Minas Gerais é o estado com mais casos de trabalho escravo no Brasil

Minas Gerais é o estado com mais casos de trabalho escravo no Brasil

O Estado de Minas Gerais é o com mais casos de trabalho escravo no Brasil. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 13 de maio, dia que marca a abolição da escravatura no Brasil, em Brasília, durante uma audiência pública para debater o trabalho escravo em Minas Gerais. O evento foi convocado pelo deputado federal Padre João (PT) e Leleco Pimentel (PT). Além de autoridades de diversos setores, a assembleia reuniu pessoas que foram resgatadas de situações análogas à escravidão. 

Participaram, representando o Ministério do Trabalho e Emprego, Marcelo Gonçalves Campos, Delegado da Polícia Federal, Paulo Teixeira de Souza Oliveira, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Maria Teresa de Melo, Procuradora do Trabalho, Melina de Souza Fiorini e Schulze, Defensoria Pública da União, Izabela Vieira Luz, representante da Conectas Direitos Humanos, Fernanda Drummond, representante da Delegacia Sindical em Minas Gerais do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, Ivone Corgosinho Baumecker, Jorge Ferreira dos Santos Filho, Coordenador-Geral da Articulação dos Empregados Rurais de Minas Gerais – Adere/MG. Cerca de 50 pessoas, incluindo resgatados e representantes de Conceição do Rio Verde, Varginha, Cambuquira, Carmo de Minas e São Francisco de Paula, participaram da audiência em Brasília/DF. 

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A situação do trabalho escravo em Minas Gerais

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Audiência Pública sobre o trabalho escravo em Minas Gerais.

O delegado da Polícia Federal, Paulo Teixeira de Souza Oliveira, informou que entre 2023 e maio de 2025, a corporação abriu 1.038 investigações de trabalho escravo, sendo Minas Gerais o estado com mais casos, especialmente no Sul. Apesar disso, o número de condenações ainda é baixo, o que exige maior celeridade na responsabilização de empregadores e empresas envolvidas.

Izabela Vieira Luz, da Defensoria Pública da União, relacionou os resgates ao racismo estrutural e à migração forçada de trabalhadores negros e pobres do Norte e Nordeste. “Hoje, a escravidão contemporânea é reflexo da mesma lógica histórica”, afirmou. Fernanda Drummond, da Conectas Direitos Humanos, destacou que em 2024, 226 trabalhadores foram resgatados apenas nas lavouras de café — 10% do total nacional. “Nosso cafezinho diário ainda é colhido com sangue.”

Trabalhadores resgatados também participaram da audiência. Leiuda Lopes, de Ituiutaba, emocionou os presentes ao contar a história de sua avó, Antônia Martins Ribeiro, que viveu sob perseguição dos capitães do mato. Ela denunciou práticas ilegais de repasse de impostos e criticou o uso da mídia para encobrir a exploração. “Aprendi a plantar na agricultura familiar, não no negócio da escravidão”, disse.

Deputados criticam Zema

O deputado estadual Leleco Pimentel criticou a omissão do governo Romeu Zema na aplicação da Lei 24.535/2023, que pune o trabalho escravo. Ele defendeu que terras utilizadas com mão de obra escravizada sejam destinadas à reforma agrária. Leleco também repudiou a atuação do deputado federal Emidinho Madeira, cujo pai, Emídio Madeira, figura na “lista suja” por dois casos de trabalho escravo envolvendo 74 trabalhadores em propriedades de café. “Não podemos aceitar que um condenado por escravidão contemporânea esteja no Congresso propagando mentiras e incentivando a violência no campo”, disse.

O deputado federal Padre João, que presidiu a audiência por vídeo, afirmou que a luta contra o trabalho escravo é uma luta por dignidade e contra o lucro às custas da vida humana. Ele denunciou o uso de agrotóxicos que colocam em risco os trabalhadores e se comprometeu a levar o tema ao Parlamento Europeu: “É hora de dizer basta e expor quem compra café contaminado por trabalho escravo”.

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