Artista de Ouro Preto relembra tragédia de Mariana em performance poética

Artista ouropretano relembra tragédia de Mariana em performance poética

O ator e artista de Ouro Preto Marcelino Xibil publicou, nesta sexta-feira (31), um vídeo nas redes sociais que conecta poesia, memória e denúncia. Em referência ao aniversário de Carlos Drummond de Andrade, Marcelino interpreta o poema “O Maior Trem do Mundo”, enquanto cobre o próprio corpo com lama — uma alusão direta à tragédia do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, ocorrido em 2015.

Se definindo como “contador de causos” e “mineiro proseador”, Xibil também é diretor e autor do livro O Abraço. Em sua publicação, ele destaca a permanência e a força da poesia de Drummond, ressaltando como seus versos atravessam gerações e continuam a dialogar com a realidade mineira.

No texto que acompanha o vídeo, Marcelino escreve:
“Poeta dos versos que atravessam o tempo, que falam de nós, do mundo, da vida… Versos que não devem — e não podem — ser esquecidos. Viva Drummond”.

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A performance, no entanto, vai além da homenagem literária. Ao recobrir a pele com lama, o artista evoca um dos episódios mais marcantes da história recente de Minas Gerais, transformando o corpo em território de memória. Sobre as imagens, surge a mensagem:

Que pela poesia nosso grito ecoe por essas montanhas…
Um mar de lama sangrou os corações de Bento Rodrigues
Ele invadiu nossa casa
Levou nossos corpos
Mas não levará nossa memória
Não destruirá nossa luta
Não calará as nossas vozes

Em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, da mineradora Samarco — controlada na época pela Vale e pela BHP Billiton — se rompeu, liberando cerca de 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério. A onda de lama destruiu os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, provocou 19 mortes e deixou milhares de pessoas desalojadas. O material tóxico percorreu aproximadamente 600 quilômetros até o mar do Espírito Santo, causando um dos maiores desastres socioambientais da história do país.

Quase uma década depois, comunidades atingidas seguem em processos de reparação, enquanto lutam para preservar suas memórias e seus territórios.

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