Nesta sexta-feira (23), o governador do estado de Minas Gerais, Romeu Zema, fez críticas veladas ao governo Lula ao comentar o processo de repactuação de Mariana com as mineradoras. O chefe do executivo do estado atribuiu a troca do governo federal a demora para sair o acordo. A declaração de deu no Fórum dos prefeitos da Bacia do Rio Doce, realizado na Primaz de Minas.
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Romeu Zema esteve com mais de 40 prefeitos e representantes de cidades atingidas pela tragédia/crime de 2015. No centro de convenções de Mariana, desde as primeiras horas da manhã, as autoridades chegaram para discutir o processo de repactuação e o andamento das indenizações aos atingidos.
As falas dos prefeitos, recheadas de críticas à Fundação Renova, também endossavam o coro por um acordo que envolva todos os município do Rio Doce, incluindo Minas Gerais é o Espírito Santo.
O governador então aproveitou o seu tempo para pavimentar o seu terreno de críticas ao governo Lula. Para ele, os novos chefes do executivo travam e dificultam a redação final do acordo. O “fato novo” adicionado pelo novo governo, de acordo Zema, é a inclusão do estado da Bahia como atingido. Ele menciona que no caso de Brumadinho, apenas o estado de Minas Gerais foi diretamente envolvido. No entanto, no caso de Mariana, além de Minas Gerais, o estado do Espírito Santo também foi afetado.
“Eu lembro que no caso da tragédia de Brumadinho, o único envolvido era o estado de Minas. No caso da tragédia de Mariana, temos Minas Gerais e também o Espírito Santo. O meu contato com o governador Casagrande é excelente, estamos totalmente de acordo em relação a conduzir esse novo acordo. Mas também temos o governo federal, e aqui eu quero fazer um apelo aos prefeitos, para que, por meio de seus deputados federais e senadores, se tiverem contato em Brasília ou se puderem ir em conjunto, isso ajuda muito. Porque hoje, para esse acordo ser sacramentado, está dependendo somente do governo federal, Minas e Espírito Santo estão totalmente alinhados. Tivemos uma mudança no governo federal que tem atrasado, tem questionado e falaram também que a Bahia foi afetada. Tem que ter estudo que prove isso, mas há essa questão. Não podemos descartar que a Bahia tenha que receber uma compensação, pois também sofreu com a tragédia de Mariana. Fica para eles provarem então. Tem surgido questionamentos sobre o que estava sendo feito, mas vocês que têm essa movimentação, esse Fórum, na minha opinião, valeria a pena uma mobilização para mostrar aos prefeitos da Bacia do Rio Doce de Minas e do Espírito Santo pedindo agilidade nessa questão”, disse o governador.
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ENTENDA A QUESTÃO DA BAHIA
Representantes da Bahia estão buscando ressarcimento das mineradoras Samarco, Vale e BHP pelo rompimento da barragem de Mariana em 2015. Durante uma reunião do Conselho Interfederativo, levantaram-se reivindicações de compensação, apontando que os rejeitos afetaram não apenas o litoral capixaba, mas também o litoral baiano. Essas demandas podem atrasar o processo de repactuação, que já está em discussão há quase dois anos sob mediação do Conselho Nacional de Justiça. Com a mudança de governo federal, o acordo está sendo revisto e coordenado pelos ministros Rui Costa e Alexandre Silveira.
ZEMA TEME JULGAMENTO NA INGLATERRA
Contudo, a preocupação de Sema com o acordo de Mariana não se limitou ao encontro dessa sexta. Ainda nessa semana ele deu uma declaração preocupado com o andamento do julgamento da mimeografara BHP na Inglaterra. De acordo com o político do Novo, a decisão da corte inglesa pode atrapalhar a repactuação.
“Nesse momento, o acordo só depende da União. Então, eu até faço aqui um apelo para que seja agilizado. Porque uma Justiça que tarda, não é uma Justiça que é justiça. Daqui a pouco se passaram 20 anos, 30 anos, e as pessoas que foram afetadas, que deveriam ser ressarcidas, já se foram”.
Duarte Júnior; o secretário-executivo do Coridoce, afirma que estão trabalhando para que o acordo aconteça e para que o estado e a união (provavelmente se referindo a níveis mais amplos de governo) também sejam beneficiados. Por isso, ele comentou a afirmação do governador:
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“É uma realidade porque os municípios estão representados na Inglaterra, e se o acordo lá for estabelecido, a saída dos municípios aqui enfraquecerá o acordo no Brasil. Estamos trabalhando para que o acordo ocorra e para que o estado e a união também sejam beneficiados. Portanto, há essa preocupação, é claro, antes de tudo, nós apresentamos os municípios e a ação na corte inglesa envolve um valor muito maior do que os valores discutidos aqui na repactuação. Portanto, temos que conversar muito e buscar a melhor solução para os municípios.“, disse Duarte ao Galilé.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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