Na manhã desta quinta-feira (19), Pastor Mazinho (PL), candidato à Prefeitura de Ouro Preto, foi o primeiro a participar da sabatina organizada em conjunto pela Real FM e o Jornal Geraes. Durante mais de uma hora, Mazinho apresentou suas propostas e discutiu temas relevantes para a cidade Patrimônio Mundial da UNESCO.
A sabatina seguiu um formato padronizado, com perguntas feitas a todos os candidatos, visando garantir um espaço justo e democrático. Os questionamentos abordaram aspectos essenciais de Ouro Preto, como preservação do patrimônio histórico e o abastecimento de água, um dos temas mais críticos para a cidade.
Após as perguntas padronizadas, os jornalistas tiveram a liberdade de fazer perguntas adicionais, com um minuto para formulá-las, enquanto o candidato teve dois minutos para responder. No entanto, o formato é flexível, permitindo que o candidato explore suas respostas sem pressa, mas respeitando o limite total de 63 minutos.
Abaixo, trazemos as transcrições das respostas de Pastor Mazinho às perguntas padronizadas, que serão disponibilizadas em detalhes em reportagens individuais, publicadas logo após cada sabatina.
VEJA A ENTREVISTA COMPLETA:
AS RESPOSTAS DE PASTOR MAZINHO SOBRE AS QUESTÕES DE OURO PRETO:
A candidatura de Pastor Mazinho para o cargo de prefeito em Ouro Preto nasceu da dissidência dos partidos que apoiavam o ex-prefeito José Leandro, no momento da união com Duarte Júnior (Republicanos). Após desentendimentos internos, que foram abordados na entrevista de hoje e em uma reportagem do Geraes, o grupo do missionário da Assembleia de Deus montou uma aliança própria para disputar as eleições.
Na sabatina, ele trouxe à tona as questões que envolvem a sua candidatura, os processos de indeferimento do PL e outros temas como: tamanho do fundo partidário e muito mais.
Abaixo, as respostas das perguntas feitas para todos os candidatos de Ouro Preto.
Pergunta da Rádio Real/ Jornal Geraes: PORQUE VOCÊ QUER SER PREFEITO DE OURO PRETO?
Resposta Pastor Mazinho: Eu sempre, como pastor… Eu tenho entendimento, melhor dizendo, como pastor, alguém diz assim que o cristão não deve se envolver na política. É um erro muito grande, porque eu pago imposto igual a todo mundo. Alguém diz: “Ah, pastor não pode entrar na política.” Eu tenho direito de exercer a minha cidadania. Eu pago imposto igual a todo mundo, né? Eu trabalho igual a todo mundo, eu compro no supermercado, eu faço girar a economia igual a todo mundo. Então, a razão de nós termos entrado na disputa política… O que eu disse no início, para aqueles que não nos ouviram, o meu desejo inicial era contribuir nos bastidores, como eu sempre fiz, orientando a comunidade.
Orientando sobre propostas, sobre ideias, propostas de governo que não viram os princípios basilares da nossa sociedade, que são Deus, Pátria, Família e Liberdade. Nós sempre trabalhamos nos bastidores e o meu desejo era ter continuado assim. Porém, com o imbróglio, com a dificuldade, com os acontecimentos políticos, nós saímos “em causa”. Então, sempre tive, sempre tenho, mesmo nesses 32 anos pastorais, e aprendi a amar o lugar onde eu estou. Se permitam, existe um versículo da Bíblia que diz assim: “Orai pela paz do lugar para onde vocês foram levados, porque o lugar tendo paz, vocês também terão paz.” Então, embora eu não seja nativo de Ouro Preto, eu sou um cidadão do mundo, porque vim de Ipatinga, mas nasci lá na roça, em Açucena. Não sei se já ouviu falar de Açucena.
Nasci em Açucena, na roça, cresci em Acesita, Ipatinga, Rio de Janeiro e fui para o mundo afora, fui para a Europa. Então, sou um cidadão do mundo. Me identifico bem com Ouro Preto, porque Ouro Preto é uma cidade mundialmente conhecida. Então, por essa característica missionária, eu até esqueço que não sou de Ouro Preto. Eu me sinto tão dessa terra, me sinto tão deste lugar, absorvi tanto a cultura, a vida de Ouro Preto, que se tivesse um dialeto em Ouro Preto, eu estaria falando ouro-pretano. A razão de nós termos me lançado como prefeito é essa: eu sei que, como cidadão, como pastor, eu ofereci algo para Ouro Preto na área social. Criamos aquele projeto SOS Vida. Você vê muitas faixas espalhadas na cidade, uma atenção ao povo com depressão, tentativa de suicídio. Atendemos muita gente. Então, eu percebi que, como pastor e cidadão, eu fiz alguma coisa. Como prefeito, eu posso fazer muito mais.
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Pergunta da Rádio Real/Geraes: COMO RESOLVER O PROBLEMA DA ÁGUA EM OURO PRETO?
Resposta do Pastor Mazinho: Olha, é um belo problema. Como se diz lá na Itália, “é uma gata pra pelar”, é uma gata difícil de resolver, um problema difícil de resolver. Não pensem os senhores que é fácil. Se fosse tão fácil, já teria sido resolvido. Não deveriam ter trazido para cá essa problemática. Eu não vou acusar A ou B, nem dizer de responsabilidades, não vou fazer acusações, mas acredito que o problema, ou melhor, a situação da água, poderia ter sido resolvida de uma outra forma, ao menos de uma forma gradual, sem esse impacto que houve na população.
Então, hoje já estamos com o problema chamado Saneouro. A Saneouro levou pessoas ao governo. A Saneouro tirou pessoas do governo. Imaginem os senhores o tamanho do problema. Vamos focar, sim, no nosso governo. Eu não vou prometer tirar a concessão. Se for o caso, talvez encampação. Mas o que devemos fazer, sem dúvida alguma, é termos tarifas justas, água de qualidade e tratamento de esgoto. Não é possível que, em uma cidade do porte de Ouro Preto, ainda tenhamos esses problemas de décadas que já deveriam ter sido resolvidos.
Então, a minha promessa em relação à questão da água… Não é simplesmente uma promessa, mas um dever que teremos: serviço de qualidade, tarifas justas, e o que está no contrato da Saneouro. Ela será obrigada a cumprir, disso tenho certeza. O que está no contrato, nós vamos lutar para que seja cumprido, porque é a população que sofre.
Pergunta da Rádio Real/ Geraes: OURO PRETO É UMA CIDADE SINGULAR. ALÉM DA SUA GEOGRAFIA MUITO ESPECÍFICA, AINDA POSSUI UM VASTO ACERVO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO. É UMA CIDADE MUSEU À CÉU ABERTO. CONTUDO, TAMBÉM TEM AS NECESSIDADES DE UMA CIDADE COMUM: COMO EXPANSÃO E OBRAS DE INFRAESTRUTURA. COMO CONCILIAR O POTENCIAL TURÍSTICO COM UM PROJETO DE MELHORIAS DO DIA A DIA DO OURO PRETANO?
Resposta do Pastor Mazinho: Ouro Preto, por ser uma cidade mundialmente conhecida, nós temos muito a melhorar. Temos muito a melhorar. Coisas simples, nada de ideias mirabolantes. O turista chegando de Mariana não sabe onde começa e onde termina a cidade. Se a gente tiver com um olhar bem atento, você vai ver à sua esquerda uma plaquinha de madeira. E foi um particular que colocou. É uma plaquinha até bonitinha, aquela plaquinha, deveria ir para o acervo histórico do município. Por que não termos um portal bonito de recepção do turista? Haja vista que Ouro Preto é uma cidade mundialmente conhecida, ao menos bilíngue, né? Ao menos ali um “bem-vindo” em duas ou três línguas, um portal bonito que identifique que você está chegando na cidade patrimônio mundial da Unesco. Mariana tem, né? Nós não temos.
Coisas simples, minha gente. Sem dizer que, ao chegar em Ouro Preto vindo de Mariana, ainda se decepciona um pouco. Poderíamos ter uma estrada muito bem cuidada, para que o turista se sinta impactado: “Uau, essa é Ouro Preto.” É muito simples. Olha, Igor, eu digo sempre: Ouro Preto em 313 anos de história, né, de fundação. Se nós pegarmos… Eu, como estive fora do Brasil 19 anos e em 25 países, eu pego, por exemplo, Roma.
4.000 anos de história! Você pega a realidade de Roma e as outras grandes cidades antiquíssimas do mundo afora, que nos dão exemplo de que é possível conservar o patrimônio, conservar a história, preservar a história e, mesmo assim, acompanhar o desenvolvimento do mundo. É possível fazer isso, gente, não é nada de outro planeta. Um exemplo muito claro: eu estava dizendo outro dia que comi coxinha ali no centro, estava com muita pressa, não tinha tempo de almoçar, peguei uma coxinha rápido e, após comer, estava com papel nas mãos. Eu rodei um bom tempo com o papel na mão porque não encontrei uma simples lixeira para jogar o lixo.
Será que o turista, acostumado na Europa, na América, no Canadá, na Austrália, isso? Lá é regra. O turista sente essa falta. Se ele precisa se comunicar dentro de Ouro Preto, nós não temos as nossas placas bilíngues. Um dos nossos projetos, por exemplo, dá suporte aos nossos guias turísticos com aulas gratuitas de inglês. Eles precisam disso; dá identidade à nossa cidade. Então, coisas muito simples. Quando a gente fala de turismo, por exemplo, nós vamos enfrentar o problema do trânsito.
Por que não criarmos, Isidoro, a entrada da cidade, um estacionamento onde o turista chega, os ônibus chegam, estacionam, e ali valorizamos o nosso povo? Já têm as jardineiras prontas para pegar o turista, trazê-los ao centro e, depois, no final do dia, levá-los de volta para lá, para o estacionamento. São coisas muito simples que nós podemos resolver, repetindo, conservando a história da nossa cidade e, mesmo assim, dando o crescimento necessário. Muito grande! Nós podemos, por exemplo… Vou pegar Roma, vou pegar Milão, por exemplo. Você conserva o centro histórico e tem a expansão moderna projetada para as laterais da cidade, para os distritos.
Pergunta da Rádio Real/ Geraes: NESTE ANO VEMOS A VEGETAÇÃO DA CIDADE QUEIMAR POR CONTA DO TEMPO SECO E AÇÕES CRIMINOSAS. TAMBÉM VIMOS O RIO GRANDE DO SUL SOFRER COM AS CHUVAS. OURO PRETO TAMBÉM VIVE MOMENTOS DE CLIMA EXTREMO. COMO PREPARAR A CIDADE PARA AS TRAGÉDIAS CLIMÁTICAS?
Resposta de Mazinho: Pois bem, em Ouro Preto nós temos um problema quase divino, não é? A falta de chuva. São consequências óbvias, e eu ainda não aprendi a fazer a dança da chuva (risos), só para descontrair. Mas, falando sério, temos essa realidade. O que é natural, aparentemente, não temos como resolver. Agora, o criminoso, o incêndio doloso, isso precisa ser punido com o rigor da lei, sem trégua. Como gestores e cidadãos, precisamos agir. Eu transformo sua pergunta em outra: nossa brigada de incêndio, temos? Em todos os lugares? Temos meios aéreos para ajudar? Será que não temos condições de firmar parcerias com empresas como Vale, Samarco e tantas outras para disponibilizarem helicópteros? Em países desenvolvidos, durante incêndios, os helicópteros pegam grandes bolsões de água e despejam nas áreas afetadas. Podemos pegar essas experiências de fora e aplicá-las aqui, porque elas funcionam.
O que não podemos permitir é que nossa biodiversidade, nossas florestas, nossas matas, sejam destruídas pela nossa inércia. Precisamos resolver o problema. Vamos potencializar nossa brigada, trazer voluntários e organizar uma equipe pronta para isso. E quando não houver incêndios? Eles podem ser direcionados para outras emergências. Sempre há algo acontecendo na cidade. Surgiu um incêndio? Temos pessoal e voluntários prontos, com meios aéreos e o que for necessário. O que não podemos fazer é deixar tudo queimar sem agir. Só uma observação, Igor: cadê o pessoal da ‘Amazônia em Chamas’? Cadê os artistas que cantavam “Ei Amazônia”, cadê eles? Sumiram todos.”
Amanhã acontece também a primeira da série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Mariana. Bruno Teixeira (PSTU) virá até os estúdios da Rádio Real para trazer as suas propostas e responder as perguntas.
Em Ouro Preto, o próximo entrevistado é Du Evangelista (PSOL), na segunda-feira (23).
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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