A analogia que é o lema da Família Acolhedora de Mariana descreve a situação de vulnerabilidade das crianças como uma tempestade que, embora trágica, deve passar para que a vida possa continuar. Em busca de proporcionar dignidade a seres humanos que nem completaram o ciclo de formação e já tiveram que lidar com traumas variados, o programa busca encontrar lares na Primaz de Minas que ofereçam acolhimento, amor e respeito.
Em resumo, o Serviço da Família Acolhedora (SFA) busca dar um lar para crianças que precisam ser retiradas de suas famílias. O caminho tradicional é o “Acolhimento institucional”, que é a destinação do menor para um abrigo. Contudo, o SFA oferece um lar temporário para que essa vida siga seu desenvolvimento com menos prejuízos emocionais e cognitivos.
O serviço faz parte das medidas de proteção previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e das modalidades de acolhimento da Política de Assistência Social, destinada a menores retirados de suas famílias por conta de situação de risco ou em caso de violação de direitos. No Brasil, mais de 30 mil crianças estão acolhidas e em Mariana o projeto já existe desde 2018.
“É preciso amor para acolher, e é preciso também amor para ver a criança partir”
Família Santos Cruz- família acolhedora de Mariana.
As famílias interessadas acolhem uma criança ou adolescente por vez ou um grupo de irmãos. O foco do projeto é criar um ambiente de convivência e rotina semelhante ao de qualquer família, mitigando o processo traumático de afastamento. O estabelecimento de vínculos afetivos mais estáveis também é um benefício apontado como primordial no SFA. Em suma, é estimular a construção de vínculos e proporcionar o desenvolvimento global da criança.
SFA MARIANA BUSCA FAMÍLIAS ACOLHEDORAS
O jornal Geraes conversou com Olímpia Oliveira Macedo, representante do projeto na cidade. Para ela, o serviço proporciona para as crianças um ambiente de carinho, cuidado e convivência comunitária, essencial para o desenvolvimento saudável, especialmente na primeira infância.
“Já foi provado que, especialmente para crianças na primeira infância, até seis anos, o acolhimento familiar resulta em um desenvolvimento emocional mais saudável. É um serviço temporário, com início, meio e fim, mas os benefícios são permanentes“, disse Olímpia ao Geraes.
Ela destacou também que em Mariana, não existe um grande conhecimento da população quanto ao serviço. Macedo afirma inclusive, que uma das travas que impedem a inscrição de famílias é o medo do apego. Entretanto, é exatamente o carinho que desempenha esse papel transformador:
“Muitas pessoas têm medo de se apegar à criança, mas é essencial dar amor e cuidar, pensando no futuro melhor que essa criança terá porque você fez a diferença na vida dela”, ressaltou Olímpia.
O diálogo é visto como cerne do SFA. A criança ou adolescente é informada sobre cada processo, participando ativamente de todas as etapas. Portanto, a despedida da Família Acolhedora não é vista como um novo trauma e sim algo gradual e cuidadoso.
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QUEM PODE SE INSCREVER NO FAMÍLIA ACOLHEDORA DE MARIANA?
Qualquer pessoa maior de 21 anos pode se inscrever, seja sozinha ou em relação estável. A família passará por um processo de seleção, incluindo preenchimento de uma ficha e verificação de requisitos, como a ausência de processos judiciais e dependência química. Após isso, a família participa de 10 encontros preparatórios para garantir que esteja apta a acolher a criança.
A Família Acolhedora de Mariana está localizada na Travessa Wenceslau Braz, número 62, no Barro Preto e está pronta para receber interessados em entregar dignidade e carinho para os jovens em meio a tempestade. É como diz a frase, atribuída a Moacyr Franco: “Quando a noite estiver mais escura, é por que está perto de amanhecer”.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
