Ouro Preto, a primeira cidade brasileira a receber o título de Patrimônio Mundial da Unesco, receberá entre os dias 10 a 15 de novembro, o “Simpósio Científico ICOMOS 2024”, que debaterá os 60 anos da Carta de Veneza, importante documento no campo da preservação do patrimônio. O evento, que é um dos mais importantes do mundo sobre o tema, acontecerá no Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP. O debate conta com o apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR).
O simpósio é organizado pelo ICOMOS (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios), um órgão não governamental, associado à UNESCO, que têm como missão valorizar o patrimônio e elaborar governanças sobre a proteção de monumentos e sítios. O ICOMOS também atua como organismo consultor do Comitê do Patrimônio Mundial para a implementação da Convenção do Patrimônio Mundial da UNESCO.
A Carta de Veneza: o documento que será debatido em Ouro Preto
O documento que conduzirá o evento em Ouro Preto é a Carta de Veneza, considerada um documento básico da conservação do patrimônio no mundo. Segundo o site oficial, “A Carta de Veneza é um documento fundador do ICOMOS, influenciado pelos conceitos de patrimônio da época”. Ele concatena anos de pesquisa e debates entre agentes de conservação de vários países, estabelecendo diretrizes para os países definirem suas governanças.
O texto entende que a importância do patrimônio não é limitada a um local ou região, sendo responsabilidade de todos preservá-lo. Ou seja, representa a cultura do passado e precisa ser valorizado e mantido.
O evento deste ano, contudo, ocará em uma revisão crítica da Carta de Veneza, considerando o estado atual do discurso sobre patrimônio e uma abordagem que integra convenções mais recentes às necessidades práticas atuais.
Com cinco subtemas principais, o evento propõe reavaliar a Carta de Veneza, abordando seu contexto histórico e eurocêntrico, promovendo uma leitura crítica que reconheça a evolução das práticas de patrimônio desde 1964. Busca-se um diálogo entre a Carta e outras convenções internacionais, como a Convenção da Haia (1954), a Convenção do Patrimônio Mundial (1972), o Documento de Nara sobre Autenticidade (1994), e as convenções de Patrimônio Imaterial (2003) e Faro (2005), valorizando a diversidade cultural e epistemologias do Sul Global.
Leia também:
A escolha de Ouro Preto como sede
Segundo o site oficial do ICOMOS, a escolha de Ouro Preto para sediar o Simpósio tem importância estratégica devido ao seu caráter histórico e por ser a primeira cidade brasileira a ser tombada pela UNESCO. Além disso, a proximidade com Mariana, cidade atingida por um grande desastre ambiental, que gerou o fim de distritos históricos, gera perspectivas interessantes para essa leitura da Carta de Veneza e demais documentos, trazendo uma costura com o contexto atual.
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias da Região dos Inconfidentes e de Minas Gerais? Então siga o Jornal Geraes nas redes sociais. Estamos no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!
Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.