Prefeitos rejeitam usar repactuação de Mariana em dívida de MG

Prefeitos de municípios em Minas Gerais, afetados pelo desastre do rompimento da barragem de Fundão e pela contaminação do Rio Doce, manifestaram sua reprovação à ideia de utilizar os créditos da indenização da tragédia de Mariana para quitar a dívida do estado junto à União. Membros do Fórum Permanente de Prefeitos da Bacia do Rio Doce, por meio do Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (CORIDOCE), consideraram a proposta “desrespeitosa” e exigiram que qualquer verba proveniente de negociações com as mineradoras seja destinada à limpeza do Rio Doce, indenização das vítimas e compensação das cidades afetadas.

José Roberto Guimarães, presidente do Coridoce e prefeito de São José do Goiabal, destacou que é inaceitável desviar recursos do desastre para outras finalidades, ressaltando que esses fundos devem ser integralmente aplicados na Bacia do Rio Doce, abrangendo todas as cidades afetadas.

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Foto: AMM

Os prefeitos solicitaram a participação de figuras como o presidente Lula, o governador Romeu Zema e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, nas negociações, e pediram que os municípios atingidos sejam signatários de qualquer acordo de indenização.

No evento realizado em Belo Horizonte, 39 prefeitos participaram da manifestação, representando 36 municípios de Minas Gerais e outros do Espírito Santo. O prefeito de Governador Valadares, André Merlo, expressou insatisfação com o acordo proposto pelas empresas Vale, BHP e Samarco, criticando o adiamento do acordo e a proposta de dividir o pagamento em 15 anos, considerado um absurdo pelos gestores municipais, que almejam um prazo de cinco anos.

André Merlo também destacou os impactos contínuos da tragédia em Governador Valadares, evidenciados pelo aumento das enchentes causadas pela invasão dos rejeitos no rio que abastece o município. Os prefeitos aproveitaram a ocasião para cobrar mais rigor por parte da Justiça brasileira no desbloqueio das negociações de um acordo de reparação.

O presidente do CORIDOCE, José Roberto Gariff Guimarães, convocou o envolvimento direto do poder do Estado e da União no processo. A tragédia de Mariana ocorreu em 2015, resultando em danos significativos à Bacia do Rio Doce, afetando dezenas de municípios e provocando 19 mortes. A Samarco reforçou seu compromisso com a reparação integral dos danos, enquanto a Vale continua comprometida com a repactuação do acordo.

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