Mariana e Ouro Preto conquistam primeiras Indicações Geográficas

Os distritos de Bento Rodrigues, em Mariana, e Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, receberão oficialmente o registro de suas primeiras Indicações Geográficas (IGs), reconhecendo a qualidade da geleia de pimenta biquinho e dos derivados da jabuticaba produzidos nessas regiões. Essa conquista marca um avanço na valorização dos produtos locais e na diversificação econômica dessas comunidades historicamente ligadas à mineração.

O reconhecimento das IGs foi anunciado durante um encontro realizado nesta quarta-feira (12), em Ouro Preto. O evento proporcionou uma experiência sensorial com degustação dos produtos selecionados e homenagens aos produtores e envolvidos no projeto. A iniciativa integra o Movimento Indicações Geográficas de Minas Gerais (IGMG), criado para fomentar a diversificação econômica no estado, especialmente em municípios mineradores.

No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) já registrou 129 IGs, sendo 24 em Minas Gerais. A certificação atesta que determinados produtos possuem qualidades e características únicas, influenciadas pelo meio geográfico de origem, incluindo fatores naturais e humanos. No caso de Bento Rodrigues, a geleia de pimenta biquinho se destaca pelo cultivo diferenciado da pimenta e pelos métodos artesanais de produção. Já em Cachoeira do Campo, os derivados da jabuticaba, como licores e geleias, carregam tradições seculares.

De acordo com Anselmo Buss Junior, diretor do Instituto de Inovação e Tecnologias Sustentáveis (Inovates), a Indicação Geográfica é uma das ferramentas mais eficazes para impulsionar o desenvolvimento econômico e social das regiões. “O mundo inteiro respeita essa certificação, que destaca os produtores e protege suas regiões contra imitações de qualidade inferior. Assim, evitamos a degradação da reputação local e garantimos que o reconhecimento se converta em prosperidade”, explica Buss Junior.

Mariana e Ouro Preto conquistam primeiras Indicações Geográficas — Anselmo Buss Junior, diretor do Instituto Inovates, apresentou o conceito de Indicações Geográficas para o público de Mariana e Ouro Preto

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Movimento IGMG: Impulsionando a Diversificação Econômica

O Movimento IGMG foi lançado durante o 2º Fórum Regional de Diversificação Econômica de Minas Gerais, em Conselheiro Lafaiete. A iniciativa tem o objetivo de transformar saberes e tradições locais em ativos estratégicos, fortalecendo a identidade cultural, histórica e geográfica do estado. Um estudo técnico identificou 23 produtos em Minas Gerais com potencial para obtenção de IG, reforçando o papel do estado na liderança desse segmento.

O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, celebrou o reconhecimento das IGs como um marco para a economia regional. “A demarcação geográfica é comum em países como a França, principalmente para vinhos. Agora, temos essa oportunidade para nossos produtos, destacando a pimenta biquinho de Bento Rodrigues e a jabuticaba de Cachoeira do Campo. Esses territórios possuem território próprio, refletindo um modo de plantio e produção único que garante qualidade extraordinária”, afirmou.

O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, celebra as IGs como um marco para a economia regional

A Samarco Mineração também se destacou como a primeira empresa a financiar um projeto de Indicações Geográficas. Guilherme Louzada, especialista em Relações Institucionais da empresa, ressaltou a importância do apoio ao desenvolvimento econômico regional. “Sabemos que, um dia, a mineração pode se encerrar nessas localidades. Por isso, investir em alternativas sustentáveis é essencial para garantir o futuro das comunidades”, afirmou.

Produtores e a Economia Local

A produtora Welinária da Costa, que fabrica licores de jabuticaba em Cachoeira do Campo, destacou como a IG fortalece os pequenos produtores. “A jabuticaba é um fruto que perece rapidamente, e transformar a fruta em licores, geleias e bombons permite que aproveitemos melhor sua riqueza. Essa certificação nos dá mais visibilidade e credibilidade no mercado”, explica.

Saulo Filardi, membro da Associação Sumo da Terra, destacou que os produtos regionais têm sido cada vez mais valorizados. “Nosso evento de lançamento contou com um café da tarde recheado de produtos locais, fortalecendo o desenvolvimento sustentável e mantendo vivas as tradições da nossa comunidade”, disse.

O subsecretário de Liberdade Econômica de Minas Gerais, Rodrigo Melo, afirmou que o Governo do Estado tem incentivado a identificação geográfica e os arranjos produtivos locais como forma de gerar mais empregos e renda. “A preservação das tradições é fundamental para que a IG se mantenha relevante ao longo do tempo. Ouro Preto e Mariana são exemplos de como é possível unir desenvolvimento econômico e valorização cultural”, afirmou.

Com a certificação das IGs, os produtores de Bento Rodrigues, e toda Mariana; Cachoeira do Campo, e toda Ouro Preto, esperam ampliar suas oportunidades de negócios, além de fortalecer a identidade local. O reconhecimento não só protege os produtos contra falsificações, mas também impulsiona o turismo e a economia criativa nessas regiões históricas.

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