escravizadas e trazidas para o Brasil, algumas se tornaram lideranças de comunidades negras na posição de sacerdotisas voduns (vodúnsis), ao mesmo tempo que exerciam cargos de juízas e rainhas da irmandade católica de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos — a principal confraria negra mineira.
Os manuscritos dos processos contra as sacerdotisas foram localizados em Portugal no Arquivo da Torre do Tombo, entre os códices do Tribunal da Inquisição de Lisboa. O primeiro, de 1747, descreve um complexo culto em Paracatu (mg) dedicado ao “Deus da Terra de Courá”. O segundo e o terceiro referem-se a Ângela Gomes, “mestra” de práticas rituais africanas na comarca de Ouro Preto, coroada como rainha do Rosário. O quarto, datado de 1759, oferece detalhes sobre as práticas de Teresa Rodrigues e Manoel mina na comarca de Sabará.
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Sacerdotisas voduns e rainhas do Rosário, publicado pela Chão Editora, inclui também papéis preservados nos arquivos históricos de Minas Gerais. Embora registrados por agentes do Império português, os depoimentos reproduzidos nos processos desvelam a multiplicidade de vozes e das trajetórias de vida das mulheres africanas, evidenciando a ideologia e a violência do racismo religioso.
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