Pesquisas revelam que mineração eleva custo e pressiona qualidade de vida

Pesquisas revelas que mineração eleva custo e pressiona qualidade de vida

Duas pesquisas recentes trazem dados sobre os impactos da mineração na qualidade de vida de municípios brasileiros, especialmente em Minas Gerais e no Pará. Os levantamentos mostram tanto os efeitos econômicos do setor sobre o cotidiano das famílias quanto o desempenho das cidades na oferta de serviços públicos, infraestrutura e desenvolvimento social.

O primeiro estudo, realizado pelo Ipead/UFMG, analisou o custo de vida em municípios mineradores em comparação a cidades de porte semelhante, mas sem exploração mineral. Foram avaliados preços de bens, serviços, aluguel, cesta básica e despesas pessoais em 997 municípios, com dados de março de 2025. Os resultados apontam que viver em cidades mineradoras é mais caro. Em Parauapebas (PA), o custo de vida foi 10,2% superior ao de Belém. Em Mariana, a diferença foi de 9,4% em relação a João Monlevade, enquanto em Conceição do Mato Dentro os gastos foram 6,3% mais altos do que em Extrema.

O impacto na qualidade de vida ocasionado pela mineração é mais sentido pelas famílias de baixa renda, que perdem entre R$ 1,1 mil e R$ 1,8 mil por ano em poder de compra. A cesta básica também reflete essa elevação: em Mariana, o preço médio chegou a R$ 753,40, enquanto em João Monlevade o valor foi de R$ 737,19. O mercado imobiliário e outras despesas pessoais também sofrem pressão. O aluguel em Mariana é 27,5% mais caro, e roupas em Parauapebas custam quase 30% a mais que em Belém. Trabalhadores diretamente empregados pelas mineradoras sofrem menos impacto devido a salários mais altos, mas terceirizados, migrantes e a população local enfrentam maiores dificuldades.

Os custos públicos acompanham esse cenário. Em Mariana, os gastos sociais somaram R$ 485 milhões em 2021, frente a uma arrecadação de R$ 239 milhões com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Em Parauapebas, as despesas chegaram a R$ 3,5 bilhões, contra R$ 1,5 bilhão arrecadado. Saúde, educação, assistência social e infraestrutura apresentam maior custo per capita, indicando sobrecarga nos serviços públicos.

Pesquisas revelas que mineração eleva custo e pressiona qualidade de vida
Custos como aluguel e alimentação são mais caros nas cidades mineradoras / Foto: Reprodução/Samarco

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Já a segunda pesquisa, intitulada Mineração & Condições de Vida, avaliou a situação de 79 cidades mineradoras no país, considerando critérios como saúde, educação, infraestrutura, meio ambiente, desenvolvimento econômico, proteção social, finanças públicas e gestão municipal. O estudo definiu como mineradores os municípios que tiveram ao menos 5% de sua receita proveniente da CFEM entre 2018 e 2024. Minas Gerais (35 cidades) e Pará (13) concentram a maior parte dos municípios analisados.

Entre os cinco piores resultados em qualidade de vida, quatro municípios estão no Pará, Santa Maria das Barreiras, Ipixuna do Pará, Cumaru do Norte e Oriximiná; e um na Bahia, Andorinha. O estudo indica que, mesmo com arrecadação mineral significativa, essas localidades enfrentam dificuldades persistentes na oferta de serviços públicos e na preservação ambiental.

Na outra ponta, o ranking destacou municípios ligados à mineração com desempenho acima da média nacional em qualidade de vida. Três deles estão em Minas Gerais: Rio Abaixo, Alvorada de Minas e Itatiaiuçu. Também aparecem Treviso (SC) e Itaoca (SP). Esses municípios tiveram bons indicadores em saúde, educação, proteção social e meio ambiente.

Itabirito, único da Região dos Inconfidentes presente no levantamento, também registrou desempenho acima da média nacional. A pesquisa reforça que a atividade mineradora influencia diretamente as condições locais, tanto de forma positiva quanto negativa, e que os recursos da CFEM, embora importantes, não garantem por si só melhorias estruturais sem políticas públicas eficazes e gestão eficiente.

Pesquisas revelas que mineração eleva custo e pressiona qualidade de vida
Itabirito é a única cidade da Região dos Inconfidentes que aparece na pesquisa Mineração & Condições de Vida / Foto: Reprodução – Agência Pública

As duas pesquisas apontam para um mesmo cenário: morar em cidades mineradoras envolve custos de vida mais elevados e pressões adicionais sobre serviços públicos. Ao mesmo tempo, os resultados mostram que a arrecadação mineral pode gerar oportunidades de desenvolvimento, desde que acompanhada de políticas que assegurem investimentos em saúde, educação, infraestrutura e preservação ambiental.

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