Mariana celebra ancestralidade na Semana da Abolição

Mariana celebra ancestralidade na Semana da Abolição

Entre os dias 12 e 20 de maio, o município de Mariana recebeu uma programação intensa voltada à memória, resistência e valorização da cultura afro-brasileira, em alusão à Semana da Abolição. A iniciativa foi idealizada por Aluísio Augusto, o Mestre Amendoim — referência local na capoeira e nas manifestações afrodescendentes — e promoveu oficinas, rodas de conversa, práticas culturais, vivências culinárias e momentos de espiritualidade.

As atividades começaram com encontros com crianças da Casa Lar Estrela e da comunidade de Antônio Pereira. Os pequenos participaram de conversas sobre a abolição da escravidão no Brasil, musicalidade afro-brasileira e a liderança de mulheres quilombolas. Ao longo da semana, foram realizadas rodas de capoeira, apresentações culturais e o preparo coletivo da tradicional paçoca com pilão, promovendo a troca de saberes entre gerações.

O fim de semana foi marcado por práticas de espiritualidade no espaço Acotirene, onde ervas e benzeduras foram usadas em rituais de cura. No domingo (18), uma feijoada comunitária reuniu moradores, apoiadores e participantes em um momento de partilha e confraternização. A semana foi encerrada com um passeio com as crianças da Casa Lar Estrela, que visitaram exposições promovidas pelo Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) e pela Câmara Municipal de Mariana.

Leia também:

Segundo Mestre Amendoim, o objetivo da programação foi provocar reflexão sobre o significado do 13 de maio e ressaltar a importância da ancestralidade afro-brasileira. “É uma programação muito cheia, e isso pode incentivar positivamente as crianças, todo mundo envolvido, porque é nossa ancestralidade. Se não, acabamos esquecendo. Se a gente não ir passando, cada vez mais ela vai sumindo”, afirmou.

Mestre Amendoim é reconhecido como uma das principais lideranças da cultura afro em Mariana. Atua há mais de 40 anos com capoeira e fundou, em 2003, a Associação de Arte e Cultura Acotirene, que oferece aulas gratuitas e ações voltadas à valorização da cultura popular. Em janeiro de 2025, representou Mariana no Capoeirando, maior encontro de capoeira do país, realizado em Ilhéus (BA), onde teve sua graduação reconhecida e passou a integrar oficialmente o Grupo Cordão de Ouro.

Com o fim da Semana da Abolição, o mestre destacou a necessidade de manter ações ao longo do ano para preservar o sentido histórico de datas como o 13 de maio. “Hoje em dia, as pessoas gostam mais de aparecer vaidosamente para o 20 de novembro, que virou uma data muito midiática. O 13 de maio ficou esquecido. A gente não comemora, mas relembra, e relembrar é resistir”, concluiu.

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias da Região dos Inconfidentes e de Minas Gerais? Então siga o Jornal Geraes nas redes sociais. Estamos no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!

Notícias relacionadas

Leave a Comment