A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) iniciou as obras de restauração das cúpulas do Observatório Astronômico da Escola de Minas. Em setembro deste ano, a cúpula metálica principal do Observatório foi pintada e a pintura da cúpula menor será iniciada após a finalização das etapas de carpintaria, com a troca do assoalho, tornearia e elétrica.
Após liberação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) há, aproximadamente, um ano, as obras de revitalização foram iniciadas com a calibragem do telescópio e a tornearia das roldanas da cúpula principal. A previsão de reabertura do Observatório é para 2025.
O Observatório Astronômico compõe o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, sendo considerado um polo científico de Ouro Preto e do Brasil. Está localizado na Praça Tiradentes e possui em seu acervo equipamentos científicos raros, como o telescópio refrator Mailhat, criado na França no final do século 19, e o refrator alemão Gustav Heyde.
Construído no fim do século 19 como apoio para ministrar a disciplina de Astronomia e Geodésia, o Observatório encontra-se fechado desde 2020, devido à pandemia de Covid-19 e à necessidade de obras de atualização do sistema de prevenção e combate a incêndio na Escola de Minas. A pintura das cúpulas metálicas encontrava-se em avançado estado de deterioração.
Hermano Endlich Schneider Velten, professor doutor do Departamento de Física da UFOP, é um dos responsáveis pela condução das obras de revitalização. Segundo ele, em 2022, o Governo Federal disponibilizou, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), dois editais de apoio a museus e ambientes de astronomia, sendo um voltado para o Museu de Ciência e Técnica e o outro exclusivamente para obras no Observatório.
“O espaço ficou muito tempo sem manutenção. Então, estamos fazendo toda a reestruturação física e recuperação das cúpulas metálicas. Desde a pintura, alvenaria, madeiras até a usinagem das peças, cabos e roldanas. O sistema do observatório é um sistema mecânico enorme. Ele tem que estar funcionando muito bem. O desenvolvimento perfeito dele exige muito investimento. Também recuperamos o telescópio principal, um refrator de 200 milímetros, que veio da Alemanha no início do século passado e é um dos únicos no Brasil”, explicou o Professor Dr. Hermano Velten.
Yara Ferreira, conservadora e restauradora da empresa Terracota, responsável pela pintura das cúpulas, esclareceu que, por se tratar de um bem imóvel tombado, todo o processo é feito com acompanhamento do IPHAN. Para a pintura do Observatório, foram identificadas as patologias existentes no ambiente, o uso do espaço e os materiais utilizados para a sua construção.
Além disso, Yara esclareceu que “havia o desejo de resgatar as cores originais das paredes do observatório, para isso fizemos a abertura de janelas de prospecção para encontrar as cores originais que estavam cobertas por camadas de tintas colocadas sobre o suporte da parede em épocas diferentes. Após uma análise criteriosa, chegamos à conclusão que as cores das paredes eram azuis com o barrado na cor cinza, assim pudemos resgatar as cores originais da cúpula que melhor se adequa ao uso e funcionalidade do espaço”.
O Professor Dr. Hermano Velten esclareceu que o retorno das atividades do Observatório está prevista para o ano de 2025. No entanto, ainda não há data marcada para a reinauguração e reabertura à visitação. “Até o final do ano o Observatório deve estar apto a receber visitantes. Assim que os órgãos competentes derem as licenças para funcionamento, vamos reabrir”, afirmou. Para ele, a reabertura do Observatório Astronômico dará aos estudantes a oportunidade de ter acesso às novas tecnologias e, ao mesmo tempo, à experiência do século passado.
Por Bárbara Guido e Giovanna Felix
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