Depois de estrear no ano passado no Cine Vila-Rica, em Ouro Preto, o documentário Elos: Traduzindo o Intraduzível da jornalista Cíntia Soares terá sua estreia em Belo Horizonte no Cine Humberto Mauro no Palácio das Artes como parte da mostra Deficiência em Tela, no dia 08 de setembro às 20 horas.
A mostra irá ocorrer dos dias 05 a 12 de setembro. O objetivo dessa segunda edição é contemplar narrativas cinematográficas que não apenas reflitam criticamente a complexidade da experiência da deficiência mas também promovam a construção de novos imaginários sobre o tema e apontem para futuras produções dentro da Cultura Def. Ao todo serão 21 filmes, dos quais seis oferecem recursos de acessibilidade.
Para Sara Paoliello, produtora das ações de acessibilidade do Cine Humberto Mauro, “nos últimos anos observamos uma crescente produção artística, política e acadêmica sobre e por pessoas com deficiência. Essa produção tem que ser refletida em obras cinematográficas que colocam as próprias pessoas com deficiência no centro de suas narrativas permitindo que compartilhem suas histórias e perspectivas”.
Esta é a primeira vez que o filme Elos será exibido fora de Ouro Preto. Após a exibição acontecerá uma bate para com a diretora e roteirista Cíntia Soares
Cíntia na estreia de Elos em Ouro Preto
Foto: Ane Souz
A produção é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Cíntia no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), que destaca o impacto do filme na região de Ouro Preto e Mariana, cidades históricas que para muitos não é acessível para uma pessoa com deficiência, porém no filme ela mostra que é possível ter acessibilidade nestas cidades.
“Muito mais do que acessibilidade arquitetônica, a gente tem que pensar na acessibilidade atitudinal, que é o que acontece aqui dentro de Ouro Preto e Mariana, onde a gente pode ter o acolhimento das pessoas, colocar as pessoa com deficiência em evidência, jornais divulgando pautas relacionadas à inclusão, ao protagonismo das pessoas com deficiência, o poder público também disposto a ser um parceiro, tá ali falando sobre a pauta de forma não estereotipada, mas inclusiva também. Então a partir do filme eu mostrei que é possível conviver na cidade histórica e priorizar também o acesso, a permanência das pessoas com deficiência”, relatou Cíntia.
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“Eu tô vendo um futuro construído agora e com acessibilidade cada vez maior”
Cintia vê que ao levar o filme para BH, o debate que começou em OP estará indo para a capital. “Ouro Preto, por incrível que pareça, foi a primeira cidade que olhou pro medo e falou ‘tá? Vamos ignorar [o medo] e vamos perguntar para ela [Cíntia], como é que é fazer a inclusão?’. E com isso a gente tá vendo os eventos de Ouro Preto cada vez mais acessíveis e a cidade cada vez mais pensada para as pessoas com deficiência, tanto que a gente tem um museu pensado arquitetonicamente para atender as necessidades das pessoas com deficiência e promovendo a inclusão também. Ouro Preto começou a levar essa discussão que hoje vai tomar espaços, quem sabe até mundiais daqui a pouco, né? Porque ela é uma cidade reconhecida mundialmente e que vai ficar reconhecida e marcada pelo seu protagonismo na luta anti-capacitista”.
Além da exibição em BH, o filme será exibido no Cine Vila-Rica, como parte da Mostra Transbordantes de Cinema e Audiovisual da WebCINETV, do departamento de Jornalismo Ufop. O projeto marca o Setembro Verde, mês dedicado às pessoas com deficiência. A exibição em Ouro Preto será nos dias 13 e 14 de setembro.
A exposição tem como objetivo trazer uma curadoria de produções audiovisuais realizadas por pessoas com deficiência (PCD), promovendo a diversidade de temas e pluralidade de produtos.
O filme também está disponível em formato de série no YouTube do Audiovisual Ufop. Confira o primeiro episódio:
Sobre a mostra Deficiência em Tela
Entre os destaques dessa edição estão os filmes com recursos de acessibilidade promovidos pelo Cine Humberto Mauro como O Garoto de Charles Chaplin e Festim Diabólico de Alfred Hitchcock. A intenção é que essas produções além de serem exibidas na amostra, permaneçam disponíveis online na plataforma Cine Humberto Mauro Mais permitindo que sejam acessadas de diversos lugares e reproduzidas múltiplas vezes, o objetivo é construir um acervo de filmes acessíveis. Além disso, destacam-se os filmes realizados por pessoas com deficiência, incluindo a sessão dupla de Elos de Cíntia Soares no dia 8 de setembro às 20 horas com comentários da diretora e com intérprete de libras no debate.
Além da amostra presencial, os filmes Laene de Estela Lapponi e Zagêro de Victor di Marco estarão disponíveis na plataforma Cine Humberto Mauro. E durante o período da amostra, vai garantir que essas obras sejam acessíveis a um público ainda mais amplo. O Cine Humberto Mauro também conta com outras 65 produções com acessibilidade já disponíveis na plataforma, acessíveis em qualquer momento. Toda a programação do Cine Humberto Mauro é gratuita.
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Graduando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atua como estagiário no Jornal Geraes e na Rádio Real FM.