Aluminas luta contra o tempo para não perder sede em Ouro Preto

Aluminas luta contra o tempo para não perder sede em Ouro Preto

A “Tribuna Livre” da reunião ordinária da Câmara Municipal de Ouro Preto, realizada nesta quinta-feira (30), recebeu representantes e associados da Associação Atlética Aluminas que reivindicam a manutenção da sede, localizada na área conhecida como “Terras da Novelis”. O grupo pediu apoio dos vereadores diante da decisão judicial que negou a desapropriação do terreno onde o clube está instalado, reconhecendo a propriedade da Novelis e determinando a reintegração de posse em até 15 dias.

A decisão da Justiça atinge diretamente a associação, que ocupa parte do terreno há décadas e teme ser obrigada a deixar o espaço, onde realiza atividades esportivas, sociais e comunitárias. As terras da Novelis vêm sendo alvo de disputas desde que a empresa encerrou a produção de alumínio primário em Ouro Preto, em 2014.

Durante a reunião desta quinta, representantes da Associação Atlética Aluminas relataram preocupação com o futuro do clube e pediram o apoio da Casa Legislativa. O presidente da associação, José César de Sousa, destacou que a entidade busca mais tempo para cumprir a decisão. “A documentação que estamos juntando é para pedir uma dilatação de prazo, não para desrespeitar a ordem judicial”, explicou. Ele lembrou o compromisso assumido com os associados e reforçou: “Enquanto existir um fio de esperança, eu não quero ser o presidente que vai entregar as chaves como oficial de justiça”.]

O vereador Renato Zoroastro (PSB) defendeu que a Câmara e o Executivo busquem caminhos legais para preservar o espaço. “A Associação Atlética Aluminas cumpre há décadas uma função social e educacional reconhecida, beneficiando trabalhadores e famílias. Quando um espaço assim deixa de ser apenas propriedade e passa a ser patrimônio social, nenhum direito deve ser considerado absoluto”, afirmou.

Também associado, o vereador Carlinhos Mendes (Avante) relatou estar em diálogo com o prefeito Angelo Osvaldo (PV) e com a empresa Novelis para tentar um acordo. “Acredito que a empresa não vai deixar um legado negativo. Há uma proposta sendo readequada pela Procuradoria do Município, e esperamos que dela saia um entendimento que garanta o clube aos associados”, disse.

O vereador Wemerson Titão (PT) propôs a criação de uma força-tarefa jurídica para atuar junto ao Executivo e à associação. “Estamos falando de 84 anos de história. Não podemos simplesmente aceitar uma decisão que encerra os sonhos de tantas pessoas. É hora de unir esforços, independentemente de posição política”, afirmou.

Kuruzu (PT) fez um discurso mais enfático e disse não acreditar que a solução venha apenas pela via judicial. “A Novelis tem a propriedade formal, mas essa história começa com terras que eram públicas. Foram 119 hectares que saíram das mãos do povo. Só a mobilização popular pode mudar esse quadro”, declarou. Ele defendeu que a união da sociedade e do poder público é fundamental para resistir à perda do espaço.

Encerrando as falas, o vereador Matheus Pacheco (PV) apresentou dados do processo e alertou sobre a complexidade do caso. Segundo ele, a decisão assinada pela juíza em 22 de outubro determinou a desocupação em 15 dias, reconhecendo o trânsito em julgado da ação. “A juíza afirma que se esgotaram as vias recursais e que o cumprimento da sentença não pode rediscutir o mérito. Precisamos agora ver como reverter isso e dialogar com a Novelis para ampliar o prazo”, afirmou.

Pacheco destacou ainda que as terras da Novelis somam mais de 600 mil metros quadrados e envolvem outros imóveis de interesse municipal. “Não se trata apenas do clube. A empresa quer negociar áreas que antes eram da prefeitura. Não podemos permitir que o município tenha de comprar o que já foi seu. Precisamos de uma solução que garanta o interesse público”, concluiu.

Durante a reunião, os vereadores manifestaram apoio à continuidade das atividades da Associação Atlética Aluminas e à busca de um acordo que permita a permanência dos associados no espaço. Um novo encontro entre representantes do clube, do Executivo e da Novelis deve ocorrer nos próximos dias.

Aluminas luta contra o tempo para não perder sede em Ouro Preto
Integrantes da Associação Atlética Aluminas estiveram no plenário da Câmara Municipal de Ouro Preto para pedir apoio na luta pela manutenção da sede do clube nas “Terras da Novelis”.

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As “Terras da Novelis”

As Terras da Novelis em Ouro Preto abrangem um conjunto de cerca de 119 hectares que eram, em grande parte, de propriedade da prefeitura antes de passarem para a empresa. A empresa encerrou a produção de alumínio em 2014 e anunciou, na ocasião, a concentração de suas operações brasileiras em laminação e reciclagem.

O imóvel passou a ser objeto de ações de regularização fundiária e de debates entre o poder público e a companhia sobre o destino da área. Parte dos terrenos chegou a ser incluída em um decreto municipal de desapropriação, assinado em 2024, que previa o uso para habitação popular.

Esse histórico tornou o caso um dos temas mais sensíveis da política urbana de Ouro Preto, envolvendo não apenas a Associação Atlética Aluminas, mas também interesses sociais e econômicos. O impasse afeta moradores, associações e o planejamento do município, que reivindica parte das terras para projetos públicos.

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