Neste sábado (23), familiares e amigos de Íris Magno, desaparecida há mais de um mês, realizaram um protesto na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, para exigir respostas e medidas concretas para o caso. Os manifestantes também aproveitaram o momento para defender a implementação da Lei Íris Magno, proposta que busca aprimorar a resposta a desaparecimentos na cidade.
O ato contou com a presença dos irmãos de Íris, Silvestre e Tobias da Silva, que expressaram a angústia da família e cobraram providências das autoridades. “Nessa caminhada, estamos procurando por Íris. É minha irmã, nossa amiga, uma menina de Ouro Preto. A cidade toda está sentida com isso. Não vamos deixar que mais uma pessoa desapareça sem respostas. Queremos que as autoridades descubram onde está Íris. Justiça! Justiça!”, declarou Silvestre.
O irmão Tobias também manifestou sua revolta com a falta de respostas: “A gente está aqui nesse manifesto para buscar justiça. Onde é que está a justiça de Ouro Preto? Ninguém fala nada para a família, estamos todos angustiados. São 35 dias de desespero. Se fosse um filho de alguém influente, já teriam resolvido o caso? Queremos satisfação, isso é um absurdo, e não só para a minha família, mas para toda a cidade.”
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A manifestação também teve a participação da vereadora Lilian França (PP), que apresentou a Lei Íris Magno. A proposta visa a criação de um Sistema Municipal de Alerta para a divulgação imediata de desaparecimentos, utilizando redes sociais, rádios comunitárias e cartazes. A lei também propõe a formação de uma equipe especializada dentro da Guarda Municipal para atuar na busca e investigação de desaparecimentos em colaboração com outras forças de segurança.
Durante seu discurso, Lilian destacou a urgência da implementação do projeto: “Essa lei nasceu do sofrimento da família e da comunidade. O nome da lei foi sugerido justamente para que ção esse caso como algo isolado. Muitas mulheres estão na mesma situação de Íris. Sabemos que há um sofrimento específico por ser mulher e, quando se trata de uma mulher negra e periférica, a situação é ainda mais grave”, explicou a vereadora.
Um dos principais pontos da lei é a obrigatoriedade de uma resposta imediata das autoridades assim que um desaparecimento é reportado. “No nosso projeto, assim que a família procura a Polícia Militar, que é responsável pela segurança pública a nível estadual, todas as tarefas policiais devem ser suspensas para que o corpo técnico seja mobilizado para as buscas”, ressaltou Lilian.
Outro aspecto importante do projeto é o suporte integral às famílias das vítimas, incluindo assistência psicológica, jurídica e social. “Até hoje, a família de Íris não recebeu atendimento de uma assistente social ou psicólogo. Isso é inaceitável. Queremos que a assistência seja prestada imediatamente após a notificação do desaparecimento”, afirmou a vereadora.
A Lei Íris Magno também propõe parcerias com organizações não-governamentais e instituições federais e estaduais para reforçar as buscas. Além disso, há um ponto inovador que trata da proteção financeira das famílias afetadas. “Se a pessoa desaparecida era contribuinte do INSS, a família fica sem aquela renda, e isso é um direito. A ideia é levar essa questão a nível nacional, para garantir que as famílias não fiquem desamparadas enquanto esperam respostas”, explicou Lilian.
Após o protesto na Praça Tiradentes, os manifestantes seguiram para a Câmara Municipal, onde o projeto de lei foi apresentado oficialmente. A vereadora enfatizou a importância da participação popular na construção da proposta. “Apresentamos o texto inicial para que todos possam contribuir com melhorias. Esperamos que o projeto seja aprovado rapidamente e sancionado pelo prefeito”, afirmou.
O desaparecimento de Íris Magno gerou comoção na cidade e evidenciou a necessidade de políticas públicas mais eficazes para lidar com casos semelhantes. A expectativa agora é que a Lei Íris Magno seja aprovada e sirva de modelo para outras cidades e estados. “Hoje é a Íris, mas amanhã pode ser qualquer um de nós”, alertou Lilian França, reforçando a importância da mobilização social para evitar novos casos de desaparecimento em Ouro Preto.

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Bacharel em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e Portal Mais Minas.