Política de água de Mariana e população flutuante são temas de sabatina de Roberto Rodrigues

Política de água de Mariana e população flutuante são temas de sabatina de Roberto Rodrigues

Nesta terça-feira (24), o candidato à Prefeitura de Mariana, Roberto Rodrigues (PL), participou de uma sabatina promovida pela Rádio Real FM em parceria com o Jornal Geraes. Rodrigues se posicionou contra a privatização do sistema de abastecimento de água no município. Ele também discutiu os desafios gerados pela atividade mineradora, destacando os impactos ambientais e estruturais que afetam a cidade.

Outro ponto importante abordado pelo candidato foi a questão da população flutuante em Mariana, especialmente ligada ao setor de mineração. Rodrigues afirmou que os problemas de infraestrutura da cidade, como saneamento básico e mobilidade, decorrem da falta de planejamento urbano adequado.

O FORMATO DA SABATINA DE ROBERTO RODRIGUES, CANDIDATO À PREFEITURA DE MARIANA

A sabatina, que seguiu um formato padronizado para garantir equidade entre os concorrentes, também incluiu questões sobre preservação do patrimônio histórico e a gestão do abastecimento de água, considerada uma das maiores preocupações da população local. Bruno Teixeira (PSTU) já participou da série de entrevistas, e Juliano Duarte (PSB) será o próximo a ser sabatinado nos próximos dias.

VEJA A SABATINA COMPLETA:

A sabatina com Roberto Rodrigues. candidato de Mariana, foi conduzida por Antônio Isidoro e Igor Varejano.

Abaixo, trazemos as transcrições das respostas de Roberto Rodrigues às perguntas padronizadas, que serão disponibilizadas em detalhes em reportagens individuais, publicadas logo após cada sabatina.

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AS RESPOSTAS DE BRUNO TEIXEIRA SOBRE AS QUESTÕES DE MARIANA:

Pergunta do Jornal Geraes/ Rádio Real: MUITOS BAIRROS DE MARIANA PADECEM COM A FALTA DE ÁGUA. COMO RESOLVER ISSO. O SAAE É O CAMINHO?

Resposta Roberto Rodrigues: “Água é um sistema, tá? Você tem que captar, tratar e distribuir, e essas etapas têm que andar em proporções iguais. Não adianta ter uma captação enorme e uma capacidade de tratamento pequena. Todas elas têm que ser compatíveis. Então, o que acontece em Mariana é que você tem muita água, muita água. Não falta água em Mariana, você tem oferta de água para todo lado. O que você não tem é tratamento. O último tratamento foi feito pelo Celso Cota, em 2006, 2005, por aí. O primeiro foi o Cássio Brigolini, lá em 90.

Depois disso, não houve investimento em tratamento de água. Houve investimento em captação e reservatório, mas, se você não faz investimento em tratamento de água, não aumenta a vazão da sua produção de água. O que houve foi exatamente isso. O que a gente vai fazer é colocar isso na mesma proporção. Nós temos essa captação, temos capacidade de captar muito mais água. Então, temos que ter um tratamento para essa água e temos que ter condições de distribuir. Esse desequilíbrio em Mariana causa esses problemas de falta d’água, porque você vê a água vertendo no Picão 24 horas por dia. Por que essa água não é encanada e chega na torneira? Porque tem que tratar, e o que não tem é tratamento. Não houve investimento.

E aí entra a política direcionada do gestor. Você é quem direciona a política da autarquia. Se você não direciona a política que quer, a autarquia não faz, porque o diretor é nomeado pelo prefeito. Então, existe uma dependência muito grande de para onde vai a política de água de Mariana, com a autarquia e com o Executivo. Mas Mariana ficou pior, porque todo mundo mete o bedelho no SAAE, né? Até a imprensa reclama quando você tira alguém do SAAE e coloca outra pessoa. O que ela tem com isso? É uma autarquia, é um cargo público. O que a imprensa tem que se meter nisso? Mas se mete. Então, parece que ali é um cabide de emprego, e é isso que nós vamos mudar.

O objetivo é colocar água na torneira do marianense e não mais ser esse cabide de emprego.

Pergunta adicional de Antônio Isidoro: Roberto, você descarta a privatização ou a concessão do serviço de água no município?
Resposta: Totalmente, isso daí é o que tentaram fazer, sucateando o SAAE. O que fizeram foi: ‘não vamos investir, vamos criar o problema para chegar e vender barato’, ou seja, vamos liquidar um patrimônio público com a falta de investimento. Hoje estamos pagando essa falta d’água pela decisão do gestor de seis, oito anos atrás.”

Pergunta do Jornal Geraes/ Rádio Real:  A HISTÓRIA RECENTE DE MARIANA TEM A MINERAÇÃO COMO PROTAGONISTA. PORÉM, COMO IMAGINAR O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO PARA ALÉM DO MINÉRIO?

Resposta Roberto Rodrigues: “Esse desafio é um desafio que todas as cidades no mundo, que têm o turismo como concorrente da indústria, não conseguiram vencer. Barcelona é o exemplo que a gente conhece, que só se tornou turística depois que a industrialização lá acabou. Então, ela pegou a veia turística dela, pronto, e resolveu virar a economia para o turismo.

No nosso caso, o desafio é exatamente esse, só que precisamos planejar. Eu uso muito o exemplo de Tiradentes: por que Tiradentes é bonitinha, toda conservada, e consegue viver de turismo? Porque tudo que ela precisa de ‘feio’, entre aspas, ou de cotidiano, ela faz em São João del Rei. Ela não tem nenhuma pressão no centro histórico de crescimento urbano ou de serviços do dia a dia, porque tem isso tudo ofertado em São João del Rei. Então, ela usa o centro histórico exatamente para o turismo. Você não tem pressão imobiliária lá, porque não tem mineração sobre ela. Você não tem pressão de tráfego, de caminhão, de carro, porque não tem exatamente a indústria que dá o dinheiro.

Mariana é um município com uma extensão territorial enorme. Ela tem que planejar o crescimento urbano para fora do centro histórico e para fora da área de mineração. Porque, se você quiser crescer para cima da mineração, vai trazer todos os problemas que a indústria de mineração tem. Então, não adianta crescer para Antônio Pereira, que é Ouro Preto; não adianta crescer para o lado do Parque Estadual do Itacolomi, porque é parque protegido; e nem para o lado do Bairro Liberdade, porque já é Ouro Preto. Mariana cresce territorialmente para o lado de Ribeirão do Carmo, de Padre Viegas, e continua. Então, ela tem que crescer a parte urbana para lá. Com isso, ela vai desafogar o centro histórico desses serviços do dia a dia, e aí sim, você vai poder incentivar o turismo novamente no centro histórico. Porque nenhum turista quer pegar trânsito num centro histórico, disputar espaço com carro, ou com você no dia a dia.

Nem você quer ir ao banco pagar alguma coisa e ter que esperar o turista tirar foto no meio da rua. Essas atividades são incompatíveis. Elas não podem se misturar. Nós é que temos que chegar e separar o que é compatível com o turismo, porque o centro é tombado e tem quase 330 anos. É preciso preservar esse uso, e não permitir o uso que não tem necessidade, como passar caminhão pesado ou carro pesado, que afeta o nosso centro histórico. Para a preservação mesmo, como fazemos isso? Deslocando o crescimento urbano para fora desse eixo.

E isso é planejamento. Essa é a nossa proposta também, tá? Com isso, vamos conseguir desenvolver o turismo no distrito, vamos conseguir desenvolver as vocações do distrito e trazer novas empresas para Mariana que prestam serviços para a mineradora no distrito industrial proposto, tá? São cem hectares de distrito industrial. Só assim a gente vai poder ter independência da mineração.

Agora, nenhuma empresa vai para uma cidade com o preço da terra do jeito que é, sem água, sem infraestrutura.”

Pergunta do Jornal Geraes/ Rádio Real: NÃO TEM COMO FALAR DE MARIANA SEM FALAR DA POPULAÇÃO FLUTUANTE. ESTIMA-SE QUE ESTE CONTINGENTE ESTÁ ENTRE 20 E 30 MIL PESSOAS. QUAIS SÃO OS CAMINHOS PARA MITIGAR OS PROBLEMAS CAUSADOS POR ISSO?

Resposta Roberto Rodrigues: “Mais uma vez, o exemplo de falta de gestão, tá? Porque Mariana não tem infraestrutura para oferecer à população flutuante, não tem. Então, na hora que você vai aprovar uma expansão, uma obra, ou sei lá, um projeto de longo prazo de uma mineradora que vai trazer 4 mil pessoas para cá, né? Você tem que exigir uma compensação. Quando eu era prefeito, em 2012, e a Vale queria fazer o ‘Projeto Itabiritos’, eram 2.500 pessoas de fora. Eu perguntei para eles: ‘Vem cá, eu não tenho para dar para vocês, não. Vocês precisam tratar Mariana como trataram Carajás. Vocês precisam fazer casa. Vocês precisam fazer escola. Vocês precisam fazer hospital. Vocês precisam fazer saneamento básico, tratar a água, porque essas 2.500 pessoas que vão entrar na cidade, nós não temos nada disso para oferecer.’

Nós já estamos com nossa infraestrutura de cidade no limite, estamos devendo. E você vai me botar 2.500 pessoas aqui de uma vez, numa pancada, do dia para a noite, porque elas chegam do dia para a noite. Não é um crescimento ordenado, é do dia para a noite. Então, o impacto é imediato. E aí impacta tudo: trânsito, aluguel, saúde, educação, tudo. E, na melhor das hipóteses, se eles trouxessem a família, seria ótimo, mas não trazem. Então, nem o dinheiro que se ganha se gasta aqui, é um dinheiro que se manda para fora.

Isso é algo que nós temos que resolver. Na hora que você aprova uma expansão ou uma obra que vai trazer essa quantidade de pessoas, você tem que impor condições para a cidade não pagar por isso. Conceição do Mato Dentro, por exemplo, só aceita essas expansões com a criação de alojamentos fora da cidade. Itabirito, há 20 anos, sempre fez isso: ‘É obra? É expansão? É obra para mineradora? É temporário? Então vocês têm que fazer alojamento fora da cidade, porque eu não quero dar infraestrutura que eu não tenho. Eu vou ter um impacto e, depois, vocês vão embora e eu fico com o impacto aqui.’

Então, é só um problema de gestão. Você tem que ter gestão na hora de aprovar um investimento desse tipo na cidade.”

O próximo candidato confirmado na sabatina da Rádio Real e Jornal Geraes é o concorrente de Ouro Preto, Duarte Júnior, na próxima sexta-feira (27).

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