Na última terça-feira (09) a Casa de Cultura Negra de Ouro Preto realizou a roda de conversa “Povo de Terreiro”, com a presença do Ogã Jefferson do Ilê Axé Logunedé, de Cachoeira do Campo, e de Itamar Bambaia, o Tatà Gitalambô do Abassá Diá Gitalambô, de Santo Antônio do Leite.
Além dos líderes religiosos, estiveram também no evento o Comandante Marota, da Guarda Municipal, e o corregedor do município, Adriano Sales, junto da Fiscalização de Postura.
A roda de conversa serviu para estreitar os laços dos meios de fiscalização e de proteção do município, para que a intolerância religiosa possa ser compreendida e combatida na cidade de Ouro Preto.
Representantes de ambas as casas estiveram no local, o que permitiu uma conversa eficaz e eficiente.
“A presença da Guarda Municipal, junto da fiscalização de postura, serviu para que estreitasse este laço no sentido de proteção às religiões de matriz africana que mais sofrem com a intolerância religiosa no Brasil”, comenta Kedison Guimarães, Diretor de Igualdade Racial da instituição e mediador da conversa.
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Itamar Bambaia, o Tatà Gitalambô, em sua fala destacou como o Candomblé nutre suas experiências artísticas, “Tudo que eu faço está envolto nessa dinâmica ancestral, afrocentrada e indigenocentrada”.
Da esquerda para a direita: Ogã Jefferson, Kedison Guimarães e Itamar Bambaia durante roda de conversa. Foto: Sabrina Pereira.
“Estivemos na Casa da Cultura Negra representando nossas casas de Candomblé em Ouro Preto e a trajetória nossa enquanto lideranças religiosas de matrizes africanas e o percurso difícil contra a intolerância travestida de racismo religioso. Esteve conosco alguns membros das instituições de segurança para nos ouvirmos e nos assistirmos enquanto vulneráveis. Haja vista as reclamações a nós dirigidas, que nos coloca na condição de ‘perturbadores’”, comenta Ogã Jefferson.
Vale destacar o importante trabalho que vem sendo realizado na Casa de Cultura Negra, que recentemente teve seu trabalho reconhecido pela 36ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco, na categoria Entidades da Administração Pública, entregue pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília.
A Casa de Cultura oferece aulas de inglês, dança, teatro, capoeira, canto e música, além de ser um espaço para lançamentos de livros, exposições e oficinas, todos voltados para a promoção da igualdade racial.
Inaugurada em 2020, ela está localizada no terreno ao lado da Igreja Santa Efigênia, importante local onde surgiu um dos primeiros núcleos que originou a cidade de Ouro Preto, cujos famosos prédios foram construídos com sangue e suor dos escravizados. A instituição tem como objetivo preservar a cultura afrodescendente e além de reafirmar a sua importância na formação do país.
O espaço é mantido pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto por meio da Secretaria de Cultura e Turismo.
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Graduando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atua como estagiário no Jornal Geraes e na Rádio Real FM.
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