BHP descarta acordo e prevê indenizações apenas a partir de 2028 em ação do Caso Samarco na Inglaterra

BHP descarta acordo e afirma que se perder ação na Inglaterra, pagamentos ocorrerão só em 2030

Protagonista no processo que tramita na justiça da Inglaterra no Caso Samarco em Mariana, a BHP descartou qualquer possibilidade de acordo com a corte e os atingidos. Além disso, afirmou em nota que, caso saia derrotada do processo na Europa, não existe a previsão de pagamento das indenizações antes de 2028/2030.

O julgamento, movido pelo escritório Pogust Goodhead, de Londres, teve início no dia 21 de outubro e busca responsabilizar as mineradoras Vale, BHP pelo ocorrido com a Barragem de Fundão da Samarco, empresa controlada por elas. O processo angariou mais de 700 mil atingidos, entre pessoas físicas, comunidades e cidades e pede R$ 230 bilhões de indenização.

Contudo, o escritório que conduz o procedimento observava uma possibilidade de acordo com a empresa, que foi descartada em uma nota oficial enviada pela BHP. O documento foi enviado para o portal Poder 360.

Em nota enviada ao portal Poder360, a BHP afirmou:
“A BHP não está envolvida em nenhuma negociação de acordo em relação ao caso do Reino Unido. Seguiremos com nossa defesa e negamos os pedidos em sua totalidade. A ação é desnecessária, pois duplica questões já tratadas em processos judiciais no Brasil, pelos programas da Fundação Renova desde 2016 e pelo acordo recém-assinado no país. Caso nossa defesa seja bem-sucedida, o caso será encerrado. Se a ação avançar, qualquer pagamento de indenização só deverá ocorrer entre 2028 e 2030.”

O posicionamento da BHP contraria a expectativa do Pogust Goodhead, que considerava uma possível negociação. Em resposta, também enviada para Poder 360, o escritório criticou a postura da mineradora, declarando:
“Impressiona que a BHP, sem qualquer provocação, declare publicamente sua indisposição para um acordo. Essa estratégia prolonga o processo, aproveita-se da vulnerabilidade das vítimas do maior desastre ambiental do Brasil e tenta empurrá-las para acordos restritivos e injustos. Seguimos confiantes na obtenção de justiça e reparação pelos danos causados.”

Mariana e outras cidades aguardam com esperanças uma decisão da justiça inglesa

O rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em 2015, é considerado o maior desastre ambiental do Brasil, com impactos humanos, sociais e ambientais irreparáveis. Em 25 de outubro, foi assinado entre o poder público brasileiro e as mineradoras um acordo de R$ 130 bilhões, que prevê a indenização e processos de reconstrução da capacidade produtiva das cidades em 20 anos.

Contudo, as cidades diretamente atingidas não participaram da mesa de negociação. Por conta disso, os municípios possuem até o começo de março para assinarem ou não os termos da repactuação.

Diante disso, tanto Mariana quanto Ouro Preto questionam os termos do que foi acordado e aguardam com esperanças o resultado do julgamento na Inglaterra, que deve ser anunciado até fevereiro de 2025.

O prefeito eleito de Mariana, Juliano Duarte, revelou em uma entrevista que a cidade espera receber R$ 14 bilhões após a definição da sentença na justiça inglesa.

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