Moradores dos bairros Saramenha, Bauxita, Vila Operária e Vila dos Engenheiros, em Ouro Preto, relataram emissão de fumaça pela empresa ACTECH (Alumina Chemical Technology), localizada na região de Saramenha. Os registros mais recentes ocorreram nas madrugadas dos dias 4 e 3 de maio.
Vídeos e imagens enviados à Rádio Real mostram a emissão de gases a partir das chaminés da empresa, com relatos de que a fumaça teria atingido também a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Segundo os moradores, esse tipo de ocorrência tem sido recorrente, principalmente durante a noite.
A ACTECH opera na planta industrial que anteriormente pertenceu às empresas Alcan e Novelis. O local possui um longo histórico ligado à produção de alumínio em Ouro Preto, sendo a primeira fábrica desse tipo instalada no Hemisfério Sul. A história da unidade começou em 1934, com a fundação da Eletroquímica Brasileira S.A. (Elquisa), e a inauguração da fábrica ocorreu em 1940. Atualmente, a empresa emprega cerca de 500 pessoas.
Apesar da importância econômica e histórica da fábrica, a produção de alumínio é sabidamente uma atividade de impacto ambiental relevante, com emissão de poluentes atmosféricos. A legislação ambiental exige, por isso, a instalação de sistemas de controle e o monitoramento constante dos efluentes gerados no processo produtivo.
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Em abril de 2024, a ACTECH divulgou um relatório técnico referente ao automonitoramento das emissões atmosféricas nos fornos A e B da planta industrial. O documento — elaborado pela própria empresa — apresentou os resultados de medições realizadas em março do mesmo ano, conduzidas pela empresa EA Engenharia Ambiental, com metodologia da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Segundo o relatório, os principais poluentes analisados foram material particulado (MP), óxidos de nitrogênio (NOx), dióxido de enxofre (SO₂), monóxido de carbono (CO), entre outros. Em geral, os valores registrados ficaram dentro dos limites estabelecidos pela legislação ambiental vigente, conforme a Deliberação Normativa COPAM nº 277/2018. No entanto, o relatório também apontou a necessidade de manutenção e melhorias em alguns pontos do sistema de exaustão.
A operação da ACTECH atualmente é regulamentada por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), já que a empresa não possui licença ambiental definitiva para atuar em Ouro Preto. Esse contexto tem motivado preocupação de parte da comunidade e autoridades locais.
A situação chamou a atenção dos moradores e autoridades do município. O vereador Wanderley Kuruzu (PT) se manifestou nas redes sociais sobre os recentes episódios de emissão de fumaça: “Madrugada deste domingo. Toda noite é assim. Apenas perguntando: dentro das normas técnicas?. Queremos emprego, sim, mas com respeito à saúde do povo! Com respeito à vida!”, escreveu o parlamentar.
A equipe do Jornal Geraes entrou em contato com a ACTECH por meio do e-mail e WhatsApp institucionais disponibilizados pela empresa. Em resposta, a ACTECH informou que enviaria um texto com seu parecer sobre o caso, em que demonstraria que as emissões registradas não são gases poluentes. No entanto, até a publicação desta matéria, o jornal ainda não recebeu o conteúdo prometido. Caso a empresa se manifeste posteriormente, a matéria poderá ser atualizada com seu posicionamento.
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Bacharel em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e Portal Mais Minas.
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