Medalha da Inconfidência celebra legado de Tiradentes em Ouro Preto

A tradicional solenidade do Dia da Inconfidência Mineira foi realizada nesta segunda-feira (21), em Ouro Preto, com a entrega da Medalha da Inconfidência. O evento, promovido pelo Governo de Minas Gerais, reconhece pessoas e instituições que contribuíram para o desenvolvimento do Estado e do País. A programação contou com dois momentos: a honra militar na Praça Tiradentes e a entrega das medalhas no Centro de Artes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Ouro Preto, antiga Vila Rica, foi o centro da administração portuguesa durante o ciclo do ouro e, em 21 de abril, se torna simbolicamente a capital mineira. A escolha da cidade para a cerimônia reforça seu papel histórico na luta pela liberdade e na formação da identidade brasileira.

O ato cívico de abertura da solenidade começou às 9h, na Praça Tiradentes, com a presença do presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Leite (MDB), que também preside o Conselho Permanente da Medalha da Inconfidência. Em seguida, às 10h, a entrega das medalhas ocorreu no Centro de Artes e Convenções da UFOP.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), foi o orador oficial da cerimônia e recebeu o Grande Colar, a mais alta condecoração da Medalha da Inconfidência. Durante seu discurso, Motta destacou a importância histórica dos inconfidentes: “Aqui em Ouro Preto, quando o Brasil ainda era apenas uma ideia, um grupo de insurgentes mineiros ousou sonhar com um país livre e pagou caro por isso.”

Ele ressaltou o simbolismo da luta pela liberdade e a trajetória do país: “Nossa democracia é jovem, ainda imperfeita, mas viva. Essa democracia é fruto da resistência, da coragem e do trabalho árduo de tantos brasileiros”, afirmou.

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Em respeito à morte do Papa Francisco, ocorrida na madrugada do mesmo dia, foi realizado um minuto de silêncio, e o Hino Nacional não foi executado durante a cerimônia.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também discursou, lamentando a perda do líder religioso. “O Papa foi mais que um líder religioso; foi um símbolo de esperança, simplicidade e justiça social”, disse Zema, emocionado. Ele lembrou ainda um encontro pessoal com o Papa em 2021 e destacou a vocação dos mineiros pela liberdade.

Zema reforçou que a liberdade é um valor que deve ser defendido diariamente: “Liberdade é o direito de manifestar opinião, de ir e vir, de trabalhar e prosperar. Em Minas, continuamos lutando bravamente por ela.”

Entre os homenageados deste ano, receberam a Medalha de Honra as deputadas Carol Caram (Avante) e Amanda Teixeira Dias (PL), e o deputado Lincoln Drumond (PL), todos empossados neste ano como parlamentares efetivos.

O presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto, Vantuir Antônio da Silva (Avante), também foi agraciado com a Medalha de Honra. Em entrevista, Vantuir comemorou: “É um momento importante na minha vida política, ter esse reconhecimento tão significativo no Dia de Tiradentes. Agradeço a todos que confiaram no nosso trabalho.”

O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), ressaltou a importância simbólica do feriado para a cidade. “Procurei lembrar o legado do Tiradentes, que nos inspira tanto. Ele está presente em nossas ladeiras, em nossa história e em nosso cotidiano”, afirmou. Angelo também fez referência ao falecimento do Papa Francisco, às obras locais e à defesa da democracia.

O prefeito enfatizou a necessidade de respeito às instituições e criticou atos antidemocráticos, como as invasões às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 2023. “A liberdade não quer dizer impunidade. A liberdade significa respeito às leis e ao patrimônio público e cultural”, destacou.

Angelo também relembrou a trajetória histórica de Tiradentes e a longa luta pela república no Brasil, consolidada somente cem anos após a Inconfidência Mineira. “Continuamos perseguindo o ideal de fortalecer a democracia e aprimorar a república”, disse.

Encerrando a solenidade, Romeu Zema destacou a importância do exemplo de Tiradentes e da história mineira para a política brasileira contemporânea: “A nossa história já provou que, mais do que falar, nós mineiros lutamos pela liberdade, como prática indispensável para uma sociedade mais justa”.

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João B. N. Gonçalves

Bacharel em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com passagens por Jornal O Espeto, Território Notícias e Portal Mais Minas.